A pandemia do coronavírus afetou significativamente empresas em todo o país – e foram as mulheres que mais sentiram os efeitos em seus negócios. Em 2020, 62% das empresas com mais de 3 anos de existência lideradas por mulheres no país fecharam as portas – incluindo aí MEIs.
O motivo para as mulheres terem sido mais impactadas pela crise é que, de saída, elas já encontram dificuldades dobradas com a jornada dupla, em casa e no trabalho. É isso que aponta a 5a edição do Data Nubank, um estudo do Nubank em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o SEBRAE sobre o empreendedorismo feminino na pandemia.
Mesmo antes da crise sanitária, elas já dedicavam 10,4 horas a mais que homens por semana para atividades domésticas e de cuidado com a família, segundo o IBGE. Com o fechamento de creches e escolas, também foram elas as primeiras a sofrer com o acúmulo de jornadas de trabalho, o que impossibilitou muitas dessas mulheres de darem continuidade às suas carreiras.
Empresas femininas fecharam mais
Logo no início da pandemia, uma das primeiras medidas adotadas para tentar conter a disseminação do vírus foi a restrição de circulação das pessoas, e isso, claro, impactou toda a economia.
Como mostra o Data Nubank, caiu a demanda por atividades de serviços pessoais, como de cabeleireira e manicure, alojamento (albergues, pensões, campings), bares, restaurantes e comércio de rua – que são algumas das principais atividades exercidas pelas mulheres.
Os dados da PNAD, utilizados no estudo, mostram que, no pior período da crise, o segundo trimestre de 2020, o número de mulheres empreendedoras (Empregadoras + Conta Própria) em atividade, formais e informais, caiu 15%.
Já entre os homens empreendedores houve uma queda de 10%. Ou seja: todo mundo sentiu os efeitos, mas, em termos percentuais, elas apresentaram uma diminuição 50% maior do que a deles.
Quando o recorte do dado é sobre as empresas estabelecidas, ou seja, com mais de 3,5 anos de funcionamento, o tombo é ainda maior. Mais de 60% dessas empresas lideradas por mulheres encerraram suas atividades durante a pandemia no Brasil, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2020) usados na análise do Data Nubank.
Como aumentou o número de empresas nascentes?
Os dados mostram também que, no Brasil, empresas foram criadas durante a crise gerada pela pandemia – especialmente MEIs. São considerados negócios nascentes aqueles com até 3 meses de operação e/ou que ainda não têm seu próprio negócio, mas que nos últimos 12 meses realizou alguma ação visando ter um.
Entre as empresas nascentes, subiu 49% o número de negócios liderados por mulheres, de acordo com dados do GEM 2020. Na mesma base de comparação, o aumento dos empreendimentos chefiados por homens foi de 7%.
O que, à primeira vista, parece um bom sinal, deve ser observado com cuidado. Na verdade, isso indica que, em momentos menos promissores da economia, as mulheres ingressam no empreendedorismo por necessidade, e não como uma escolha de trajetória profissional, como mostra um estudo do SEBRAE de 2019 utilizado na análise do Data Nubank.
Em outras palavras: é muito diferente decidir ser dona de um negócio e se planejar para isso do que começar a operar por necessidade – gerar uma fonte de renda para pagar as contas, alimentar a família, pagar dívidas.
Ou seja, no cenário de crise que se desenrolou em razão da pandemia de Covid-19, as empresas que já estavam estabelecidas, lideradas por mulheres, fecharam mais as portas. E outras tantas surgiram em resposta à falta de oportunidades no mercado formal.
Para conhecer mais a fundo o cenário e as consequências disso, acesse o estudo completo do Data Nubank.
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Este texto faz parte da missão do Nubank de lutar contra a complexidade do sistema financeiro para empoderar as pessoas – físicas e jurídicas. Com a conta PJ, queremos ajudar donos de pequenos negócios, empreendedores e autônomos a focarem no que realmente importa. Saiba mais.