No dia 1 de setembro de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma queda de 9,7% do PIB brasileiro no segundo trimestre. Esse é o pior tombo histórico, desde que os números começaram a ser calculados, e significa que o Brasil entrou oficialmente em uma recessão técnica.
Uma recessão técnica acontece quando o PIB de um país cai duas vezes seguidas – e é exatamente isso que está acontecendo agora. No primeiro trimestre, a queda do PIB brasileiro havia sido de 1,5% – agora, após uma revisão, o IBGE afirma que foi de 2,5%.
Mas o que isso significa, na prática?
O que o PIB mede?
O PIB é a sigla para Produto Interno Bruto e representa a soma de todos os bens e serviços produzidos dentro do país. Ele é divulgado a cada três meses pelo IBGE e serve como um termômetro da economia do país.
As altas e quedas do PIB são uma comparação com o trimestre anterior. Por exemplo: se um país produziu U$1 trilhão em um trimestre e U$270 bilhões no seguinte, ele teve uma queda de 3% naquele período.
Ou seja: diminuições no PIB indicam que a atividade econômica está reduzida – há menos compra e, portanto, menos produção. Uma única queda pode ser um evento isolado, mas duas já indicam um problema maior.
Recessão técnica e recessão: quais as diferenças
Não há uma só forma de definir uma recessão. Ela é entendida como um período prolongado de queda generalizada da atividade econômica – e a palavra “prolongado” é chave. A recessão técnica usa um critério mais imediato: as duas quedas consecutivas do PIB.
O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), é um dos órgãos que se dedica a estudar os ciclos econômicos. Para ele, o Brasil já estava em recessão no primeiro trimestre de 2020, já que aquele momento representava o fim de uma expansão econômica de 12 trimestres.
Uma recessão técnica não significa necessariamente que o país vai entrar em um período longo de contração da economia – mas também não exclui essa possibilidade.
E como uma recessão te afeta?
Uma recessão significa, essencialmente, a diminuição da produção e do poder de compra. Suas principais características são:
- Aumento do desemprego;
- Diminuição da renda familiar;
- Redução da taxa de lucro;
- Aumento do número de falências e concordatas;
- Queda dos níveis de investimentos.
Basicamente, a desaceleração da economia vai gerando um círculo vicioso, no qual um fator alimenta o próximo.
Por que o Brasil entrou em recessão técnica?
O principal motivo para a recessão atual é a pandemia do novo coronavírus. O tombo de 9,7% do PIB diz respeito aos meses de abril, maio e junho – justamente o período em que o Covid-19 se disseminou exponencialmente pelo Brasil e fez necessárias as medidas de isolamento social, fechando as portas da maior parte do comércio.
Os reflexos disso foram quedas acentuadas em dois dos principais setores da economia: indústria (12,3%) e serviços (9,7%), que, juntos, compõem 95% de toda a produção nacional.
O IBGE também divulgou dados de demanda: entre eles, o que mais se destacou foi o de consumo das família, que teve uma queda de 12,5%, mesmo com programas como o auxílio emergencial.
Apesar de assustar, a queda de 9,7% do PIB já era esperada pelo mercado e acompanha a tendência mundial dos países mais afetados pela pandemia: no fim de julho, os Estados Unidos comunicaram o pior tombo em seu PIB dos últimos 90 anos e algumas das maiores economias do mundo (como Reino Unido, Alemanha, França e Japão) tiveram reduções que vão até a casa dos 20% de queda.
Em meio a esse cenário, a China registrou 11,5% de crescimento do PIB durante o segundo trimestre – por ter sido o primeiro país onde a doença se disseminou, a queda acentuada por lá foi no primeiro trimestre (10%), período em que as atividades se paralisaram.
A recuperação chinesa ajuda a alimentar as esperanças de que o próximo trimestre seja mais positivo para os outros países.
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