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Dólar, euro, libra: 12 e...

Dólar, euro, libra: 12 estratégias para comprar moedas estrangeiras para sua viagem

Comprar dólar com antecedência vale a pena? Comprar tudo de uma vez faz sentido? A aquisição da moeda estrangeira é parte fundamental do planejamento de qualquer viagem e existem estratégias que podem funcionar mais do que outras.



Ilustração com fundo preto mostra várias imagens de Nova York, como a estátua da liberdade, o touro de wall street, o empire state building e uma colagem de cor acinzentada.

Conhecer novas culturas, experimentar novas comidas, arriscar um novo idioma. Não importa o objetivo da sua viagem internacional, ela precisa ser paga com uma moeda diferente do real.

Nos últimos cinco anos, a profissional de relações públicas Angelita Gonçalves, de 36 anos, passou por oito países. E parte fundamental do planejamento dessas viagens foi a compra da moeda estrangeira, principalmente porque muitos dos destinos escolhidos por ela fogem da rota do dólar, euro e da libra, as moedas mais negociadas no Brasil, segundo dados do Banco Central.

Angelita conta que não tem exatamente uma estratégia definida na hora de comprar as moedas, mas que seus últimos destinos (Quênia, Jordânia, Emirados Árabes e Japão) exigiram um cuidado diferente. 

“Voltar com dólar ou euro tudo bem, porque você vai usar em algum momento, mas uma moeda do Japão ou da Jordânia, eu não vou voltar para lá tão cedo para usar esse dinheiro. E, para mim, não compensa trocar pelo real. Então, calculo as despesas que já foram pagas da viagem e quais os custos previstos, e levo uma quantidade de dinheiro local muito aproximada e uso o cartão de crédito se faltar”, conta.  

Pensar em estratégias, de acordo com o destino da viagem, não só evita gastos em excesso como perrengues sem necessidade. Mas como comprar moedas estrangeiras? Tem um jeito certo? 

Abaixo, conheça algumas estratégias que podem ser usadas antes de arrumar as malas, as vantagens e desvantagens de cada uma, e os cuidados para não ficar sem dinheiro. 

1. Quanto antes começar a comprar uma moeda estrangeira, melhor 

A máxima mais conhecida quando o assunto é comprar dólar, euro, libra ou qualquer outra moeda estrangeira é mais do que verdadeira: quanto antes começar a comprar, melhor. Pedro Mota, gestor de Portfólios da Nu Asset, a gestora de fundos de investimentos do Nubank, explica que essa estratégia não tem relação apenas com preço.

“É pior comprar em cima da hora porque você não vai ter margem e vai ter que comprar no preço que está disponível naquele momento. Além disso, começar a comprar antes evita surpresas no meio do caminho e estresses desnecessários.” 

Pedro Mota, da Nu Asset

2. Comprar dólar, euro, libra ou qualquer outra moeda estrangeira aos poucos

Essa estratégia permite que o viajante consiga uma cotação média até o dia da viagem, porque ele acaba comprando moedas estrangeiras com diferentes preços ao longo do tempo. Dessa forma, na média, ele não pega uma cotação nem baixa e nem alta demais. 

“Para essa estratégia, o ponto de atenção é ter o tempo a seu favor e seguir o planejamento. As pessoas até entendem o valor das compras recorrentes, mas no fim elas querem o bilhete da loteria, mas isso não existe, porque é impossível saber quando uma moeda vai subir ou cair”, alerta Pedro Mota. 

Angelita usa a estratégia de comprar picadinho para as suas viagens. “Eu fico monitorando a taxa de câmbio. Se ela tem uma queda, eu aproveito essa janela para comprar”, conta. 

3. Comprar tudo de uma vez, assim que ocorrer uma queda forte 

Quem nunca ficou segurando o dinheiro para ver se a cotação do dólar caía mais? Ou comprou tudo quando o preço de uma moeda ficou mais vantajoso? Situações assim não são uma boa estratégia, segundo Pedro Mota.

“Essa brincadeira de tentar comprar no momento certo sempre dá errado. É como jogar um jogo do perdedor, porque não tem como acertar o momento certo. Tentar ganhar do mercado não deveria ser o objetivo. Não existe um método milagroso para comprar dólar ou outras moedas estrangeiras”, diz. 

Aproveitar as quedas que aparecem ao longo do tempo faz sentido para quem tem um prazo acima de três meses até a viagem. E uma forma de aproveitar esses momentos em que a cotação de uma moeda está mais favorável é ter uma reserva de oportunidade. Se você tem muito tempo até a sua viagem e ela tem um orçamento alto, vale separar uma parte dos recursos para esses momentos. 

Para essa estratégia, o cuidado é não ficar refém à espera de baixas e não acreditar nas histórias que você ouve por aí. “Sempre tem algum conhecido que comprou muito dólar numa queda expressiva. Não tem como saber quando isso vai acontecer”, reforça Pedro Mota.

Além disso, há outro ponto de atenção: se fazer o acompanhamento diário dos preços das moedas está te gerando estresse, talvez essa estratégia não valha a pena. 

4.  Vale tudo para economizar na compra de dólar e outras moedas?

Não, não vale. “Claro que a parte de custos é importante, mas não é para entrar num buraco de minhoca para economizar três centavos. Não vale a pena. É preciso pensar nos custos de forma inteligente e serena. O objetivo é viajar, passar um tempo legal num lugar diferente e não encontrar um método milagroso para comprar moedas estrangeiras”, afirma Pedro Mota. 

Mais do que economizar, Angelita faz um planejamento de compra de moedas estrangeiras pensando em outra prioridade: ficar despreocupada. “A minha principal estratégia é a segurança. Eu não quero andar em São Paulo com esse dinheiro. Prefiro comprar numa casa de câmbio que eu conheço e confio, do que economizar”, conta. 

5. Investir dinheiro aos poucos para resgatar e comprar moeda lá na frente

Essa estratégia vale para grandes viagens, que vão acontecer em mais de um ou dois anos, e para quem tem algum conhecimento de mercado. 

“Existem os fundos cambiais, que seguem a cotação do dólar. Quando você resgata, ele cai em reais e daí você pode usar esse dinheiro para comprar a moeda, por exemplo. A vantagem desse tipo de fundo é que ele rende a variação do dólar no período mais uma parte do CDI. É uma alternativa, mas esse investimento tem cobrança de Imposto de Renda, taxa de administração, taxa de performance, prazo de resgate. Ou seja, o investidor precisa saber o que está fazendo”, explica Pedro Mota.  

Uma alternativa mais simples é deixar o dinheiro em um ativo com liquidez diária e que acompanhe, pelo menos, o CDI – que é uma taxa muito próxima à Selic

Mas o cuidado dessa estratégia é não perder o foco. “A gente nunca sabe até onde o dólar ou outra moeda vai. Talvez o ideal não seja focar em ter um grande rendimento, mas separar o dinheiro para um fim específico, que é a sua viagem”, afirma o gestor. 

6. Comprar moeda estrangeira no destino da viagem

Não tem certo ou errado aqui, mas é preciso olhar as vantagens e desvantagens de cada opção. Segundo Pedro Mota, comprar no Brasil é mais conveniente, pois é possível fazer a compra antecipada, a pesquisa e comparação de taxas de câmbio, além de não precisar gastar o tempo da viagem procurando lugares confiáveis onde comprar a moeda. 

“Por outro lado, as taxas de câmbio podem ser menos favoráveis do que as oferecidas no país de destino e há uma limitação na disponibilidade de certas moedas estrangeiras, especialmente de locais com menor demanda”, afirma o especialista.

Além disso, dependendo do destino, há a possibilidade de conseguir taxas de câmbio mais favoráveis e até de evitar possíveis taxas de câmbio adicionais ou comissões cobradas no Brasil. 

7. Comprar no aeroporto

Não é ideal comprar todo o dinheiro da sua viagem no aeroporto, seja aqui no Brasil ou no destino. Mas a opção tem suas vantagens, como a conveniência, principalmente se o tempo para o seu voo for limitado. Você tira o que precisa e não precisa se preocupar em encontrar uma casa de câmbio no destino. 

Contudo, essa opção exige alguns cuidados, segundo Pedro Mota. “As taxas de câmbio podem ser menos favoráveis do que as oferecidas em outros estabelecimentos e pode ter restrição na disponibilidade de algumas moedas estrangeiras”.

8. Comprar todo o dinheiro da viagem em espécie 

As principais vantagens de levar apenas dinheiro em espécie para a viagem são o fato de que ele é aceito em todos os lugares do destino, especialmente em locais menos urbanos, e garantir um maior controle dos gastos. Além disso, ter dinheiro vivo é ideal para compras menores e em lugares onde você não sente segurança de passar o cartão.

Mas é preciso ficar atento ao risco de roubo ou perda do dinheiro, e até mesmo ao fazer transações maiores ou pagar por serviços online, como o aplicativo de transporte.  

9. Levar todo o dinheiro da viagem no cartão pré-pago

Segurança é uma das principais vantagens dessa opção. “Se o cartão for perdido ou roubado, é possível bloqueá-lo. Além disso, a aceitação dele em estabelecimentos e caixas eletrônicos no exterior é cada vez maior, sem contar na possibilidade de carregar diferentes moedas estrangeiras em um único cartão”, explica Pedro Mota.

Mas essa opção tem taxas associadas à compra, ativação, recarga e uso do cartão. Além disso, é possível que as taxas de câmbio não sejam as mais favoráveis em comparação com outras opções.

10. Fazer depósitos em conta internacional 

As contas internacionais podem ser uma vantagem e tanto para quem viaja com frequência. Ao fazer depósitos constantes, quanto tiver que viajar, você não precisa se preocupar com a compra de moedas estrangeiras, porque já tem dinheiro disponível. Além disso, ao realizar transferências internacionais, essas contas fazem a conversão automática para dólar, euro, libra ou qualquer outra moeda. E é possível ter diferentes moedas em uma única conta. 

Essa opção, porém, exige atenção. É preciso checar quais e quantas moedas essa conta aceita, se há taxas de manutenção (como ocorre com muitas contas de banco no Brasil), quais são as taxas de conversão e, principalmente, como é o processo de transferências. Embora cada vez mais populares, muitos aplicativos de contas internacionais podem não ser tão simples de usar. 

“Essas contas podem exigir um processo burocrático e demorado de configuração e elas são menos adequadas para pequenas quantias de dinheiro ou despesas imediatas durante a viagem.”

Pedro Mota, da Nu Asset

11. Não comprar a moeda local e passar tudo no cartão de crédito

Usar somente o cartão de crédito em viagens internacionais pode ser conveniente, seguro e ainda permite que o viajante aproveite vantagens como programas de recompensas e cashback

Mas esta é a pior opção do ponto de vista de controle financeiro. “Alguns estabelecimentos podem não aceitar cartões de crédito em determinados países, há a possibilidade de incidência de taxas de conversão de moeda estrangeira e taxas adicionais do cartão, sem contar o risco de gastar mais do que o planejado devido ao uso fácil”, pondera Pedro Mota. 

12. Comprar dólar, independentemente do local de destino

Na hora de programar suas viagens, Angelita gosta de levar um pouco de dólar, não importa o destino. “Em uma emergência, você consegue trocar mais facilmente numa casa de câmbio local. E dólar sempre sobra de uma última viagem, então, sempre tenho em mãos”, conta. 

“Dólar é a moeda global e pode ser um super trunfo. Você não precisa levar todo o seu dinheiro em dólar, mas uma parte é interessante. Eu fui para a Croácia e achava que era euro, mas não era. Usei dólar para comprar a moeda local deles. É como comprar a sua paz de espírito”, conta Pedro Mota.

Qual é a melhor estratégia para comprar dólar, euro, libra ou qualquer moeda estrangeira?

Não existe resposta certa para essa pergunta. Cada viajante precisa encaixar no seu planejamento aquela estratégia que faz mais sentido dentro da sua realidade. Angelita Gonçalves faz um mix de muitas delas: compra aos poucos, com antecedência, aproveita quedas na cotação, usa o cartão de crédito, leva dólar. Ela já sabe o que funciona para o perfil de viagem dela. 

E esse é o primeiro passo para qualquer planejamento de viagem: entender o seu perfil de viajante. Você é daqueles que gosta de separar um dia para compras, prefere bons restaurantes a comer na rua, privilegia bons hotéis, prefere passeios culturais? Definir primeiro esse perfil pauta os custos totais da viagem e também a melhor estratégia de compra de moeda estrangeira.  

“Eu vejo que muita gente vai atrás da melhor estratégia, daquela que vai trazer mais economia na hora da compra. Mas estamos falando de viagens internacionais, que já têm um custo maior. Então, se a cotação do dólar ou de qualquer moeda é o que está influenciando e pautando as decisões da sua viagem, os valores estão invertidos, porque este não deveria ser o principal fator.” 

Pedro Mota, da Nu Asset

Quais são os cuidados na hora de comprar moedas estrangeiras?

Para comprar moedas estrangeiras, considere as seguintes etapas: 

  • Faça um planejamento com antecedência da sua viagem, prevendo os custos pré-definidos, de acordo com a sua característica de viajante;
  • Determine um valor diário de gastos extras, considerando o seu perfil e o objetivo da viagem;
  • Faça uma pesquisa dos meios de pagamento existentes e avalie o que mais faz sentido para você (dinheiro em espécie, cartão de crédito, cartão pré-pago, conta internacional etc);
  • Considere os custos, taxas e impostos de cada opção; 
  • Pesquise as casas de câmbio onde vai comprar, privilegiando o processo, a segurança e a confiança. Lembre-se de que as taxas de serviço podem não fazer tanta diferença no custo total. 

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