Talvez você já conheça alguns efeitos comuns de uma frente fria inesperada, como a que o Brasil enfrentou em julho e agosto de 2021. Dos problemas mais leves, como um pé gelado, aos mais graves, como o risco que o frio representa a pessoas mais vulneráveis, uma variação climática grande afeta seu conforto, sua saúde… E, acredite, o seu bolso.
Em paralelo a isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, no dia 9 de agosto de 2021, um relatório com previsões alarmantes sobre o futuro climático do planeta nos próximos anos caso medidas extremas não sejam tomadas. E isso também tem a ver com dinheiro.
Mudanças no clima podem trazer consequências de curto e longo prazo que impactam bastante a economia. Entenda abaixo.
Pequenas mudanças, enormes consequências
No início da década de 1960, o meteorologista americano Edward Lorenz descobriu que mudanças climáticas aparentemente simples podem trazer consequências enormes (e desconhecidas) no futuro.
Um dia, quando testava um programa de computador que simulava o movimento de massas de ar, Lorenz digitou um número com algumas casas decimais a menos do que o correto para ver o que aconteceria. Ele esperava que o resultado final mudasse pouco, mas essa pequena alteração transformou por completo o padrão das massas de ar.
Segundo ele, era como se “o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas”.
Ou seja: como se algo aparentemente simples pudesse trazer consequências profundas. É daí que vem a famosa expressão “efeito borboleta“.
E o que isso tem a ver com o clima e a economia?
Tudo – afinal, mudanças aparentemente pequenas no clima podem gerar efeitos enormes em economias do mundo todo, e acabar impactando a vida de bilhões de pessoas.
A temperatura caiu, o preço subiu
A onda de frio que atingiu o Brasil em julho e agosto de 2021 é um exemplo de como uma mudança no clima pode impactar imediatamente a economia.
Agricultores do Sul e do Sudeste, por exemplo, tiveram perdas milionárias com lavouras inteiras queimadas pelo gelo, folhas congeladas e plantinhas jovens que não desenvolveram direito. Em Santo Antônio da Alegria, no interior de São Paulo, por exemplo, o prejuízo estimado por um único produtor é de R$ 5 milhões.
Algumas produções afetadas foram de milho, café, banana e cana-de-açúcar.
Isso está levando à diminuição da oferta desses e de outros itens do dia a dia de milhões de pessoas. Com menos oferta e procura igual, o preço desses produtos tende a aumentar, pressionando a inflação e impactando seu bolso.
O aumento não fica restrito só àqueles itens. O milho, por exemplo, é usado para alimentar bois, vacas, porcos e aves. Se o preço do milho aumenta, produtores gastam mais com rações, e isso deve se refletir no valor final da carne.
A cana-de-açúcar, por outro lado, é usada para produzir etanol. Quando o preço da cana aumenta, é provável que o valor do etanol para o consumidor final também aumente. Com isso, o transporte fica mais caro.
Ou seja: esse frio todo que muitas pessoas sentiram também impactou as plantações, e está se refletindo no preço de muitos produtos consumidos regularmente.
O clima afeta o que você quer consumir
Não é só o plantio que é impactado por mudanças de temperatura. O que as pessoas querem consumir também muda bastante. Um exemplo é o que aconteceu no Rio de Janeiro, no verão de 2019.
Naquele ano, um calor intenso atingiu o estado e fez, entre outras coisas, o consumo de sorvetes disparar. Com sensação térmica que chegava aos 50ºC em algumas regiões, as vendas aumentaram mais de 30% nas duas primeiras semanas do ano.
Na época, sabores mais refrescantes, como tangerina, sumiram. Para dar conta da alta demanda, as fábricas tiveram que funcionar de segunda a segunda, dobrar a compra de algumas frutas e investir em veículos para entrega.
Ou seja: o aumento nas temperaturas do Rio de Janeiro impactou toda uma cadeia de produção.
A Terra está ficando mais quente
Os últimos seis anos foram os mais quentes já registrados desde 1880, época em que a era industrial estava começando. Em 9 de agosto de 2021, a ONU soltou um relatório que chamou de “alerta vermelho” sobre o aquecimento global.
Segundo este relatório, a não ser que mudanças drásticas aconteçam, a temperatura média da Terra deve ficar 1,5ºC mais alta do que no período pré-industrial. E esse é um dado bem preocupante.
Existe um tratado mundial chamado Acordo de Paris com a meta de não deixar a temperatura da Terra ultrapassar esse patamar. O motivo para isso é que, a partir desse ponto, os cientistas preveem que as subidas de temperaturas devem causar consequências bem sérias no planeta.
Com um aumento de 2ºC, por exemplo, as geleiras do mar do Ártico derreteriam a cada 10 anos no verão, segundo outro relatório da ONU. Isso elevaria os níveis do mar, inundaria cidades e tornaria o oceano mais ácido, impactando os ecossistemas marinhos e, consequentemente, a pesca e a agricultura.
Com isso, várias espécies poderiam desaparecer, e aumentariam os riscos de pragas e incêndios florestais, por exemplo.
Também nesse cenário, algumas regiões do mundo seriam impactadas por chuvas intensas e ciclones muito fortes com mais frequência, causando erosão do solo e enchentes. Enquanto isso, outras regiões sofreriam com secas extremas.
Se algumas poucas semanas de frio em uma região do Brasil impactam os preços no supermercado, você consegue imaginar o que aconteceria com todas essas mudanças drásticas no clima mundial?
Como o planeta é um grande ecossistema em que tudo está conectado, uma mudança pequena gera um efeito em cascata com consequências enormes no longo prazo. E, assim como esse grande ecossistema, a economia global é interligada, e também deve sofrer consequências.
O que aconteceria com a economia?
Nesse caso dos 2ºC mais quentes, um relatório da empresa de seguros Swiss Re mostrou que a economia global pode perder 10% de seu PIB até 2050. Se a temperatura crescer um pouco mais e chegar a 3,2ºC, a perda chegaria a 18%.
Só que não é que o mundo inteiro sentiria isso igual. Países do Sudeste asiático, por exemplo, como Indonésia e Filipinas, poderiam perder quase 40% do seu PIB, enquanto países como Estados Unidos e Canadá perderiam cerca de 9,5%.
Ou seja: ainda que o aquecimento seja global, os efeitos são sentidos de forma diferente em cada lugar do mundo.
E tudo indica que quem vai sofrer mais são justamente os países com menos poder econômico para lidar com isso.
Ou seja: o clima tem tudo a ver com a economia
Da carne mais alta no mercado a perdas bilionárias nos PIBs, as mudanças climáticas podem ter um impacto enorme no bolso de bilhões de pessoas. Por isso, é importante começar a discutir esse assunto e cobrar mudanças sérias nas empresas e nos governos. Os riscos são grandes demais para não se fazer nada.
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