A promessa de fazer um planejamento financeiro para terminar o mês no azul, sair das dívidas e organizar as contas segue na sua lista de metas. Reconheceu a cena? Não se preocupe, você não é a única pessoa que carrega objetivos financeiros ano após ano sem, muitas vezes, tirá-los do papel.
Uma pesquisa do Banco Central com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostra que 65% dos brasileiros afirmam que não têm segurança sobre seu futuro financeiro. O número é reflexo dessa falta de planejamento.
Já se perguntou por que isso acontece? Existem muitos fatores que fazem um planejamento falhar, mas o principal deles é a falta de um plano adequado à sua realidade.
Muitas vezes, na ansiedade de querer organizar as finanças, aquela receita da internet parece servir bem. Daí, quando está tudo no papel, o plano não se sustenta. É que faltou o elemento mais importante nessa conta: você.
É claro que um bom planejamento financeiro tem pontos básicos e importantes, que devem sim ser aplicados, não importa a sua realidade. Contudo, são os fatores pessoais que tornam esse plano efetivo, executável e sustentável.
Veja, abaixo, como começar suas metas financeiras de uma vez por todas.
Como “me colocar” no planejamento financeiro?
Não importa se você tem dívidas agora, se está apenas em meio a uma desorganização financeira ou se já investe: antes mesmo de começar a fazer contas, o primeiro passo é se conhecer e entender o que quer.
O ponto de partida do seu planejamento financeiro envolve tudo aquilo que importa na sua vida.
Para descobrir isso, estas perguntas podem ajudar:
- O que deixa o seu dia mais leve?
- O que você gosta de fazer?
- Do que você não abre mão?
Veja, na prática, como seria:
Suponha que você fez o exercício e descobriu que fazer tortas e sair com o cachorro deixam seu dia mais leve. Além disso, você gosta de cozinhar quando está em casa, ama viajar e não abre mão de tomar café na padaria com seu pai – só para ficar em alguns exemplos.
Dá para ir mais longe no exercício e projetar cenários futuros. Como? Respondendo a estas perguntas:
- Qual é o seu sonho de verdade? Aquilo que é realmente só seu?
- O que você gostaria de fazer que não consegue realizar agora?
Depois de muito pensar, você concluiu que quer estudar gastronomia e abrir um restaurante só de tortas.
E o que tudo isso tem a ver com um planejamento financeiro?
Agora que você sabe o que é importante de verdade e quais são seus maiores sonhos, é hora de construir um planejamento financeiro considerando tudo isso. Dificilmente alguém vai ter um plano igual ao seu, porque o que é prioridade para você pode não ser para outra pessoa – e está tudo bem.
É aqui que entra outro fator importante do planejamento: entender seu papel. Ao contrário do que muita gente pensa, o planejamento financeiro não é para engessar sua vida. Na verdade, ele serve para garantir que você realize seus planos e tenha, no seu dia a dia, acesso àquilo que torna sua vida mais leve e gostosa.
Em resumo, um bom planejamento financeiro não é só sobre contas e planilhas, mas sobre os seus sonhos, sua tranquilidade e seus momentos de alegria agora e no futuro.
“Somente quando você entende tudo isso é que é possível começar a fazer o controle do seu orçamento”, afirma Florence Correa, planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar).
Descobri o que é importante, e agora?
Antes de mergulhar no orçamento, um passo importante no planejamento é anotar o que é fundamental para você, deixar visível em algum lugar e priorizar: pegue todos os itens levantados no primeiro exercício e coloque em ordem de importância.
Veja o exemplo:
- Sair com o cachorro;
- Fazer tortas;
- Café na padaria com o pai;
- Cozinhar em casa;
- Viajar
Além disso, também é preciso transformar aqueles grandes sonhos em metas realizáveis. No exemplo acima, “estudar gastronomia” e “abrir um restaurante” não são metas. Por quê? Porque metas precisam ser específicas, ter preço e prazo.
Olha a diferença: entrar na turma de gastronomia da Universidade X, em São Paulo, em julho de 2024.
Agora, o seu sonho é uma meta, mas ainda não está realizável. É preciso colocar um custo nesse objetivo para inserir no planejamento: quanto custa a mensalidade dessa universidade? E a matrícula? E os materiais? O que é preciso fazer para entrar nela?
Veja aqui como transformar sonhos em metas realizáveis. Faça esse primeiro passo antes de voltar para o planejamento.
Mão na massa: hora da investigação
Neste passo, você vai dar uma de detetive. É aquele momento de verificar tudo o que entra na sua conta e tudo o que sai. É aqui, inclusive, que muita gente empaca porque é preciso anotar todos os gastos por, pelo menos, um mês.
“É chato no começo, mas depois é como escovar os dentes. Muitas vezes eu também não gosto de fazer esse controle, mas faço, porque meus planos dependem disso”, afirma Florence Correa.
É nessa fase que você descobre o destino do seu dinheiro e se choca ao descobrir que ele não estava indo para o que te deixa feliz. É por isso que é necessário entender suas prioridades e metas primeiro, pois são elas que deixam essa investigação mais divertida.
Esse acompanhamento dos seus gastos pode ser feito de qualquer forma: com papel, planilha, aplicativo. Escolha o que faz mais sentido e que fará você manter o hábito de anotar.
Lembre-se: essa anotação não precisa ser para sempre. Um mês já ajuda, mas se suas contas estiverem um caos, faça por pelo menos dois ou três meses para ter uma melhor visão dos seus gastos médios.
“Anotar tudo é se entender através dos números. É aqui que você descobre os lugares para onde o dinheiro está indo, aqueles gastos que sequer estão gerando prazer, gastos excessivos e aqueles gastos que você nem sabia que tinha”, explica Florence.
O que fazer com todas essas informações?
Com o mapa dos seus gastos em mãos, separe um tempo para projetar os gastos futuros, dos próximos três ou mesmo seis meses. É aqui que seu planejamento financeiro ganha forma.
Esse desenho pode ser feito em qualquer ferramenta que seja fácil e acessível. A ideia não é criar algo que seja difícil de acessar no dia a dia porque assim você tende a abandonar o esforço.
Separe uma manhã ou tarde para essa tarefa: você vai precisar fazer algumas ligações para cancelar ou renegociar serviços. A ideia é limpar seu orçamento e deixá-lo mais saudável e de acordo com a sua realidade, não importa se já sobrava dinheiro no fim do mês ou não.
Veja como fazer
Elimine os gastos que te surpreenderam: encontrou mensalidades de um streaming que você nunca acessou? Cancele o serviço. Ainda está pagando aquela academia que não frequenta mais há meses? Cancele a matrícula. Esta é a hora de pegar o telefone e tirar da frente os gastos de produtos e serviços que você não usa ou usa muito pouco.
Volte à pergunta do que te faz feliz: mesmo que você use com frequência um serviço que não traz prazer, e ainda rouba tempo de coisas que você realmente gosta, talvez seja hora de deixá-lo para trás.
Elimine os gastos que não fazem o menor sentido para você: gastou demais com algum serviço ou produto nos últimos meses e você nem sabe o motivo? Nem projete estes custos no seu orçamento dos próximos meses.
Reduza os gastos variáveis: você pode até achar que sua internet não está tão cara assim, mas não custa ligar para a operadora e tentar um valor menor. Tudo o que for variável e for possível negociar, esta é a hora!
Negocie os gastos fixos: o aluguel está muito pesado? Converse com o dono do imóvel. A mensalidade da sua faculdade está muito alta? Tente um desconto.
Estabeleça limites
Depois dessa limpeza, é o momento de estabelecer limites de gastos, considerando os fixos, os variáveis, os importantes, os extras e as metas. Entenda, abaixo, cada caixinha:
Gastos fixos: são aqueles cujo valor não muda com o consumo. É o aluguel, a mensalidade da faculdade ou daquele curso que você faz, por exemplo. Para estes gastos, o limite é o próprio valor a ser pago.
Gastos variáveis: são aqueles que variam com o consumo. É o caso das contas essenciais, como luz, água e gás. Aqui, a atenção é evitar o desperdício e o excesso de consumo. Estabelecer um limite para cada gasto variável acaba sendo uma forma de controlar o consumo – como se fosse uma meta a ser batida. O ambiente e o seu bolso agradecem.
Gastos importantes: é aqui que entram aqueles gastos que são referentes às coisas importantes para você. Essa caixinha torna seu planejamento financeiro sustentável.
O café na padaria é importante e te faz feliz? Não corte, mas estabeleça um limite de gastos possível, dentro do seu orçamento, para acabar não gastando além do que pode. Lembre-se de que um bom planejamento deve prever aquilo que é sua prioridade, por isso ele é único, mas você precisa fazer isso dentro da sua realidade.
Metas: sim, suas metas precisam estar no seu orçamento. Essa é outra caixinha que faz com que seu planejamento seja possível de ser seguido. Você transformou seus sonhos em metas com prazo e preço. Agora é pegar esse custo total do seu sonho e dividir pelo prazo para entender quanto você precisa juntar por mês para realizá-lo no prazo que definiu.
Por exemplo: você pesquisou e calculou que, para fazer o curso de gastronomia em julho de 2024, vai precisar ter guardado até lá mais ou menos R$ 20 mil. Ou seja, é preciso juntar R$ 667 por mês para ter esse valor. Só de ter essa informação, você sabe se é possível chegar lá. Faça isso para cada meta que tem.
Extras: abriu uma loja nova de pet na sua rua e você não resistiu e fez aquela comprinha para deixar seu dog feliz? Tudo bem, desde que estes gastos estejam de alguma maneira previstos. Essa caixinha é justamente para isso: é um dinheiro para gastar com o que quiser no mês.
Fez tudo isso e ainda ficou no vermelho? Veja o que fazer
É comum que, mesmo depois de fazer cortes de algumas coisas, negociar outras e estabelecer limites para cada gasto, o seu custo final ainda fique maior do que seus ganhos. Gastar mais do que recebe é um dos principais problemas dos brasileiros hoje. Estudo do Banco Central com a Febraban mostra que 69,4% dos brasileiros empatam ou gastam mais do que ganham.
“A dica de ouro do planejamento é justamente gastar menos do que ganha. Essa é a premissa da organização financeira. Para sair dessa situação, é preciso alterar os planos”, afirma a educadora Ângela Tosatto, analista do Nubank.
Na prática, mudar os planos é seguir alguns caminhos. Um deles é voltar em cada caixinha, fazer cortes e reduzir limites.
É nesta hora que você vai usar a sequência de prioridades que desenhou nos primeiros exercícios. Se o café da padaria está em primeiro lugar na lista de coisas que são importantes, mantenha, mas reduza o limite gasto neste item. Agora, se ele está em último lugar e existem outras coisas mais importantes, é hora de cortar esse gasto.
Veja como fazer essa revisão das caixinhas na prática
Gastos fixos: certifique-se de que já negociou e conseguiu reduzir esses custos.
Gastos variáveis: é nessa caixinha que você vai atuar. Como esses gastos dependem do consumo, reduza o consumo.
Gastos importantes: é para cortar? Não, mas aqueles custos que estavam no fim da lista das suas prioridades precisam ser reavaliados e, se possível, limados. Mas atenção: não elimine tudo dessa lista, é importante manter o elemento “prazer” no orçamento para que o planejamento seja sustentável.
Metas: aqui também tem margem para reduzir seus custos. Em primeiro lugar, dependendo da sua situação, é melhor ter uma meta do que três. Mantenha aquela que é mais importante. Depois, analise se é possível reduzir o custo dessa meta ou estender um pouco o prazo para realizá-la, reduzindo, assim, o valor mensal dedicado a ela. O importante aqui é manejar e não cortar a meta do orçamento.
Extras: outra caixinha em que é possível mexer. Aqui, dependendo da sua situação, reduza o limite de gasto estabelecido ou mesmo elimine esse custo do seu orçamento, mas de forma temporária – só até conseguir equilibrar todo o resto. Estabeleça um prazo para essa caixinha voltar. Lembre-se: o que tem prazo para terminar é mais fácil de seguir.
Renda extra é um caminho
Outro caminho é aumentar a sua renda, seja estudando para ser promovido, seja fazendo algum trabalho extra, se for possível. A ideia não é trabalhar 24 horas, por sete dias na semana. Lembre-se de manter o equilíbrio e, se for fazer horas extras no trabalho para ter uma sobra no final do mês, estabeleça um limite e um prazo para que essa jornada acabe.
“A gente tem que focar na realidade em que a gente está inserido e não deixar, na medida do possível, de olhar para a carreira. Conhecimento é um dos melhores investimentos. É isso que vai fazer a gente ganhar mais”, explica Ângela Tosatto.
Tudo isso que você viu até aqui é o que torna o seu planejamento financeiro único e sustentável. Essas premissas servem para todo mundo. Para quem está apenas desorganizado, esse planejamento já ajuda a eliminar o problema.
Contudo, existem pessoas com problemas específicos, como endividamento. Como colocar isso no orçamento? Veja abaixo.
Como pagar dívidas e sair do vermelho?
Você leu até aqui, mas não seguiu todos os passos por que tem dívidas? Não é só você. De acordo com os dados mais recentes da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o número de famílias brasileiras endividadas bateu recorde em 2021: quase 71% fechou o ano com dívidas, o maior número em 11 anos.
Como colocar as dívidas no planejamento financeiro e se livrar delas?
Antes de qualquer coisa, os passos que você viu até agora servem para qualquer pessoa, mesmo para quem tem dívidas. Neste caso, contudo, há algumas diferenças que devem ser consideradas ao longo do caminho.
Na fase de investigação, por exemplo, além de levantar todos os gastos, quem tem dívidas também precisará levantar todos os débitos. Liste tudo.
“Pode ser no papel mesmo, mas é para colocar todas as dívidas que você tem, desde o cartão de crédito até a conta que você pendurou na lojinha da sua rua. É o momento para ter consciência da sua realidade financeira”, afirma Ângela Tosatto.
Nessa lista, são necessárias ainda duas informações: o valor da dívida inicial e a taxa de juros desse débito. Por exemplo: se você contratou um empréstimo, qual é o valor que você contratou de fato? Muitas vezes, sua dívida está em R$ 10 mil agora, mas você tinha contratado apenas R$ 2.000 e nem se lembrava disso.
Conhecer os juros também é importante. Essas informações vão te ajudar na hora de renegociar.
Priorize as dívidas
Depois da investigação dos gastos e das dívidas, entra aquele momento de projetar e organizar os gastos futuros. Para quem tem dívidas, este é o momento de priorizar e renegociar, levando em conta alguns pontos importantes. Veja na prática.
Na sua lista de dívidas tem, por exemplo:
- Pai: R$ 2.000 – 0% de juros
- Lojinha de ingredientes da torta – pendurei R$ 800 – 0% de juros
- Cartão de crédito: R$ 5.000 – rotativo (13,28% ao mês de juros) – valor inicial da dívida: R$ 1.500
- Empréstimo pessoal: R$ 8.000 – 3,70% ao mês de juros – valor inicial da dívida: R$ 4.000
- Cheque especial: R$ 3.000 – 7,62% ao mês de juros – valor inicial da dívida: R$ 800
Antes de sair negociando uma por uma, ordene as dívidas dos juros mais altos para os mais baixos. “Em linhas gerais, você prioriza a dívida mais cara (que cobra maiores juros). Mas, às vezes, a regra pode não ser essa. Por exemplo, se a pessoa deve para um amigo ou familiar, pode ter outras questões envolvidas que façam essa dívida ser prioritária”, explica Florence Correa, da Planejar.
Os valores das dívidas são apenas exemplos, mas os juros do cartão de crédito, empréstimo pessoal e cheque especial foram as médias praticadas pelo mercado em dezembro de 2021, segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Entender os valores médios é importante, mas busque conhecer exatamente o valor dos juros das dívidas que você tem. Esse dado consta no contrato do empréstimo que você tomou. Se não encontrar, pergunte ao seu banco – ele é obrigado a te informar.
Inserindo as dívidas no planejamento financeiro
Não pule esta etapa se você quiser pagar suas dívidas sem se enrolar de novo. Com o mapa dos gastos e das dívidas em mãos, é hora de fazer aquela limpeza no seu orçamento, como você viu acima.
A diferença aqui é que os cortes serão mais radicais e os limites serão mais reduzidos. Veja na prática:
Gastos fixos: garanta que você negociou para reduzir esses custos.
Gastos variáveis: a ideia é reduzir o consumo para baixar o valor dos boletos.
Gastos importantes: sim, estes são aqueles gastos que lhe dão prazer. Contudo, se você está em uma situação de inadimplência ou alto endividamento, a ideia é cortar o máximo que puder desses gastos até quitar as dívidas. Não precisa cortar tudo e lembre-se de que é uma situação temporária.
Metas: a meta, para quem está endividado, é pagar os débitos. Os outros objetivos ficam em segundo plano, por enquanto.
Extras: dependendo da sua situação, reduza ao máximo o limite desse gasto ou mesmo corte.
Tanto para os gastos importantes, como para metas e extras, é preciso estabelecer um prazo para que eles voltem para o seu planejamento. Como são custos que lhe trazem prazer, eles precisam retornar em algum momento.
“Nos casos de endividamento, é preciso cortar tudo o que é possível, até mesmo o que você gosta, mas é temporário, até colocar ordem na casa”, reforça Florence. A planejadora ainda explica que, à medida que for pagando as dívidas, coloque as caixinhas que eliminou de volta no orçamento, em ordem de importância.
Um caminho para que estes cortes não sejam tão drásticos é tentar aumentar a sua renda, se possível e lembrando que um esforço maior de trabalho deve ter data para terminar.
Estratégia para pagar as dívidas
Agora que você já conhece todas as dívidas que tem, sabe o custo de cada uma e já fez aquela limpeza no seu orçamento, é o momento de montar uma estratégia para pagar os débitos.
Para começar, renegocie cada dívida. Você vai usar o valor inicial que contratou como argumento na hora dessa negociação. Tente chegar o mais próximo desse valor.
Se você tem muitas dívidas, mas elas são muito caras – ou seja, com juros muito altos –, uma ideia é, depois da negociação, contratar um empréstimo com juros menores para pagar totalmente esses débitos.
Assim, você troca várias dívidas caras por apenas uma mais barata. Fica mais fácil controlar o orçamento. Mas lembre-se de fazer isso considerando os valores negociados.
Aqui, entra um cuidado importante: na pressa de querer pagar a dívida, você pode acabar contratando um empréstimo com uma parcela muito além do que o seu orçamento comporta. Por isso é importante não pular a etapa de organizar e limpar as suas contas.
Só assim você vai saber quanto consegue arcar com a parcela da renegociação. Em resumo, no seu planejamento financeiro deve caber o seu custo de vida, depois de todas as reduções possíveis, mais a parcela da negociação.
Como criar uma reserva de emergência?
Ter um dinheiro guardado para bancar o conserto da geladeira que quebrou do nada, trocar o pneu que furou ou comprar aquele remédio que você não esperava ter de tomar é essencial.
A reserva de emergência é aquele valor para usar quando a vida acontece sem aviso. Ela representa de três a seis meses do seu custo médio mensal. Ou seja, depois de criar o orçamento, você viu que seu custo mensal é de R$ 2.000. Dessa forma, sua reserva poderia ser de R$ 6.000 a R$ 12.000.
Se você não tem dívidas, mas não sobra para criar uma reserva financeira, os passos são os mesmos: criação e priorização de metas e coisas importantes na sua rotina, mapeamento de gastos, limpeza do orçamento, projeção do orçamento futuro, considerando os cortes e reduções.
A diferença é que criar uma reserva vira uma meta dentro do seu planejamento financeiro. E esse objetivo deveria estar nos planos de todo mundo, segundo Ângela Tosatto.
Quem tem dívidas e conseguiu uma folga no orçamento, a recomendação é também inserir a meta da reserva no planejamento.
Para as especialistas, quanto mais apertada for a renda, menos importa o valor a ser guardado. O primordial é guardar o que for possível.
“A gente entende que muitas pessoas não conseguem guardar dinheiro, mas se você conseguir guardar R$ 10 já ajuda. Se conseguir reservar R$ 50 no porquinho do Nubank por mês, por exemplo, ao final de 12 meses você vai ter mais do que meio salário mínimo. Esse valor já pode bancar uma pequena emergência”, analisa.
Onde colocar o dinheiro da reserva de emergência?
O dinheiro para urgências não pode ficar em qualquer lugar. Como pode ser usado a qualquer momento, é importante que ele fique em algum investimento seguro e que tenha liquidez imediata – ou seja, você pode resgatar a qualquer momento, sem risco de perder nada.
Em outras palavras, nada de arriscar esse dinheiro na Bolsa, por exemplo, ou colocar em produtos financeiros sem resgate imediato. Outro fator importante é manter o poder de compra desse dinheiro. Isso quer dizer que ele precisa ser corrigido, pelo menos, pela inflação.
Por isso, é importante reforçar que você não deve ter a preocupação de fazer o dinheiro da reserva render absurdamente. A ideia é que ele não perca valor com o tempo.
De acordo com a analista do Nubank, produtos com essas características são os títulos do Tesouro Selic, contas remuneradas, CDBs com liquidez diária que pagam pelo menos 100% do CDI e até a poupança, para aplicações mensais menores.
“O importante é aplicar em algum investimento que tenha essa liquidez imediata e que seja simples de aplicar para você conseguir manter o hábito”, afirma Ângela.
No caso da poupança, contudo, é preciso atentar que ela paga menos que aplicações que estão atreladas à taxa de juros. Com a Selic acima de 8,5%, a caderneta rende 6% ao ano, mais a taxa referencia.
Como começar a investir?
Montei a reserva, estou com o orçamento organizado, e agora? Com tudo isso em ordem, você pode alçar voos mais altos e começar a investir para fazer seu dinheiro render mais, se quiser.
Para isso, o primeiro passo é entender o seu perfil de investidor. Sabendo sua reação caso perca dinheiro, é possível escolher melhor os ativos que combinam com você.
Assim como no planejamento financeiro, o que facilita a manter o hábito de investir sempre é estabelecer metas. O que você quer com esse investimento? Uma aposentadoria complementar? Comprar uma casa, um carro, viajar? Dê nome aos seus investimentos. Priorize essas metas e as coloque no planejamento.
Veja aqui como começar a investir.
O planejamento financeiro deve mudar com você
Agora que você fez todo o seu planejamento financeiro, não precisa se preocupar com mais nada, né? Nada disso. Sua vida muda a todo momento e, para ser sustentável, seu planejamento precisa mudar com você.
Hoje, tomar aquele café na padaria é importante. Mas amanhã pode não ser mais e é preciso tirar isso do seu orçamento. Você estava com tudo no controle, mas, de repente, parece que seus gastos aumentaram: refaça o mapa de gastos, identifique o que mudou e reajuste o plano.
Sua meta era criar uma reserva de emergência e você conseguiu. E agora? Reveja o planejamento, crie uma nova meta, ajuste outros gastos.
Seu salário foi reduzido? Reveja tudo. Ele aumentou? Reveja também, por que não? Neste caso, o cuidado é não elevar tanto assim o seu custo de vida, mas inserir um prazer a mais ou acelerar a realização de uma meta pode ser uma opção. Veja o que funciona para a sua realidade.
O planejamento financeiro serve para te ajudar a realizar os seus planos e a viver melhor. E isso só vai funcionar se ele mudar junto com você. Bora planejar?
Este conteúdo faz parte da missão do Nubank de devolver às pessoas o controle sobre a sua vida financeira. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e a nossa história aqui.