Quase metade dos jovens não cuida das finanças. É o que descobriu uma pesquisa do CNDL com o SPC Brasil: 47% dos brasileiros de 18 a 24 anos não têm um controle sobre as próprias finanças, mesmo quando têm renda própria.
Em um país com mais de 63 milhões de inadimplentes, isso se reflete em uma série de maus comportamentos financeiros: entrar no cheque especial com frequência, terminar o mês zerado ou no vermelho, não saber quanto gasta no cartão de crédito etc.
Educação financeira tem tudo a ver com isso.
Um estudo da University of Cambridge defende que as crianças formam boa parte dos seus conceitos e hábitos financeiros até os 7 anos de idade. Ensiná-las desde cedo a importância de cuidar do próprio dinheiro pode ajudar a mudar a relação que desenvolvem na vida adulta.
Como ensinar sobre dinheiro para crianças?
Esse mesmo estudo propõe algumas estratégias para introduzir a administração financeira na vida das crianças:
1. Mostre as tarefas cotidianas
Fazer mercado, pagar contas, abastecer o carro… Em um mundo cada vez mais digitalizado, a maneira como se paga por um serviço ou produto pode não ser tão evidente para uma criança. É importante incluí-la nos rituais em que há gasto de dinheiro para que ela aprenda as normas, atitudes e valores sociais de adquirir algo. Além disso, também reforça o valor emocional de fazer atividades “de adulto” com alguém que ela gosta.
2. Ensine a guardar
Quanto mais cedo se aprende o valor de separar parte do dinheiro, melhor. Seja através de uma mesada, semanada ou um troco ocasional, é importante que a criança entenda a importância de guardar dinheiro para objetivos futuros – um passeio ou um brinquedo, por exemplo.
Leia mais:
Por que é tão difícil juntar dinheiro?
Um guia para aprender a economizar
Finanças pessoais: por onde começar?
3. Dê o exemplo
Segundo o estudo de Cambridge, crianças aprendem através de observação, instrução e prática. Por isso é tão importante viver uma vida de acordo com os valores que se quer passar adiante. É claro que isso nem sempre é possível de acordo com a realidade de cada um, mas, dentro do possível, é recomendado ser franco com a criança sobre os bons hábitos cultivados.
4. Deixe a criança pagar por algo – e explique que dinheiro não é infinito
Nem sempre fica claro para uma criança que, ao pagar por um produto, ela está efetivamente deixando um dinheiro ir embora. Talvez ela use todo o valor para comprar um doce e, após comê-lo, queira outro. Fazer pequenas compras ocasionais, gastando não mais do que R$ 2, é uma boa maneira de ensinar essa lição: dar um limite baixo para a criança comprar vai fazer com que ela exercite foco no que realmente quer.
5. Converse sempre
Falar sobre dinheiro não deve ser um tabu – especialmente porque as crianças vão ouvir sobre ele em algum lugar, então é melhor que elas ouçam uma mensagem boa.
Não fuja de perguntas difíceis, mas também não sobrecarregue com informação demais: ao ser questionado sobre algo, responda de maneira simples, sem complicar demais. Explique o valor do dinheiro, o quanto é preciso trabalhar por ele e que nem sempre ele é suficiente para pagar por algo.
Resumindo
Crianças dependem dos adultos ao seu redor para moldar sua visão de mundo – e o dinheiro é uma parte grande do mundo. Quanto mais você ajudá-las, mais saudável será a relação que elas estabelecerão no futuro.
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