Sabe quando você decide organizar as compras para um churrasco de família ou um feriado na praia e descobre, no fim das contas, que muita coisa sobra, e outras tantas faltam? Ou quando faz a compra mensal no mercado e descobre que pegou mais do que devia de alguns itens e menos de outros?
Isso não é necessariamente resultado de um mau planejamento. A verdade é que nosso cérebro tem dificuldade de estimar grandes quantidades, como explica um estudo da Universidade de Richmond.
Aplicando o conceito para a compra de supermercado, quanto maior a escala (uma festa, uma viagem, um mês inteiro de uma família), mais difícil de mensurar o que precisamos de fato adquirir ou não. Mas concentrar as compras em uma só visita tem, sim, seus benefícios.
Conheça o lado bom e o ruim de optar por intervalos longos ou curtos na hora das compras.
Vantagens e desvantagens das compras
Na compra de dois itens, o terceiro é de graça. Pacotão lacrado com dez unidades. Rolos e mais rolos de papel higiênico. Dá gosto de ver o carrinho cheio, e de pensar na economia de tempo e dinheiro que a famosa compra do mês pode proporcionar.
Mas lembre-se de que a rotina de compras, antes de mais nada, deve ser adequada à sua realidade.
Pessoas com renda variável, ou que recebem por diária de trabalho, talvez tenham dificuldade de planejar o orçamento para uma grande compra – e o Brasil tem hoje mais de 40% de seus trabalhadores na informalidade, muitos dos quais não têm a segurança de um pagamento fixo mensal.
O transporte também é um ponto de atenção: quem não tem carro enfrenta problemas para carregar compras grandes, e os descontos podem ser perdidos para pagar um táxi ou a taxa de entrega. Muitos também têm dificuldade de estimar o que vão precisar para períodos mais longos, e aí é melhor diminuir o tamanho da compra para não gerar desperdício.
Uma pesquisa de 2020 da UFPE sobre consumo por impulso mostrou que esse tipo de compra sem pensar é provocada por diversos estímulos, e evitar a exposição recorrente a eles ajuda a não ceder às tentações.
Assim, tudo o que tiver prazo de validade longo pode ser comprado de uma só vez, como alimentos não perecíveis (arroz, feijão e enlatados), produtos de higiene e produtos de limpeza doméstica.
Essa também é a melhor chance de aproveitar ofertas por quantidade, estocando em casa por prazos mais longos. Considere, claro, a validade, o orçamento, e o espaço para armazenar os produtos.
Mesmo com uma grande compra por mês, é comum outras passadas rápidas na feira ou supermercado para se abastecer de alimentos perecíveis como carne, iogurte, queijo e frutas.
O fator da tentação da compra
Lojas, supermercados, serviços, e qualquer relação comercial tem um objetivo principal: vender mais ou criar relacionamentos duradouros com seus amados clientes.
No seriado “Todo Mundo Odeia o Chris”, o pai do protagonista, Julius (Terry Crews), é conhecido por ser um verdadeiro mão de vaca, e um de seus conselhos se tornou popular: “Se eu não comprar nada, o desconto é bem maior”. Ele responde isso a um vendedor que tenta empurrar um pacote de assinatura caso compre uma televisão. Julius pode estar certo.
Um desconto inesperado pode te levar ao Dilema de Julius, gastando com algo que nem precisava ou desejava só para aproveitar o preço mais baixo.
Para evitar cair nos estímulos, tente manter a concentração no objetivo da compra e focar nos produtos que te levaram até lá. Uma lista costuma ajudar na tarefa de escapar das arapucas.
Então compensa mais fazer compra mensal ou semanal?
Depende. Entenda melhor seu perfil de consumo para fazer a escolha.
Prefira compras mensais se:
- Seu pagamento é regular e permite manejar valores mais altos de uma só vez;
- É possível para você transportar grandes quantidades de itens;
- Tiver facilidade em planejar compras maiores;
- O tempo for um fator muito importante no seu cotidiano;
- É difícil para você controlar os estímulos que levam a comprar por impulso.
Compras semanais vão funcionar melhor para você se:
- Descontos são aliados e não um convite a comprar tudo o que esteja em oferta;
- Sua remuneração não é fixa ou estável;
- A maior parte da sua cesta é composta por itens perecíveis;
- Múltiplas visitas ao supermercado não atrapalharem sua rotina;
- Não tiver um mercado perto de casa ou carro para carregar as compras.
Vale mais a pena contratar um plano anual ou plano mensal?
Quando o assunto é plano de assinatura – de TV, streaming, academia… – alguns serviços são oferecidos com períodos estendidos, e o cliente recebe descontos por se fidelizar à marca, geralmente com planos anuais.
Essa é uma excelente estratégia de economia doméstica quando se trata de itens que você já conhece, confia, gosta, faz uso recorrente e pode pagar. Mas, se uma dessas condições não for atendida, o plano anual pode ser uma cilada.
Se, por exemplo, um serviço de streaming lança um filme ou série interessante, mas não tem um catálogo tão atraente, você pode assinar apenas pelo período mínimo para assistir a esse conteúdo específico. Outra série incrível apareceu depois de alguns meses? Você sempre pode assinar de novo por mais um período. É melhor do que continuar pagando por algo que não traz benefício frequente.
A academia é um dilema clássico: no momento da contratação vem aquela animação, a certeza de que você vai usar pelo ano inteiro, e que é mais barato pagar o anual do que o mensal.
Mas vale lembrar que as estatísticas não jogam a nosso favor. Um estudo recente mostrou que apenas 3,7% dos alunos permanecem na academia por mais de 12 meses.
Nesse caso, é melhor optar pelo valor mensal do que correr o risco de se amarrar em um contrato pelo restante do ano sem desfrutar dele. A menos que isso sirva de motivação para seguir em frente com os exercícios, o plano pode ser estendido quando já estiver engrenado na nova rotina.
Isso também serve para aquilo que você ainda não conhece bem. Antes de assumir um compromisso de longo prazo, ganhe intimidade o que está contratando, aproveite para testar gratuitamente quando há essa opção, e experimente planos mais curtos até ter certeza de que você gosta do que é oferecido.
Em todos os casos, é importante fazer as contas e entender o tamanho do desconto, revisando também as regras para cancelamento. Se a multa for grande, o desconto torna-se um risco, e talvez passe a não compensar. Planos trimestrais ou semestrais podem ser uma boa saída para escapar de ciladas.
Compra em clube por assinatura vale a pena?
Alguns clubes por assinatura oferecem periodicamente produtos entregues em casa – como cervejas, vinhos, livros, jogos, produtos para pets e uma infinidade de possibilidades. Teoricamente, por comprar um lote do produto com diversas outras pessoas, o desconto é garantido.
Para avaliar se compensa fazer parte de um clube, aplica-se a mesma regra do uso frequente. Se você costuma comprar com a mesma periodicidade aquela quantidade de vinho, por exemplo, o desconto vai cair bem — e ainda possibilitar conhecer alguns rótulos novos.
Mas, se você bebe ocasionalmente, e as garrafas tendem a se empilhar em um cômodo da casa, aí então o clube não é para você.
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