O comportamento do Ibovespa, o principal índice de ativos da bolsa brasileira, desde o começo de 2021 tem chamado a atenção: na primeira semana do ano, no dia 7 de janeiro, ele atingiu um novo recorde de alta, alcançando os 125 mil pontos — a valorização máxima das ações que fazem parte do índice, sem considerar variações de câmbio e inflação.
Na semana seguinte, entretanto, passou a acumular quedas: na sexta-feira, 21 de janeiro, o Ibovespa registrou a sua terceira queda consecutiva e fechou o dia no menor índice de 2021.
O Ibovespa serve como um “termômetro” da B3, a bolsa de valores brasileira. Como ele reúne os principais índices negociados dentro da bolsa, suas altas e baixas são um reflexo das principais movimentações no mercado.
Mas existe uma explicação para esse comportamento da bolsa — desde o recorde registrado na primeira semana do ano até as quedas da última semana.
A alta do Ibovespa
A alta do Ibovespa entre o início de novembro e a primeira semana de janeiro pode ser explicada pela valorização nos preços das commodities: o mercado, desde o ano passado, está mais favorecido para exportações desses itens, o que impulsionou as ações de empresas brasileiras que trabalham com algumas dessas commodities — e levou, inclusive, a uma alta nos preços de alimentos.
Para relembrar: commodities são bens de consumo mundiais e, por isso, são comercializadas em todo o mundo em bolsas de valores – países que produzem determinada commodity a exportam para outros países e sua comercialização é global. Café, soja, trigo, petróleo e açúcar são alguns exemplos de commodities, entre muitos outros.
E por que o mercado de commodities está tão favorecido?
Desde o ano passado, a crise econômica em decorrência da pandemia do Covid-19 levou governos a implementar políticas expansionistas, diminuindo os impostos sobre as commodities; além disso, a pandemia fez com que a produção de muitas commodities fosse reduzida, ao mesmo tempo em que a demanda crescia, novamente criando oportunidade para o mercado brasileiro exportar.
Neste início de ano, o que impulsionou a alta da bolsa foi o aumento no preço do minério de ferro. Com a retomada da economia chinesa, a primeira a apresentar sinais de recuperação na pandemia em um primeiro momento, a demanda por ele aumentou — e grandes produtoras brasileiras tiveram suas ações valorizadas.
No geral, os preços de matérias-primas tiveram alta no início do ano. Chegou a discutir-se, inclusive, um possível novo boom de commodities no mercado mundial. Em 2000, o primeiro boom, que representou esse aumento nos preços dos bens, aconteceu devido a um crescimento na demanda chinesa e a questionamentos sobre a oferta das commodities.
E a baixa do Ibovespa?
A pandemia é também um dos fatores que levou a Ibovespa a um cenário de baixa. O aumento de casos de Covid-19 no Brasil, aliado à falta de perspectiva do mercado sobre o calendário de vacinação, trouxe questionamentos sobre possíveis novos gastos do país para lidar com este cenário.
Além disso, o cenário internacional também preocupa os investidores. Grandes mercados, como Estados Unidos e Inglaterra, adotaram medidas que reforçam o isolamento (lockdown) – e, no geral, a queda das bolsas internacionais pressionou as ações do Ibovespa para baixo.
E, se no início de janeiro houve uma alta nos preços de commodities, muito puxada pelo mercado chinês, na semana seguinte eles tiveram queda: o número de casos de Covid-19 aumentando no país levou à queda nos preços do minério e, consequentemente, das empresas exportadoras. Algumas dessas empresas são as que têm mais peso no Ibovespa e, quando elas têm queda no preço das ações, tendem a puxar o índice para baixo.
E daqui pra frente?
Ainda é cedo para dizer se essas baixas do Ibovespa são um sinal de que o otimismo do final de 2020 acabou.
Na reunião do Copom do dia 20 de janeiro, em que foi decidido manter a taxa Selic em 2%, o Banco Central citou uma “elevada incerteza” do ambiente econômico – mas reconheceu que existe um crescimento na atividade. A melhor alternativa, neste início do ano, é esperar.
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