Qual é o seu sonho? Um brasileiro comum provavelmente responderia a essa pergunta com três coisas: ter uma casa própria, fazer uma viagem e comprar um carro.
Em 2022, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, mapeou os desejos de consumo dos brasileiros e chegou à conclusão de que pelo menos 18% dos entrevistados desejavam um automóvel naquele ano.
O que separava cada um deles desse sonho, no entanto, era justamente o dinheiro: manter um automóvel na garagem ainda custa caro, seja ele novo ou usado. Além do valor do carro em si, muita coisa entra na conta. Tem IPVA, seguro, combustível, manutenção, estacionamento… A lista de gastos indispensáveis é grande e varia de acordo com o modelo escolhido, mas pode bater fácil a casa dos R$ 2 mil por mês.
“Ter um carro é algo muito atrelado à satisfação pessoal. Quem coloca na ponta do lápis pode perceber que financeiramente não vale a pena, mas às vezes o conforto e o prazer falam mais alto. Cada pessoa precisa entender se o carro é de fato importante e se dá para abrigar esse sonho sem abrir mão de outras áreas da vida”, afirma Nayra Sombra, da Planejar, a Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
A única certeza nessa história toda é que, com uma ajudinha do planejamento e da organização financeira, é possível prever os custos e fazer a escolha que mais combina com o seu bolso. Descubra, a seguir, quanto custa ter um carro e como incluir esse valor no orçamento.
Afinal, quanto custa um carro?
A resposta, como quase tudo que envolve dinheiro, é: depende. Um carro 0 km não sai da concessionária por menos de R$ 60 mil, por exemplo. Esse valor toma como base os carros Renault Kwid, Fiat Mobi e Citroën C3, os três mais baratos no primeiro semestre de 2023, já considerando os descontos para carros populares anunciados pelo governo federal.
Além do valor do carro, há também o custo do imposto. Toda pessoa que possui um veículo precisa obrigatoriamente pagar IPVA, que é o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Quanto mais novo o carro, mais caro é o imposto. As alíquotas variam entre 1% e 5% e cada estado define quanto vai cobrar. Em São Paulo, por exemplo, ela é de 4%.
Por outro lado, é fácil encontrar carros usados e um pouco mais velhos a partir de R$ 10 mil reais – e muitos deles já são isentos de IPVA. O problema é que nem sempre essa economia compensa, já que os custos com manutenção e combustível tendem a ser maiores, dependendo do modelo.
Além disso, também é necessário considerar como o carro será pago. Quem não tem o valor total do veículo em mãos pode recorrer ao financiamento para alcançar o objetivo mais rápido. O lado ruim dessa equação são os juros e encargos que, ao longo das parcelas, multiplicam a dívida.
“Quem decide entrar no financiamento pode tentar amortizar a dívida ao longo do tempo pagando a primeira e a última parcela ao mesmo tempo”, sugere a planejadora financeira Nayra Sombra, da Planejar. “Essa é uma saída para diminuir os juros e dá pra fazer isso sempre que surgir uma renda extra, como restituição do imposto de renda e décimo terceiro”, completa.
Quais são os gastos com um carro?
Além do valor da compra do veículo, você deve prever gastos com:
- Impostos e taxas (como IPVA, Seguro DPVAT; licenciamento e documentação);
- Seguro de carro;
- Combustível;
- Estacionamento;
- Lavagem;
- Manutenção preventiva;
- Consertos;
- Em caso de financiamento, o Custo Efetivo Total (ou seja, o valor final da dívida).
Além desses valores, que você literalmente vê saindo da sua conta, tem também dois outros gastos escondidos: a depreciação do carro e o custo de oportunidade. Depreciação é o valor que o veículo perde ao longo do tempo, enquanto que o custo de oportunidade é o valor que o motorista deixaria de investir caso estivesse aplicando o dinheiro em um investimento ativo.
Como calcular o custo de manutenção do carro?
Para ter uma ideia de quanto dinheiro você precisa reservar para manutenção, é possível seguir uma fórmula que considera:
- O gasto com combustível por quilômetro rodado;
- O valor de depreciação do veículo (que pode ser consultado mensalmente na Tabela Fipe, o índice que ajuda a definir os preços dos automóveis usados e seminovos);
- Itens que precisam de revisão frequente, como óleo, pneus, amortecedores, filtros e outros;
- Gastos com alinhamento e balanceamento;
- Valor do seguro e IPVA.
Compilando tudo, você pode estimar de acordo com o veículo que deseja. Podemos usar como exemplo os modelos de entrada que citamos anteriormente. A revisão para um carro desse tipo com até 60 mil km rodados pode chegar a R$ 820,00, em média, enquanto que o valor de combustível para um tanque cheio de 38 litros bate a casa dos R$ 205,00, considerando o preço médio da gasolina no Brasil em julho de 2023.
Como me organizar para comprar um carro?
Entenda os seus ganhos
Quanto dinheiro você ganha por mês? E no que você tem gasto esse dinheiro? Se você não faz ideia da resposta, talvez seja hora de adotar algum método de planejamento e organização financeira para ter visibilidade do dinheiro que entra e que sai da sua conta ao longo do ano.
“Para quem não faz ideia de onde começar, uma solução é anotar tudo que você gasta ao longo de três meses, do cafézinho à compra do mês. Tenha clareza também sobre quais são as suas despesas fixas, como aluguel e conta de luz, e quais são as indulgências que você não quer abrir mão”, diz Nayra Sombra.
Um jeito fácil de organizar essa visualização é escolhendo um método único de pagamento para usar durante todo o mês. Quem já tem o hábito de usar o cartão de crédito pode centralizar as compras por lá e acompanhar as transações pela fatura, dando um nome para cada gasto.
Conheça os gastos escondidos
Anotar os gastos também será importante para bolar estratégias para ficar com as contas em dia a cada mês quando um novo gasto, como um carro, entra na jogada. Nayra Sombra explica: “Dentro das suas despesas variáveis é possível encontrar brechas. Quem almoça fora cinco vezes na semana, por exemplo, pode tentar fazer refeições em casa ou levar comida pro escritório. Ou então, antes de comprar uma roupa nova, pense se você realmente precisa dela ou se só vai levar porque viu uma etiqueta de promoção”.
Monte uma reserva de emergência
Carro dá problema, por mais novo que seja – e deixar ele parado na garagem até ter o dinheiro do conserto não é a melhor opção. Por isso, montar uma reserva antes de adquirir o veículo é o melhor caminho para lidar com imprevistos.
A reserva é uma quantia disponível para imprevistos que equivale às suas despesas totais. O valor da reserva varia de acordo com cada realidade. O ideal é que um assalariado, por exemplo, pode montar uma reserva de emergência para 6 meses, enquanto que servidores públicos concursados para 3 meses e autônomos sem renda fixa para até 12 meses.
Vale a pena ter um carro?
Essa é uma pergunta que só você pode responder. Mas a planejadora financeira Nayra Sombra arrisca um palpite. “Ter um carro é o seu sonho? Se sim, o que você pode fazer para realizá-lo? Pode demorar o tempo que for, mas se for algo que tem um valor inestimável para você, então isso deve ser considerado”, conclui.
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