– “Tenho independência financeira porque saí da casa dos meus pais e pago as minhas contas.”
– “Recebi um aumento! Alcancei minha autonomia financeira.”
– “Terminei minha reserva de emergência. Agora, sim, tenho minha liberdade financeira”.
Você já deve ter ouvido uma dessas afirmações alguma vez na vida. Mas será que elas estão corretas mesmo? Pode nem parecer, mas autonomia, liberdade e independência financeira são elementos essenciais do planejamento, mas são conceitos diferentes.
Na prática, autonomia e liberdade financeira são degraus da mesma escada e, no topo dela, está a independência. Entenda, abaixo, o que significa cada conceito e como alcançar cada um deles.
O que é autonomia financeira?
Autonomia financeira é a capacidade de uma pessoa se bancar, sem a ajuda de terceiros. Uma pessoa que trabalha, seja na própria empresa, como trabalhador formal ou como servidor público, e que é responsável pelas próprias contas tem autonomia financeira.
Isso não significa, porém, que todas as pessoas que trabalham e pagam seus compromissos tenham alcançado esse degrau na vida, como explica a planejadora financeira Viviane Ferreira.
“Uma pessoa que tem autonomia financeira consegue se sustentar sozinha, a partir da renda que ela gera, consegue investir 1% do dinheiro que ganha, ainda que não seja com regularidade, e está com a reserva de emergência completa ou quase completa. O mais importante: ela não tem dívidas. Se tiver, são débitos de longo prazo, como financiamento imobiliário, mas que estão no orçamento dela.”
Ou seja, quem está inadimplente ou não consegue fechar as contas no fim do mês ainda não tem autonomia financeira.
É por isso que a frase “Recebi um aumento! Alcancei minha autonomia financeira” pode até estar certa se a pessoa que está ganhando mais agora está com tudo organizado, com a reserva montada (ou quase lá), sem dívidas e está começando a investir.
O que é liberdade financeira?
A liberdade financeira é a capacidade de uma pessoa se bancar e, além disso, investir pelo menos 10% da sua renda. Alguém com liberdade financeira tem a tranquilidade de tomar decisões com base nos seus valores e metas, sem precisar olhar para cada centavo que tem no bolso. A liberdade financeira é o segundo degrau depois da autonomia financeira.
“Essa pessoa tem uma reserva robusta, que representa 12 vezes o custo de vida dela. Dessa forma, ela consegue tomar grandes decisões, como sair do trabalho ou começar um negócio. Nessa fase, essa pessoa não é mais tão dependente do trabalho que ela tem hoje e pode decidir sair, porque tem recursos para se manter por um tempo”, explica Viviane Ferreira.
Liberdade para fazer pequenas e grandes escolhas
Uma pessoa com liberdade financeira também já não precisa se preocupar com o que coloca no carrinho do supermercado ou se aquela calça que comprou no final de semana vai afetar o orçamento do mês.
Isso não significa que ela é negligente com as próprias contas. Ao contrário: ter liberdade financeira requer um alto controle das receitas e das despesas. Quem está nesse nível, sabe exatamente seu custo de vida, até onde pode ir com os próprios gastos e o valor (e não o preço) daquilo que consome.
Ou seja, a liberdade financeira amplia o leque de possibilidades de uma pessoa, permitindo que o consumo dela não seja limitado ao custo.
É por isso que a frase “Terminei minha reserva de emergência. Agora, sim, tenho minha liberdade financeira” está errada. Conquistar um colchão financeiro para lidar com situações urgentes é um passo importante de qualquer planejamento, mas ele, sozinho, não garante que uma pessoa tenha liberdade.
O que é independência financeira?
Independência financeira é a possibilidade de viver da renda que é gerada pelo patrimônio e investimentos de uma pessoa. Só é independente financeiramente quem não precisa mais trabalhar.
“É quando a pessoa já tem patrimônio suficiente para se manter sem depender de um trabalho, do governo ou de qualquer outra pessoa. Ela construiu um tanque de dinheiro e todo mês tira uma renda desse tanque, que é abastecido por investimentos ou pelo aluguel do patrimônio, como imóveis”, explica a planejadora financeira Viviane Ferreira.
O tamanho desse “tanque de dinheiro” é individual, porque ele depende do custo de vida que uma pessoa quer ter. Alguém que quer ter uma renda de R$ 5 mil por mês precisa de um valor investido menor do que quem quer ter uma renda de R$ 20 mil.
Na prática, a frase “Tenho independência financeira porque saí da casa dos meus pais e pago as minhas contas” também não está correta. Se essa pessoa se banca sem precisar de ajuda, não tem dívidas e consegue investir um pouco, ela alcançou a autonomia financeira e não a independência financeira.
Como alcançar autonomia, liberdade e independência financeira?
Os três conceitos formam o tripé de um planejamento saudável, em que a base é a autonomia financeira, o meio do caminho é a liberdade financeira e a independência financeira é o destino final.
Ou seja, não tem como alcançar a liberdade sem antes chegar ao degrau da autonomia, por exemplo. Assim como não é possível conquistar a independência sem ter passado pela a autonomia e liberdade financeiras.
É comum imaginar que a fase da autonomia financeira é voltada para jovens em início de carreira e que a independência é um plano de aposentadoria que será alcançado depois dos 60 anos. Mas não é bem assim: chegar a esses degraus independe da idade. Pode ser que uma pessoa queira começar a viver de renda aos 40 anos ou decida, aos 30, organizar a vida para ter autonomia e, depois, liberdade financeira.
Ou seja, a definição dos prazos de cada etapa é individual. Abaixo, saiba o que fazer para conquistar a autonomia, a liberdade e a independência financeira.
Como alcançar a autonomia financeira?
O primeiro passo para alcançar a autonomia é fazer um planejamento financeiro. Mapeie as receitas, os gastos e as dívidas. Faça um plano para sair do endividamento e estabeleça um custo de vida que seja menor do que a sua renda – a ideia é que esse dinheiro que “sobra” todo mês seja guardado para ser usado em emergências.
Essa reestruturação no orçamento também deve permitir guardar dinheiro para metas. A liberdade financeira, aliás, pode entrar como objetivo de curto ou médio prazo, a depender da situação do seu orçamento. Já a independência financeira pode entrar como conquista de longo prazo.
“O importante para atingir a autonomia financeira é assumir um padrão de vida abaixo dos ganhos e começar a guardar, pelo menos, 1% da renda para criar uma reserva”, afirma Viviane Ferreira.
Como alcançar a liberdade financeira?
Com as dívidas pagas, um orçamento equilibrado e com a possibilidade de guardar um pouco por mês, é hora de alcançar a liberdade financeira. Nessa fase, a ação mais importante é aumentar a renda para investir, ao menos, 10% dos ganhos todo mês e com regularidade.
Existem vários caminhos para ganhar mais dinheiro, como investir em algum curso ou aprimoramento profissional que possa ajudar na conquista de uma promoção, criar um negócio, fazer trabalhos freelancer. A decisão pelo melhor caminho depende dos planos, do tempo, das ferramentas e das prioridades de cada pessoa.
Com uma renda maior, o objetivo é ter uma reserva de emergência robusta. A reserva representa de três a 12 meses do custo de vida de uma pessoa. Para ter liberdade financeira, porém, o tamanho deste colchão financeiro deve ser de, pelo menos, 12 meses.
A liberdade financeira pode ser uma meta de curto prazo, de até um ano, como uma meta de médio prazo, de até três a cinco anos, dependendo da renda e dos planos de cada um.
“O risco nesta fase é a pessoa aumentar os gastos com o aumento da renda, e acabar ficando na fase da autonomia, sem dar o próximo passo. Para alcançar a liberdade financeira, você eleva o seu potencial de guardar dinheiro antes de aumentar o padrão de vida. Aqui, a chave é ter o controle emocional de manter os gastos como estavam, mesmo ganhando mais”, afirma Viviane Ferreira.
Como alcançar a independência financeira?
O primeiro passo para conquistar a independência financeira é estabelecer o valor com o qual você quer viver e a partir de que ano quer usufruir dessa renda. Por exemplo, uma pessoa que tem 20 anos e quer ter uma renda mensal de R$ 10 mil para o resto da vida a partir dos 45, tem 25 anos para alcançar essa meta.
No mundo dos investimentos, quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, maior é a probabilidade de ele render mais.
Depois de estabelecer prazo e valores, é preciso criar um plano de investimentos. Para atingir essa meta, é preciso consistência e disciplina nos aportes mensais que devem aumentar ao longo do tempo.
Por exemplo: aos 20 anos, uma pessoa com liberdade financeira já pode investir 10% da renda. Aos 25, ela pode estar ganhando mais e, caso não aumente muito o próprio padrão de consumo, pode investir 20% de tudo o que ganha, e assim por diante. A ideia é que o percentual de investimentos suba com a renda.
Escolha dos investimentos
A escolha dos investimentos também conta, e muito, nesse processo. Crie uma carteira diversificada, com ativos que fazem sentido para o seu perfil de investidor e para essa meta de longo prazo. Além disso, é preciso revisar os seus investimentos, pelo menos, uma vez ao ano, para fazer ajustes de acordo com o risco que quer correr e com os objetivos de rendimentos.
“Nesta fase, o importante é aprender mais sobre investimentos, acompanhá-los, fazer mudanças na carteira, ter uma educação contínua e paciência. A independência é um plano de longo prazo e vai acontecer muita coisa no meio do caminho. Por isso, tenha clareza sobre quanto dinheiro você vai guardar para cada meta que tem durante esse período, separe bem os valores e cuidado com a quantidade de metas. Quanto menos objetivos, mais focado você fica e mais dinheiro consegue direcionar para aquelas metas que realmente fazem sentido para você”, considera Viviane Ferreira.
Conheça 7 dicas para alcançar a independência financeira
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