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Case interview: como fun...

Case interview: como funciona uma entrevista de case no Nubank

Um passo a passo com exemplos e respostas comentadas para ajudar quem está participando de processos seletivos



Case interview: como funciona uma entrevista de case no Nubank: foto do escritório do Nubank mostra uma mesa retangular com computadores e pessoas trabalhando, um espaço com sofá cinza e duas poltronas verdes e um balcão cinza com duas pessoas trabalhando.

“Construir times fortes e diversos” é um dos pilares de valor do Nubank – e garantir que ele se sustente é um trabalho diário, que envolve toda a empresa e começa assim que abrimos novas vagas.

No Nubank, não existe um único processo seletivo padronizado: cada área ou chapter (como a gente chama as funções por aqui) pode ter etapas diferentes – e elas variam dependendo de cada posição.

No caso dos Business Analysts, ou analista de negócios, dos Financial Analysts, ou analistas financeiros, e Business Architects, o processo seletivo tem um elemento que costuma gerar muitas dúvidas: as case interviews, um tipo de dinâmica bastante comum no mercado.

A case interview, ou simplesmente o case, é um momento para avaliar a capacidade de raciocínio lógico, as habilidades técnicas e comportamentais, o business sense e também a forma como o candidato reagiria a situações do dia a dia.

Abaixo, a gente detalha como ela funciona – e tem até um vídeo para te ajudar a entender melhor.

1. O que é um case?

Um case nada mais é do que um problema ou situação real de negócio. Ele pode ou não ser inspirado em desafios específicos do Nubank – mas o exemplo em si é o de menos: independentemente da história descrita, o modo de resolvê-la durante a conversa é o mais importante!

Quando a gente agenda um case interview, o que queremos é colocar a pessoa diante de um tipo de desafio comum dentro da área e ver como ela resolveria esse problema e tomaria decisões a partir dele.

Ao fazer isso, a gente consegue avaliar algumas características essenciais para lidar com a rotina de um BA no Nubank:

  • A capacidade analítica e forma de raciocínio;
  • Se a pessoa é data-driven – ou seja, se toma decisões baseadas em dados;
  • Se fica à vontade lidando com números;
  • Se consegue entender sobre negócios e abordar o problema de maneira consistente.

2. Exemplo de case no Nubank

O melhor jeito de explicar o que é um case é justamente mostrando um.

Abaixo, temos um exemplo usado aqui no Nubank e algumas das respostas mais comuns dadas a ele. Esse tipo de análise pode ajudar a mostrar o que a gente considera uma boa resposta – e o que de fato está sendo avaliado.

“Case: você é manager em uma startup que vende comida saudável por delivery online. Hoje, você vende porções individualmente. A sua estratégia não está funcionando tão bem e vocês estão perdendo dinheiro. Você está considerando oferecer um serviço de assinatura onde os clientes pagariam anualmente e receberiam várias porções ao longo de todo ano.”

A primeira coisa que acontece em uma entrevista de case é a apresentação do contexto, ou seja, do problema que precisa ser resolvido. No caso acima, um delivery de comida que pretende disponibilizar pacotes anuais. Todas as perguntas que virão a seguir são sobre o contexto apresentado.

Pergunta 1: Quais dados ou quais pontos você gostaria de analisar para decidir se essa ideia seria viável ou não?

Nesse momento, é natural ter o impulso de responder rápido, mas isso não necessariamente é bom.

Normalmente, os candidatos que reservam um tempo para pensar e que primeiro estruturam seu raciocínio tendem a ir melhor, pois conseguem ser mais claros e assertivos.

Os cases são sempre uma conversa mas, abaixo, transcrevemos dois exemplos de respostas para exemplificar:

Candidato A: “Eu pensaria muito na receita bruta. Imagino que nossos clientes atuais podem migrar para esse plano – que provavelmente vai ser menos rentável por cliente. Se a receita fosse cair, já seria meu primeiro receio. Uma outra coisa: as pessoas enjoam de comida. Elas provavelmente não iam conseguir manter essa vontade de comer a mesma coisa por tanto tempo então o plano de assinatura poderia ser uma forma de afastar nossos atuais clientes. Acho que se pudesse optar, iria seguir na linha atual.

Candidata B: “Para tomar essa decisão, eu tentaria responder outras duas grandes perguntas. É financeiramente viável? É possível de ser feito? Em um cenário onde essa duas respostas são positivas, seria um bom indicativo para iniciar nossa nova tática. A pergunta “é financeiramente viável” poderia ser respondida tentando entender os clientes, o tamanho do mercado e possível crescimento deste tipo de demanda. Os competidores… Bem, se tivermos muitos competidores grandes nesse setor, eu refletiria se conseguiríamos bater de frente. Também levaria em conta a canibalização do nosso produto atual, uma vez que os clientes podem migrar para esse plano. Gostaria de deixar o adendo: o fato de entendermos uma demanda até o fim do ano facilita nosso controle de estoque, sobras e mesmo a logística de entrega. Acredito que é possível ser feito, mas a decisão tem mais a ver com se a gente consegue lidar com essa mudança para o novo produto. Conseguiríamos manter a qualidade da comida e entrega? Conseguimos lidar com uma possível variação de demanda?

Análise das respostas:

Candidato A: Ele fala sobre diminuição de receita que acontece em uma migração de plano. É razoável supor que algumas pessoas podem fazer isso – mas ele não considerou uma possível entrada de clientes novos que poderia desfavorecer essa balança. Depois, ele comentou que as pessoas enjoam de comer sempre a mesma comida como se isso fosse uma verdade para muitas pessoas. Se fosse o caso, não haveria uma empresa com esse modelo de negócio.

O problema aqui foi ter afirmado algo sem muito embasamento (será mesmo que muitas pessoas enjoam de refeições padrões semanais?) e tirar conclusões precocemente, sem tentar olhar o problema como um todo.

Candidata B: A resposta é muito mais completa. A candidata B conseguiu abordar melhor os pontos que levariam ao sucesso do produto. Sua resposta começa muito bem elaborada, dividida em perguntas essenciais para começarmos a entender o problema. Ao longo da conversa, ela levantou vários fatores que nos ajudariam a responder se a balança financeira faria sentido. Por fim, ela ainda lembrou que a mudança pode afetar processos e demandas e que vale pensar se há um plano para isso.

3. Como estruturar a resposta de um case?

Perguntas como a do exemplo acima (Quais dados ou quais pontos você gostaria de analisar para decidir se essa ideia seria viável ou não?), na qual o candidato precisa listar os principais fatores necessários para tomar um decisão em determinado problema, estão presentes na maioria dos cases.

O objetivo é ver se o candidato consegue mencionar todos os itens relevantes, priorizá-los, e explicar de uma forma clara a importância de cada ponto.

Um erro muito comum é reagir a esse tipo de pergunta discorrendo sobre as primeiras ideias que vêm à cabeça. O problema é que nem sempre essa sequência é a mais lógica ou a mais clara – o que torna o processo de acompanhar o raciocínio mais difícil e aumenta a probabilidade de esquecer alguns pontos.

Esse foi o erro do Candidato A, no exemplo acima. Para começar a estruturar uma resposta mais parecida com a da Candidata B, podemos seguir alguns passos simples:

Primeiro passo: entenda a pergunta

Antes de responder à pergunta, tenha certeza de que entendeu qual é o objetivo da mesma. Analise o que diz o enunciado com atenção. No caso do exemplo anterior, o enunciado diz que

  • O negócio não está indo tão bem (está perdendo dinheiro)
  • Uma nova estratégia está sendo considerada

Segundo passo: entenda o objetivo da pergunta

O que a pergunta dá a entender? Qual é o desafio real do case?

No nosso exemplo, o objetivo com o novo plano de negócio é ter uma empresa rentável, ou seja, ter lucro. Ainda assim, como o enunciado não é tão explícito, seria perfeitamente adequado se o candidato perguntasse se por “ideia viável” o entrevistador quer apenas saber se o negócio pode ser lucrativo ou se existem outras restrições de investimento.

É importante esclarecer esses pontos, pois pode haver casos em que o enunciado é apenas sobre aumento de vendas e receita – e não faria sentido o candidato perder tempo explorando formas de reduzir custos.

Antes de começar a responder, o candidato pode pedir alguns minutos para criar uma lista do que ele considera importante ter em mente na hora de responder. Isso pode ser feito em voz alta, conversando com o entrevistador, ou em silêncio – para ser dividido depois.

O importante é tentar criar uma estrutura completa de pontos que não devem ser negligenciados na hora de resolver o problema.

Uma alternativa bem simples para a organização do raciocínio seria simplesmente dividir em vantagens e desvantagens. Com apenas uma pequena segmentação o candidato já torna o seu raciocínio muito mais claro para o entrevistador.

Terceiro passo: segmente a resposta

Uma outra forma de divisão poderia ser feita de acordo com fatores que afetam a produção, a venda e o mercado, como na imagem a seguir.

  • Produção: todos os fatores ligados à logística e planejamento da empresa;
  • Venda: fatores que afetam diretamente a experiência do cliente e a precificação,
  • Mercado: fatores ligados à concorrência e à demanda daquele segmento.

A vantagem de estruturar o pensamento é poder começar a explicação de forma mais direta. “Eu gostaria de explorar alguns fatores a respeito de como essa decisão afetaria a nossa produção, venda e a nossa posição no mercado“.

Ao já começar levantando as três áreas que quer abordar, o candidato mostra que está pensando no problema como um todo, antes mesmo dos fatores serem citados. Além disso, esse tipo de organização permite que o candidato apresente uma lista exaustiva de tudo o que deve ser analisado em cada item.

Outro ponto positivo é a possibilidade de identificar falhas no raciocínio antes mesmo de começar a explicação. Olhando para as anotações, por exemplo, o candidato pode perceber que talvez esteja se preocupando pouco com o mercado e muito com a produção. Um outro fator que poderia ser acrescentado à lista, seria a demanda e a previsão de crescimento do segmento de planos anuais de entrega.

Existem várias formas de estruturação de cases, e é possível encontrar vários artigos e vídeos sobre isso na internet. Vale lembrar, no entanto, que não existe um único framework que funcione para todos os problemas. Além disso, o objetivo do case não é saber se o candidato decorou alguma estrutura, mas sim perceber se ele é capaz de ouvir um problema e pensar em uma forma de estruturá-lo que ajude a raciocinar sobre ele e a passar a mensagem para o entrevistador.

Isso se aplica não apenas à primeira, mas a todas as demais perguntas do case.

Por exemplo, no case acima, a Candidata B deu uma resposta bastante completa. Nesse cenário o entrevistador provavelmente a desafiaria com mais uma pergunta:

Pergunta 2. Imagine que você implementou essa mudança (modelo de assinatura de comida) . Como você traçaria um plano para saber se está valendo a pena?

Uma boa forma de planejar a resposta é destacar todas as variáveis que precisam ser levadas em conta:

Fatores financeiros:

  • A receita da assinatura anual
  • Os custos: fixos, de distribuição, de marketing, canibalização de produtos.
  • O lucro final: mesmo que o custo seja baixo ou a receita enorme, é importante levar o lucro em conta na análise desse case.

Fatores não financeiros:

  • A satisfação do cliente com o produto.
  • O tempo de entrega e a eficiência da logística.

Lembrando que, ao falar de fatores financeiros, olhar o cenário completo é essencial. Apesar de parecer simples, muitos candidatos acabam abordando receita ou custo de forma individual e acabam esquecendo que o mais importante é a combinação dos fatores. “O custo caiu pela metade com a mudança, mas quase nenhum cliente aderiu” ou “Muitos clientes aderiram, mas o custo aumentou, não conseguimos prever adequadamente as novas demandas e gerir a logística”.

Nesses dois exemplos, fica claro que, abordando apenas um dos temas, o candidato poderia tomar uma conclusão errada sobre a situação.

4. O que é avaliado em um case?

Seguindo o exemplo do case deste post, até agora, o candidato já pôde demonstrar várias habilidades técnicas e capacidade de raciocínio lógico.

Nesse ponto, o entrevistador vai além e fornece alguns números para análise – o que permitirá uma avaliação mais completa dessas habilidades.

Pergunta 3. “Você chegou a falar um pouco sobre fatores financeiros e queremos descobrir o número de assinaturas necessárias para atingir o breakeven. Como podemos fazer isso?”

O breakeven é uma expressão em inglês que designa o ponto de equilíbrio nos negócios em que não há perda nem ganho – nem lucro nem prejuízo.

É importante que o candidato pergunte pelos dados levantados no framework da questão anterior. Podemos fornecer uma tabela ou apenas citar alguns dos números do case (como o custo fixo, o valor da assinatura, o custo de produção e distribuição de cada refeição).

Nesse momento o que será avaliado no candidato é a facilidade com números e com estruturação de problemas.

A resposta dessa pergunta será um número de assinaturas, e você pode inclusive usar a calculadora para chegar nela. Mas o importante não é o valor em si, mas o raciocínio elaborado na resolução do problema.

Alguns candidatos hesitam antes de partir para as contas, mas é exatamente isso o que é esperado das pessoas: que elas façam as contas.

O primeiro conselho para não se perder é anotar o seu objetivo em um papel. Alguns candidatos esquecem qual é a pergunta inicial – que, no caso, é: “número de inscritos para o breakeven”.

Outra dica importante é ouvir a pessoa que está conduzindo a entrevista. É normal que ela te peça para desconsiderar alguns fatores ou números em algumas partes da resposta para que o case flua mais facilmente.

Uma boa prática para se conectar melhor com o entrevistador durante essas partes numérica é compartilhar com ele como você vai abordar o problema e as contas que irá fazer para chegar ao resultado.

O objetivo do entrevistador é facilitar o processo, confirmando quando algo faz sentido e guiando caso esteja se perdendo no raciocínio ou esquecendo de algo.

Nesse exemplo de case de assinatura de alimentos, uma próxima pergunta poderia ser:

Pergunta 4. “Você lançou o produto e eventualmente não conseguiu o número de clientes esperado nos primeiros meses – ou seja, o próprio custo por cliente está subindo. Quais seriam as possíveis saídas para essa situação, dado que redução de custo não é uma opção”.

O objetivo aqui é sentir se o candidato tem noções básicas de negócios e entende que esse tipo de decisão envolve centenas de fatores.

Por exemplo:

  • Aumentar ou reduzir o preço da assinatura é viável? Quais os resultados?
  • Vale investir em esforços para trazer mais clientes?
  • É melhor desistir do produto?

Nesses exemplos o candidato poderia até falar sobre o que considera pontos positivos e negativos para cada uma dessas situações.

Em muitas etapas do case não necessariamente existe uma resposta certa. A lógica, o raciocínio e a capacidade de estruturar os problemas são muito mais importantes, bem como a forma de articular os pontos levantados.

Por isso, nós não buscamos pessoas que saibam resolver o problema específico apresentado: buscamos pessoas que entendam a complexidade e saibam ponderar, de forma sensata, os pontos positivos e negativos de cada decisão.

A case interview é uma parte fundamental do nosso processo seletivo. Ela ajuda o Nubank a entender como as pessoas lidam com situações do dia a dia muito comuns à rotina de BAs e FAs – além de ser muito importante para avaliar se um candidato se encaixa nas expectativas da vaga e na nossa forma de trabalho.

Com esses exemplos acima, a gente espera ajudar quem está participando de processos seletivos com case interviews a se prepararem melhor.

Afinal,  o nervosismo e a falta de experiência com esse tipo de entrevista podem acabar atrapalhando pessoas muito bem preparadas para os desafios que a gente enfrenta por aqui.