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Não é astrologia: Como o...

Não é astrologia: Como o Ano Novo Chinês afeta a economia global

Entenda por que o maior feriado da China, que em 2021 celebra a chegada do Ano do Boi, impacta das bolsas de valores às entregas das suas compras online.



Imagem de lanternas chinesas penduradas com várias pessoas andando embaixo

Em 2021, o mês de fevereiro marca o início do maior e mais importante feriado da China – o Festival da Primavera, ou Ano Novo Chinês. Mais de 1,5 bilhão de pessoas ao redor do mundo devem celebrar a data, enquanto alguns outros bilhões também sentem o impacto dessa tradição. 

A China é hoje a segunda maior economia do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos) e também o maior exportador mundial. De lá, saem produtos e matérias-primas que abastecem praticamente todas as demais economias.

Somente em 2017, a China exportou mais de US$ 2,4 trilhões – mais do que o PIB Brasileiro do ano, por exemplo. 

Ou seja: todos os anos, economistas, empresas e investidores ficam atentos ao calendário chinês para fazer projeções de mercado, organizar a logística de compras e até mesmo negociar em algumas das maiores bolsas de valores do mundo. 

Mas vamos por partes. O que é o Ano Novo Chinês?

O Ano Novo Chinês é também chamado de Festival da Primavera ou Ano Novo Lunar. Trata-se de um feriado oficial de dez dias na China, com celebrações que duram cerca de 3 semanas. 

Como o nome sugere, a data é comemorada seguindo o calendário lunar, um ciclo de 12 meses baseado nas fases da Lua, e não em datas fixas (como o calendário gregoriano, que acaba em 31 de dezembro todos os anos). 

As celebrações começam no 23o dia do último mês lunar e duram até o 15o dia do primeiro mês do ano seguinte. Ou seja, a data de início não é fixa e varia normalmente entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. 

Em 2021, o Ano Novo Chinês é 14 de fevereiro. Um fato que costuma chamar atenção é que os anos do calendário lunar na China recebem o nome de animais em ciclos de doze: 2020 foi o ano do Rato. 2021, o ano do Boi. 2022 será o ano do Tigre, seguido pelos anos do Coelho (2023), Dragão (2024), Cobra (2025), Cavalo (2026), Cabra (2027), Macaco (2028), Galo (2029), Cachorro (2030) e Porco (2031).  

Cada ano costuma ser associado a algumas características que vão além do animal nele representado (há também elementos da natureza associados aos anos) – mas, independentemente delas, a simples celebração da passagem já causa um grande impacto no mundo. A começar pelo deslocamento de pessoas

Chunyun: o impacto de viagens em massa

O Festival da Primavera é a celebração mais importante das famílias chinesas. Ao todo, mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo comemoram a data.

Especialistas estimam que mais de 2 bilhões de viagens (ida e volta) sejam feitas dentro e fora da China. O fenômeno é considerado a “maior migração anual humana” e tem até nome: Chunyun, a estação de viagens antes, durante e pós feriado. 

Isso significa não apenas uma variação nos preços de passagens aéreas, mas também mudanças significativas nos padrões de gastos de viajantes ao redor do mundo.

Vale ressaltar que quase 20% da população mundial celebra o Festival da Primavera. 

Em 2021, por conta da pandemia, o impacto das viagens e restrições impostas não apenas na China mas em todo o mundo deve diminuir os deslocamentos do Ano Novo. 

Produção reduzida e previsão distorcida

Para permitir que tantas famílias se reúnam, as fábricas chinesas fecham ou reduzem as jornadas por até três semanas.

Como a China é o maior exportador mundial, a pausa impacta tudo o que sai do país: dos produtos adquiridos no e-commerce a grandes encomendas de multinacionais. 

Empresas do mundo inteiro ajustam sua logística e entrega à data. Imprevistos ou mudanças de última hora dificilmente conseguem ser acomodados no início do ano, quando as fábricas chinesas já estão com a produção acelerada.

Como consequência, economistas costumam ser cautelosos ao projetar os resultados de janeiro para todo o primeiro trimestre da China – afinal, as primeiras semanas são marcadas por esse comportamento atípico na preparação para o ano novo.  

Ano Novo Chinês e bolsas de valores

Enquanto a China continental para por pelo menos uma semana, locais como Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul, Vietnam e até Malásia também observam pelo menos alguns dias do feriado.

Vale lembrar: a Bolsa de Valores de Shangai (SSA) é a quarta maior bolsa do mundo, a Bolsa de Hong Kong é a quinta maior e a Bolsa de Shenzhen, também na China, a sétima maior. 

Tradicionalmente, os volumes de negociações na Ásia começam a cair até três dias antes do feriado. Em 2021, a Nasdaq até emitiu um comunicado analisando as possibilidades de variação do Bitcoin devido ao ano novo chinês. 

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