Em junho de 2020, o número de famílias endividadas no Brasil bateu recorde histórico: 67,1% delas declararam ter dívidas no primeiro semestre do ano, aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Ao mesmo tempo, uma pesquisa de 2016 da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostra que 79% dos brasileiros têm um entendimento errado do que é estar endividado – é um dado mais antigo, mas tão alarmante quanto.
Mas, afinal: o que é ter dívidas ou estar em endividamento? E superendividamento?
Dívidas e endividamento
A pesquisa de 2016 apontou que, no entendimento de 46% dos brasileiros, ter uma dívida é “ter uma conta em atraso ou que estão sem pagar”. Na verdade, as dívidas são aquelas parcelas, contas ou pagamentos com a qual o consumidor se comprometeu a pagar – por exemplo: comprou no cartão de crédito e parcelou a compra? Essa é uma dívida que você adquire.
O próprio cartão de crédito é como uma dívida, já que, quando você usa, você se compromete a fazer o pagamento da fatura no mês seguinte. Crediário, empréstimo pessoal, prestações, financiamentos, cheque especial e carnê são outras modalidades de dívida.
Na prática, portanto, o endividamento é o processo de se comprometer com parcelas e pagamentos que deverão ser feitos no futuro e ainda não estão vencidos. Quando esses pagamentos vencem e ficam em aberto, eles se tornam inadimplências.
Isso não significa que todos esses meios de pagamento e soluções financeiras são “vilões” e fazem os consumidores ficarem inadimplentes. Eles podem ser bons aliados de sua vida financeira, mas, como qualquer outra forma de pagamento, é necessário ter planejamento e organização para garantir que será possível arcar com todos os pagamentos e parcelas que virão no futuro – e evitar o chamado superendividamento.
Superendividamento
Se endividamento é comprometer-se com contas futuras, o superendividamento é a situação que os consumidores se encontram quando não conseguem mais pagar suas dívidas – por exemplo, quando alguém se compromete com mais dívidas do que pode arcar num determinado período de tempo..
Segundo o Banco Central, o superendividamento é “quando uma pessoa se vê impossibilitada de pagar suas dívidas atuais ou futuras com sua atual renda e seu patrimônio”.
Um situação que leva ao superendividamento é o que chamamos de “efeito bola de neve”: adquirir diferentes dívidas pequenas que se tornam grandes até, eventualmente, perder o controle delas. E não só isso – situações de gastos inesperados ou de perda de um emprego, por exemplo, também podem levar ao superendividamento.
O que fazer para fugir do superendividamento?
O Banco Central preparou uma cartilha com as principais dicas para evitar o superendividamento, sendo a principal a de não gastar mais do que ganha. Imprevistos acontecem, e costumam ser os principais responsáveis pela “bola de neve” de dívidas. Por isso, ter um planejamento financeiro e uma reserva financeira são outras medidas que ajudam neste sentido.
Abaixo, veja as 5 dicas do BC para evitar o superendividamento:
1. Eliminar todo o desperdício. Em situações de superendividamento, é importante cortar todas as despesas não essenciais.
2. Aproveite o 13º salário para quitar dívidas: ou o FGTS emergencial, ou qualquer renda extra que tiver. A prioridade deve ser quitar seus débitos.
3. Troque suas dívidas por outras mais vantajosas, ou seja, com juros menores. É possível , por exemplo, renegociar os pagamentos. Em geral, as dívidas do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito têm juros mais elevados, e vale a pena recorrer a algum empréstimo de juros mais baixos para quitá-las.
4. Passe a comprar à vista. Se estiver em uma situação de superendividamento, guarde o talão de cheques e o cartão de crédito em casa, para não usá-los.
5. Se tiver um carro, e ele não for instrumento de trabalho ou essencial para a família, não hesite em vendê-lo. Utilize o dinheiro para pagar suas dívidas. Além de quitar dívidas, ao vender o carro, você ainda estará reduzindo suas despesas mensais.
Veja todas as dicas do Banco Central.
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