Entre cadernos, livros obrigatórios e a busca por uma mochila que resista ao ano letivo, a publicitária Nathalia Ruiz, de 34 anos, dedica, todos os anos, uma semana para uma missão importante: planejar e fazer as compras do material escolar do filho Vicente, de 9 anos.
Apesar dos gastos já estarem no orçamento anual, Nathalia se deparou com os preços da lista de material escolar mais altos este ano. “Assim que a escola disponibiliza a lista, nós já começamos as pesquisas. Encomendamos itens em lojas diferentes, reutilizamos alguns do ano passado, conversamos com os grupos de mães para descobrir promoções”.
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares, de 2022 para 2023 houve alta de 15% a 30% nos preços da maior parte dos itens da lista — que são predominantemente de papelaria, como lápis, canetas e cadernos, além dos livros complementares.
Ao mesmo tempo em que algumas pessoas já têm as finanças calculadas, para outras, as compras de volta às aulas chegam junto com a gestão das contas de começo de ano, o que gera dúvidas sobre a melhor forma de se organizar. Afinal, qual é a média de gastos com a lista de material escolar? É possível planejar as despesas sem se enrolar? Leia mais abaixo.
Quanto custa em média uma lista de material escolar?
Em 2023, a média de preço de uma lista de material escolar ficou entre R$123,55 e R$345,74, segundo um levantamento realizado pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisa da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon-SP.
É importante lembrar que os itens pedidos pela escola e as quantidades de cada um são diferentes entre idades escolares e instituições, o que afeta o valor total da lista de compras.
Diferença nos preços
No estudo, foram comparados os preços de 80 itens de papelaria e as diferenças de preços entre lojas que vendem o mesmo produto pode variar até 260%. Um exemplo encontrado foi de uma caneta esferográfica que custava R$2,90 em um estabelecimento, enquanto o mesmo modelo era vendido a R$0,80 em outro.
A pesquisa também constatou um acréscimo de 13,95%, em média, no preço desses itens em comparação com os valores levantados em 2021 e 2020.
Como se preparar para os gastos com material escolar?
Assim como as despesas com impostos anuais e contas fixas, a lista de material escolar precisa entrar no orçamento da casa. Segundo o site Reclame Aqui, 63% dos pais com filhos em idade escolar pretendem gastar até R$300 com a lista de compras.
Por ser um gasto que já deve ser previsto pelas famílias com filhos em idade escolar, a planejadora financeira e Mestre em Educação Financeira Rosi Ferruzzi orienta que os pais se preparem melhor ao longo do ano.
“Ir separando valores mensais durante os meses anteriores para formar uma reserva financeira específica para a despesa garante uma tranquilidade maior. Se não for uma possibilidade, aí os pais devem gastar com bastante cautela”
Rosi Ferruzzi, planejadora financeira.
Lembre-se: tudo depende do que cabe na sua realidade financeira. Além disso, outros fatores que também influenciam no valor que vai ser gasto, como a quantidade de filhos, o ano escolar e até a escola em que estudam.
Quando começar esse planejamento financeiro?
Segundo Rosi, não existe um momento certo para começar esse planejamento, já que ele depende da situação financeira e formação familiar de cada um. Mas a recomendação é a mesma em todos os casos: quanto antes, melhor.
Nesse sentido, algumas estratégias antes de ir às compras do material escolar podem ajudar os pais a não ficarem no vermelho, como:
- Estabelecer um teto de gastos antes de ir às compras, principalmente para os pais com mais de um filho;
- Ter acesso à lista de materiais escolares o mais cedo que puder;
- Pesquisar os preços com antecedência, em diferentes lojas e fornecedores;
- Reutilizar materiais de anos anteriores, que ainda estão em boas condições;
- Combinar compras em maiores quantidade em conjunto com outros pais, para reduzir o custo entre todos.
O que a escola não pode cobrar dos materiais escolares?
Segundo a Lei 12.886/2013, a escola não pode ser incluir na lista materiais de uso coletivo, higiene e limpeza — como copos e talheres descartáveis, papel higiênico, rolo de tinta para impressora, entre outros —, ou taxas para suprir despesas com água, luz, telefone, impressão e fotocópia.
Direitos do consumidor
As escolas também não podem exigir que os pais comprem o material na própria instituição, por exemplo, e nem determinar as marcas e locais de compra – a exceção são materiais didáticos utilizados, como apostilas do sistema de ensino específico.
Um outro caso inadequado é a exigência de uma taxa de material escolar sem a apresentação da lista. O Procon-SP considera a prática abusiva, já que a instituição é obrigada a informar quais itens devem ser comprados e cabe aos pais optarem por comprar os produtos solicitados ou pagar pelo pacote oferecido.
Em situações como essas, o consumidor deve exigir os seus direitos e o órgão pode ser acionado para ajudar a solucionar o problema.
Antes de ir às compras, o que deve ser prioridade para educação?
O Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e Doutor em Educação pela USP Daniel Cara explica que os materiais de uso imprescindíveis, como itens de papelaria devem ser priorizados na hora das compras.
“Os pais devem optar por boas marcas, que duram o ano todo. É recomendável explicar para as crianças e adolescentes que materiais sem licenciamento custam mais barato e educação financeira também significa compreender que o consumo precisa ser objetivo, pautado em preço e qualidade”
Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP e Doutor em Educação.
Em relação aos materiais que mais pesam no bolso, como os livros didáticos, o professor e especialista em educação ainda sugere: estabelecer uma rede de troca de livros entre famílias e comprar em sebos são ótimas alternativas para diminuir os custos.
“Outra lição importante: ensinar crianças e adolescentes a preservar os livros. Ou seja, a lista de material escolar pode ser uma aula sobre consumo consciente e educação financeira”.
Não consegui me planejar com antecedência e agora, como economizar?
Para quem deixou as compras para última hora e não tem uma reserva prevista para esses gastos, ou acabou gastando mais do que o esperado nas compras, a planejadora orienta que a família equilibre as contas da casa e faça uma força-tarefa, com a ajuda dos filhos, para economizar em outras despesas.
Nesse caso, entram na lista os gastos com uniformes escolares novos, que podem ficar para outro momento, e o dinheiro que seria usado para o lanche na escola, por exemplo, pode ser substituído por opções caseiras.
“É importante unir a família para ajudar na solução, fazer os ajustes necessários nas despesas que não são básicas até que as contas estejam adequadas novamente. Não podemos esquecer que cada família tem um custo de vida diferente, um padrão de vida e, por isso, não existe uma receita pronta. Esse balanço é algo muito pessoal, mas que deve ser olhado com bastante cuidado”.
Qual a melhor forma de pagar pelas compras?
Para quem se organizou com antecedência para as despesas, a planejadora financeira afirma que o pagamento à vista é a melhor opção, principalmente em lugares que oferecem descontos no Pix, por exemplo. Mas, se não for possível, Rosi Ferruzzi aconselha:
- Priorizar os itens de uso imediato e que podem ser pagos à vista;
- Parcelar apenas o que for necessário e dar preferência às formas de pagamento que oferecem a menor taxa de juros, incluindo o valor do parcelamento no orçamento mensal.
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