A inflação é uma velha conhecida dos brasileiros. Ela é usada para explicar o aumento no preço de produtos, de aluguel, de salários e também é o motivo pelo qual o seu poder de compra diminui em alguns momentos. Mas, exatamente, o que é inflação? Por que ela existe? Ela é sempre um sinal ruim para a economia?
De forma resumida, a inflação indica o aumento generalizado ou contínuo dos preços de uma série de categorias de bens e serviços importantes no dia a dia das pessoas.
Na economia, o conjunto dessas categorias é chamado de “cesta de produtos” e inclui: alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, despesas pessoais, educação e comunicação.
Ou seja: se a inflação em determinado mês for de 0,5%, isso significa que o aumento médio dos preços dessas categorias no período também foi de 0,5%.
Esse aumento, porém, não é uniforme – dentro de cada categoria alguns itens podem sofrer aumentos maiores e outros, nenhum.
Em janeiro de 2024, por exemplo, o setor de Alimentos e Bebidas foi um dos que apresentaram maior aumento na inflação do mês – ele subiu 1,38% e foi o grupo que mais contribuiu para a alta de 0,42% da inflação no mês.
O indicador oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), embora existam outros. Em 2022, a inflação teve alta de 5,79% e, em 2023, ela acumulou uma alta de 4,62%.
Apesar de não ser calculado em todo o país, o IPCA é de abrangência nacional – ou seja, vale para todas as regiões e cidades.
O que causa a inflação?
Para entender o que é inflação, também é importante saber qual é sua causa. A inflação pode ser de curto prazo – aumentar em um mês – e de longo prazo – aumentar continuamente ao longo de um ano, por exemplo. As causas são diferentes em cada um desses casos.
No entanto, vale lembrar que esses são movimentos cíclicos da economia, nos quais uma ação afeta a outra. Nem sempre é possível isolar as causas de uma variação inflacionária. Abaixo, listamos causas geralmente associadas à inflação.
Causas da inflação no curto prazo:
Aumento na demanda
Se o número de pessoas querendo um determinado item aumenta muito rápido, fica difícil garantir o fornecimento para todos. Nesse caso, dizemos que a demanda ficou maior do que a oferta. Nesses casos, o preço tende a subir, gerando inflação. Isso pode acontecer também quando há maior disponibilidade de crédito: com maior poder de compra, as pessoas conseguem gastar mais (aumentando a demanda geral).
Aumento nos custos de produção
A inflação também pode aparecer quando fica mais caro produzir um produto ou oferecer um serviço. Com custo maior, a produção de algum item pode ser menor – com isso, a oferta (ou quantidade daquele produto disponível) cai ou os preços aumentam (para cobrir todos os custos extras). Existe inflação em ambos os casos.
Causas da inflação no longo prazo:
Emissão de papel-moeda
Algumas ações do governo também podem fazer com que a inflação aumente. Quando os gastos são maiores do que os arrecadamentos, por exemplo, pode ser necessário “imprimir” mais dinheiro – ou seja, emitir mais moeda – para pagar as contas.
Essa emissão faz com que o volume de dinheiro seja maior que a oferta de produtos e serviços. Consequentemente, os preços sobem.
Diminuir a taxa de juros
Quando o governo diminui a Selic, a taxa básica de juros da economia definidas pelo Banco Central, os seus investimentos na poupança, em renda fixa e em títulos públicos passam a render menos. Além disso, os empréstimos no geral ficam mais baratos. Essa é uma forma de estimular o consumo e a produção. No longo prazo, isso gera um aumento de demanda e pode acarretar no aumento da inflação.
Entenda mais sobre a Selic, a taxa de juros básica da economia, e como ela funciona aqui.
Como a inflação afeta seu bolso?
Na prática, a inflação faz com que seu dinheiro perca valor, já que ele não acompanha as altas nos preços.
A inflação muito alta ainda também distorce os preços – e as pessoas ficam com dificuldade de acompanhar o que está barato ou caro.
Em um cenário de hiperinflação (explicaremos mais abaixo), por exemplo, os preços chegam a aumentar todos os dias. Isso significa que a cada dia que passa, a moeda perde valor muito rápido.
Além disso, como explicado acima, a Selic, taxa básica de juros da economia que pode ser usada para regular a inflação afeta diretamente também outros aspectos econômicos – rendimento de investimentos, custo de empréstimos, etc…
Como controlar a inflação?
O governo federal não tem total controle sobre a inflação, mas algumas medidas que ele toma podem influenciá-la.
Por exemplo: a taxa Selic, determinada pelo Banco Central, é uma ferramenta usada para controlar a inflação; aumentar os impostos também puxa os preços para cima, o que tende a reduzir a quantidade de moeda na economia, afetando a demanda e, portanto, a inflação.
E por que a Selic tem poder sobre a inflação?
Um exemplo prático: quando a Selic aumenta, o acesso ao dinheiro (crédito, empréstimos, financiamentos) fica menor e o consumidor para de fazer maiores gastos. No longo prazo, essa estratégia controla a inflação por gerar menor demanda e, consequentemente, oferta mais barata.
Na prática, portanto, aumentar a Selic ou mantê-la estável é uma maneira de conter o aumento dos preços (o IPCA).
Por outro lado, quando o Banco Central deseja estimular a economia, fazer o dinheiro circular mais e, por consequência, aumentar a inflação, a Selic diminui.
A inflação é sempre ruim?
Não. A inflação, quando controlada, é um sinal de que a economia está aquecida e crescendo de forma saudável: por isso é preciso ter inflação – e isso vale para todos os países.
O Brasil, inclusive, tem uma meta anual de inflação para dar segurança para a economia. Essa é uma forma de garantir que a economia brasileira continue em crescimento e os preços, controlados.
Ter um índice de inflação controlado também garante previsibilidade de longo prazo. Mas como assim?
Isso significa que investidores e empresários conseguem apostar e investir no país com maior tranquilidade, trazendo mais dinheiro para a economia – e perspectivas para os próximos meses ou anos.
A inflação é ruim para a economia de um país quando não é controlada e quando atinge níveis muito altos, situação chamada de hiperinflação. Aí sim, ela é (e muito) prejudicial.
O que é hiperinflação?
A hiperinflação é o chamado movimento inflacionário “irracional” – ou seja, algo que continua ocorrendo sem um motivo claro, gerando um cenário de descontrole de preços.
Os índices de inflação chegam a atingir mais de três dígitos e os preços, alta de 50% em um mês. Neste cenário, a moeda se desvaloriza rapidamente e os consumidores perdem, cada vez mais, poder de compra.
Na maioria das vezes, o descontrole nas contas públicas leva uma economia a atingir o estado de hiperinflação.
O Brasil já passou pela hiperinflação: entre as décadas de 1980 e 1990, os preços cresciam descontroladamente e a inflação ultrapassava os 80% ao mês. Os preços mudavam do dia para a noite e a escassez de produtos era violenta.
O que é deflação?
A deflação é o contrário de inflação e acontece quando os preços, ao invés de subirem, diminuem.
Ela tem como principal o aumento da oferta de produtos e falta de demanda para compra. Mas também pode ser consequência de uma recessão econômica, em que os consumidores tendem a consumir menos e forçam as empresas a diminuírem cada vez mais os seu preços.
O aumento da oferta de produtos ou serviços também pode levar a uma deflação pontual. Neste caso, ela não é alarmante para uma economia – o problema tende a aparecer quando um país enfrenta uma deflação contínua por um grande período de tempo, de cerca de um ano.
Por que a deflação é ruim para uma economia?
Um dos reflexos da deflação é a falta de consumo: as pessoas sabem que o preço de tudo sempre tende a baixa e adiam seus gastos; as empresas não vendem e, consequentemente, não lucram. Isso faz com que a economia geral encolha. A deflação é tão prejudicial quanto a inflação descontrolada.
A deflação aconteceu poucas vezes no Brasil, uma delas na década de 1930, como reflexo do crash da economia dos Estados Unidos.
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