Vire e mexe a sigla OCDE aparece nas notícias – seja por uma pesquisa divulgada, um indicador ou porque o Brasil quer se tornar membro do grupo. Se você quer entender o que é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e por que, desde 2017, o governo brasileiro quer fazer parte dela, confira abaixo.
O que é OCDE?
OCDE é a sigla para Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês), um órgão internacional composto por 37 países que trabalham juntos para compartilhar experiências e buscar soluções para problemas comuns.
Por reunir as maiores economias do mundo – como Estados Unidos, França, Alemanha, Japão e Reino Unido –, a OCDE também recebe o apelido de “Clube dos ricos“.
A organização foi fundada em 1961, com sede em Paris, na França, como um desdobramento da Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OCEE), criada em 1948 para estimular a cooperação entre países europeus impactados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Qual o papel da OCDE?
Basicamente, o papel da OCDE é se dedicar à pesquisa e a estudos para melhorar políticas públicas em diversas áreas – como política econômica, trabalho, ciência e tecnologia, educação, meio ambiente e comércio –, além de proporcionar a troca de experiências entre os países membros e parceiros-chaves, como o Brasil.
Quais são os membros da OCDE?
Atualmente, a OCDE é composta por 37 países-membros da Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia. São eles:
Alemanha | Estônia | Luxemburgo |
Austrália | Finlândia | México |
Áustria | França | Noruega |
Bélgica | Grécia | Nova Zelândia |
Canadá | Holanda | Polônia |
Chile | Hungria | Portugal |
Colômbia | Irlanda | Reino Unido |
Coreia do Sul | Islândia | República Tcheca |
Dinamarca | Israel | Suécia |
Eslováquia | Itália | Suíça |
Eslovênia | Japão | Turquia |
Espanha | Letônia | |
Estados Unidos | Lituânia |
Além dos países membros, a OCDE também conta com parceiros-chaves que participam das discussões: Brasil, África do Sul, China, Índia e Indonésia.
Como é a estrutura da OCDE?
A OCDE está estruturada em um Conselho, Comitês e o Secretariado.
Conselho da OCDE
O Conselho da OCDE, composto pelos embaixadores dos países-membros e a União Europeia, é o órgão máximo da organização responsável pelas grandes decisões políticas.
As decisões são tomadas por consenso e cada país-membro tem direito a um voto – com excessão da União Europeia.
O Conselho é presidido pelo Secretário-Geral da OCDE – cargo ocupado desde 2006 pelo mexicano Angel Gurría.
Comitês da OCDE
Os Comitês são responsáveis pelas discussões, compartilhamento de experiências e revisão de políticas públicas. Existem mais de 300 comitês e grupos de trabalho temáticos que reúnem especialistas dos países-membros, parceiros, observadores e representantes de outros órgãos internacionais.
Secretariado da OCDE
Já o Secretariado, liderado pelo Secretário-Geral da OCDE, é o órgão em que são feitas coletas de dados, análises e recomendações para os comitês. São mais de 3 mil funcionários espalhados pela França, Alemanha, México, Japão e Estados Unidos.
Como a OCDE funciona? O que ela faz na prática?
Na prática, a OCDE desenvolve diretrizes e padrões de políticas públicas globais. Isso é feito a partir de:
- Decisões: atos que todos os países-membros da OCDE são obrigados a implementar;
- Recomendações: atos que representam a vontade política dos países membros e, por isso, têm forte incentivo para que sejam implementados – mas não são obrigatórios;
- Declarações: atos que estabelecem compromissos políticos, mas que não são obrigatórios;
- Entendimentos: atos que não são de autoria da OCDE, mas foram negociados e adotados pela organização. Também não são obrigatórios;
- Acordos Internacionais: tratados internacionais formulados pela OCDE e obrigatórios para os países membros.
E por que o Brasil quer se tornar um país-membro da OCDE?
Como um parceiro-chave da OCDE, o Brasil tem direito a participar de órgãos técnicos, reuniões de grupos de trabalho e seminários de compartilhamento de informações – além de fazer parte de pesquisas e indicadores internacionais como o PISA, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.
Desde 2017, entretanto, o Brasil tenta se tornar um país-membro da OCDE. O pedido foi formalizado naquele ano. Em 25 de janeiro de 2022, a entidade oficializou o convite ao Brasil para negociar a nossa entrada na entidade. E esse processo de negociação pode durar de dois a cinco anos.
A grande vantagem de se tornar um país-membro é poder participar de acordos de cooperação exclusivo entre os membros participantes. Em outras palavras, o Brasil poderia ganhar novos parceiros e acordos comerciais – e ser mais bem-visto em termos de relações exteriores.
Agora, após o convite a secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia informou que a próxima etapa é enviar uma carta à OCDE confirmando o nosso interesse nas negociações. Na mesma data em que o Brasil foi convidado, também receberam o convite a Argentina, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia.
Mas não é fácil se tornar um país-membro da OCDE. Para isso, o país precisa:
- Provar que mantém práticas econômicas, diplomáticas e comerciais alinhadas com os demais participantes – ou seja, alinhadas às melhores práticas globais;
- Ser aceito por diversos comitês que avaliam seu desempenho em diferentes áreas, como comércio e agricultura;
- Ser aceito por todos os países-membros da OCDE.
Justamente por isso, esse é um processo que demora muitos anos para ser finalizado. O último país a entrar no grupo foi o Chile.
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