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Empreendedorismo negro: ...

Empreendedorismo negro: 10 negócios para conhecer e apoiar

Entenda o contexto do empreendedorismo negro no Brasil e conheça algumas iniciativas que têm se destacado no mercado.



Empreendedorismo negro: mulher negra tecla em notebook azul com um relógio de pulso no braço esquerdo. O notebook está sobre uma mesa branca. Foto: @WOCInTech/Nappy

51% dos empreendedores brasileiros são negros, ou seja, pretos ou pardos segundo a definição de cor ou raça do IBGE. É o que mostram os dados do estudo Empreendedorismo negro no Brasil, feito pela Preta Hub, em 2019. Isso quer dizer que mais da metade dos negócios brasileiros são dirigidos por pessoas negras. 

Apesar do número significativo de afroempreendedores no país, o mesmo estudo mostra que 46% deles foram para os negócios por necessidade. Em outras palavras, o empreendedorismo foi uma alternativa para a geração de renda por falta de emprego. A título de comparação, entre homens brancos, por exemplo, esse percentual é bem mais baixo: 32%, segundo pesquisa do Sebrae.

Além disso, homens e mulheres negros somam apenas 15,6% dos cargos de liderança entre as empresas paulistas, como mostra um estudo da plataforma Indique Uma Preta. 

No setor de tecnologia o cenário é parecido, também com números pouco representativos. Apenas 21% das startups brasileiras têm fundadores negros ou negras. Outro ponto importante é que 49% dos negócios liderados por pessoas negras recebem investimentos, enquanto 57% das empresas de fundadores brancos são investidas, mostra um estudo da Black Rocks Startups.

Empreendedores negros encontram mais dificuldades

A realidade brasileira impõe um cenário desafiador para as pessoas negras. Os pontos de partida são diferentes e a representatividade nos ambientes corporativos não está a favor dessas pessoas. 

Em entrevista anterior ao blog do Nubank, Tatiana Santarelli, CEO da startup Team Hub, uma das empresas investidas pelo fundo Semente Preta do Nubank, nos contou que ela já sofreu preconceito em ambientes de empreendedorismo. 

“Eu sofri muita resistência. Gente dizendo: ‘isso não é pra você não’. E quando a gente olha o ecossistema, as outras startups, a gente não se identifica. Não tem alguém parecido com você. É triste”, disse.

Além dos desafios impostos pelo racismo, há também uma maior dificuldade desses empreendimentos se tornarem conhecidos. 

Vamos propor um exercício: tente lembrar, de cabeça, cinco empreendimentos que você conhece cuja direção ou uma das pessoas fundadoras é negra. Teve dificuldades? Se a sua resposta for sim, ela é reflexo, além da baixa representatividade, da pouca divulgação desses negócios pela mídia e publicidade tradicionais.

Então, vamos conhecer alguns afroempreendimentos brasileiros incríveis? Confira a nossa seleção que inclui os seis negócios investidos pelo Nubank no fundo Semente Preta. Leia mais aqui

1-  Programa Viver de Tranças

O Programa Viver de Tranças é um curso de formação para trancistas criado por Rafaela Xavier. Historiadora formada pela UFMG, ela começou a atuar como trancista para garantir uma renda extra, mas o plano B deu tão certo que virou plano A.

Rafaela Xavier tem 25 anos e é moradora de Belo Horizonte – MG

O objetivo do negócio é empoderar outras mulheres negras, oferecendo a elas uma possibilidade de geração de renda. Até o fim de 2021 ela já formou mais de 1600 profissionais. 

“É algo bem grandioso não só pelo número de alunas, mas de pessoas que são impactadas por esse trabalho. As mulheres negras não são ensinadas a ter essa autoestima profissional. O nosso lugar é sempre o da subserviência. Hoje o meu negócio nem é sobre ensinar a técnica, mas sobre virar essa chave dentro das minhas alunas de que elas podem ser líderes do que elas fazem. E isso transforma muitas vidas”, acrescenta Rafaela.

Saiba mais sobre a história da empreendedora aqui.

2- Casa das Kapulanas

A Casa das Kapulanas é o primeiro e-commerce brasileiro especializado em tecidos e artigos africanos. Os produtos vendidos são importados da África, especialmente de Angola, mas também de países como Moçambique, Zâmbia e Namíbia. 

Toalá tem 31 anos, é moradora de Itaquera- SP e é mãe do Antônio, de 3 anos (Foto: equipe Nubank)

Sua fundadora, Toalá Antônia, é filha de mãe brasileira e pai angolano, e criou o negócio como forma de se reconectar com a família na África, e contribuir para que cada vez mais brasileiros tenham orgulho de sua ancestralidade africana.

“Quero deixar um legado pras novas gerações, contando a nossa história sob outra ótica. A minha geração precisou se descobrir negra, mas o meu filho não vai precisar disso, ele só vai ser”, diz. 

Conheça a história completa de Toalá e da Casa das Kapulanas aqui.

Assita, também, ao Vidas Roxas, projeto que conta a história de clientes do Nubank em que a história Toalá foi contada.

3- Afrowedding

A Afrowedding é a primeira assessoria de casamentos afrocentrados do Brasil, fundada por Adriana Viana.

Na foto, Adriana Viana está trabalhando em um dos casamentos que organiza (Foto: reprodução Instagram)

Adriana é formada em administração de empresas e atua no mercado de assessoria de casamentos há dez anos. Mas, desde o início, ela percebia a falta de representatividade para noivas negras em salões de beleza, além da diferença no tratamento para essa população entre os prestadores de serviços de casamento em geral.

Em 2018, ela decidiu focar seus serviços para a população negra, conectando os noivos a uma rede de profissionais qualificados para atendê-los. Hoje, o negócio faz casamentos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

4- Ateliê Mão de Mãe

O Ateliê Mão de Mãe é uma marca baiana de roupas feitas à mão com crochê. Fundada por Vinícius Santana, Patrick Fortuna e Luciene Santana, a marca atende todos os gêneros com modelos em diferentes estilos.

Na foto, Vinícius Santana (esquerda) e Patrick Fortuna (direita) usam peças da marca (Foto: Reprodução Instagram)

Luciene, que sempre foi crocheteira, recebeu a ajuda do filho, Vinícius, que é fotógrafo. Juntos, eles criaram um Instagram para vender as peças – e deu certo. Quando Patrick entrou no negócio, trouxe sua experiência com representação comercial no setor de moda, o trio formou uma sociedade e criou um posicionamento de marca claro.

“O negócio surgiu pela história da minha mãe e fomos aperfeiçoando. Estamos levando a arte da minha mãe, que sempre foi super desvalorizada, para os lugares de alta moda. O que aconteceu é uma forma de retratação do sistema por ela e mais 25 mulheres que trabalham com a gente”, diz Vinícius. 

Como reconhecimento, a marca já desfilou no São Paulo Fashion Week e produziu editoriais para revista de moda, entre elas a Vogue. 

5- AfroSaúde

O AfroSaúde é um hub de soluções tecnológicas em saúde para a população negra que tem a missão de promover a representatividade e saúde de qualidade.

À esquerda, Arthur Lima e, à direita, Igor Leo Rocha, CEO’s da AfroSaúde

Por meio da plataforma (site ou app) clientes conseguem encontrar profissionais da saúde negros nas mais diversas áreas, como medicina, psicologia, odontologia, fisioterapia, entre outras. 

De acordo com Arthur Lima, odontologista e CEO da empresa, o negócio nasceu de um problema: perceber que ele não conhecia dentistas negros para indicar para uma amiga. Ao chegar em casa e dividir a situação com Igor Rocha, seu companheiro e Co-CEO da empresa, ele percebeu que nunca havia sido atendido por um profissional de saúde negro.

Foi aí que eles resolveram criar a AfroSaúde. “Quando você pergunta para as pessoas por quantos profissionais de saúde negros elas já foram atendidas na vida, geralmente aconteceu uma vez só, nunca é algo corriqueiro. Comecei a enxergar a possibilidade de um negócio, uma plataforma para conectar esses profissionais ao seu público”, Igor Rocha.

Recentemente, Arthur e Igor foram eleitos pela Forbes como alguns dos profissionais negros que estavam democratizando a saúde do Brasil. 

Nossa revolução é criar soluções para problemas específicos e utilizar a tecnologia como ferramenta para isso”. Arthur Lima. 

6- Toti Diversidade

A Toti Diversidade surgiu em 2016 como um projeto universitário de empreendedorismo social para depois se tornar uma plataforma com metodologia própria. O negócio, fundado pelo engenheiro mecânico Caio Rodrigues, junto com mais seis colegas do CEFET, Rio de Janeiro, onde ele estudou, é focado no ensino e inclusão de pessoas refugiadas no mercado de trabalho em tecnologia. 

Caio Rodrigues, da Toti Diversidade

“Quando falamos de refugiados e imigrantes, na maioria das vezes os empregos destinados a essas pessoas são subempregos, como se ao estar em um país elas deveriam ficar felizes com qualquer trabalho. A nossa quebra dessa lógica é poder oferecer um emprego de qualidade, possibilitando um futuro melhor para a família e para todas as pessoas que dependem desse refugiado ou imigrante”. Caio Rodrigues, Diretor Executivo da Toti Diversidade. 

A empresa escolheu a área de tecnologia para conectar pessoas refugiadas e migrantes às vagas por haver uma escassez de mão-de-obra qualificada com o avanço do ambiente digital. “A gente acredita que a revolução que fazemos seja não só pela democratização do ensino, mas também pela inclusão no emprego”, diz Caio.

7- akinTec

A akinTec é um app que funciona como um hub digital de serviços, delivery e sistema de pagamentos focado nas necessidades e condições dos brasileiros que vivem em comunidades.

Leandro Dias, CEO da akinTec

A frase “Quem é cria da periferia tá ligado que somos ignorados pelas grandes corporações, quando o assunto é acesso aos serviço”, que está no site da instituição, explica bem a motivação do negócio: “dar acesso aos moradores das comunidades aos bons serviços”. Leandro Dias, CEO da akinTec.

8- TeamHub

A TeamHub é uma startup que desenvolveu uma plataforma de gerenciamento de RH que ajuda as empresas a contratarem por identificação cultural. A ferramenta também permite diagnosticar e atuar em pontos sensíveis de cultura, melhorando assim o ambiente de trabalho das corporações.

Tatiana Santarelli é uma das poucas mulheres negras brasileiras a presidir uma empresa de tecnologia

O negócio foi fundado por Tatiana Santarelli, profissional de RH. “Sempre encarei a TeamHub como uma ferramenta de apoio ao meu propósito, de contribuir para fazer o bem. Descomplicamos a gestão da cultura organizacional através de um processo dinâmico, interativo e acessível a todos”, afirma a CEO.

Saiba mais sobre a história de Tatiana e da TeamHub aqui. 

9- {Parças}

A {Parças} é uma startup que ensina programação para pessoas egressas do sistema prisional com o objetivo de ajudá-las a entrar no mercado de trabalho na área de tecnologia.

A motivação do negócio veio da própria realidade de seu fundador, Alan Almeida, que teve dois de seus familiares detidos.

Mais de mil alunos já passaram pelos cursos da empresa, mas o objetivo é ampliar esse número ainda mais. “Nossa expectativa é de que em 15 anos todas as penitenciárias brasileiras sejam uma célula de transformação e qualificação profissional”, diz Alan.

10- OnlineOS

A OnlineOS é uma empresa de gestão e ordens de serviço com emissão de nota fiscal. O negócio nasceu quando Isaque, seu fundador, viu o seu irmão com problemas na gestão do seu negócio de assistência técnica de equipamentos. 

Isaque criou um sistema e o disponibilizou gratuitamente para pequenos empreendedores a fim de aprimorá-lo com feedbacks. Quando seu amigo Rafael entrou para o negócio auxiliando com o design, ele percebeu que já tinha um produto e começou a comercializar.  “A gente quer dar segurança dentro da plataforma para qualquer empreendedor, seja ele pequeno, médio ou grande, no caminho para evoluir de forma consistente”. Isaque Cruz, CEO.

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“Eu lido com todas as frentes. A empresa sou eu”

Este texto faz parte da missão do Nubank de lutar contra a complexidade do sistema financeiro para empoderar as pessoas – físicas e jurídicas. Com a conta PJ queremos ajudar donos de pequenos negócios, empreendedores e autônomos a focarem no que realmente importa. Saiba mais e peça sua conta PJ do Nubank.

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