Ser brasileiro e olhar para suas finanças é um exercício exaustivo.
O Brasil tem hoje 66,5% da população endividada. Uma média de 30% da renda familiar vai para cobrir dívidas – e vale lembrar que, em 2019, mais da metade dos brasileiros vivia com cerca de R$400 por mês.
A inadimplência não é só um problema prático. Ela afeta nossa saúde. 69% dos inadimplentes brasileiros sofrem de ansiedade, segundo um levantamento do Instituto Locomotiva para o Banco Central.
Dificuldade para dormir, sentimento de incapacidade, vergonha e queda da autoestima são todos efeitos possíveis para quem está nessa situação.
Como falar de “relacionamento saudável com o dinheiro” nesse cenário?
Entendendo, em primeiro lugar, que não existem soluções fáceis. Estamos em um país profundamente desigual – 1% da população mais rica concentra quase 30% da renda total do Brasil, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU. Não é com receita mágica que se soluciona esse tipo de problema.
Só que existem, sim, algumas formas individuais de melhorar essa relação. A desigualdade é uma das principais raízes do problema. Mas basta ver que a inadimplência acontece em todas as classes sociais (como explica aqui o presidente do Serasa Experian) para entender que existe uma questão relacionada à educação – e organização – financeira.
Caminhos para uma relação melhor com as finanças
Quais são as necessidades financeiras dos brasileiros? Através de mais de 400 horas de conversas e histórias com entrevistadas e entrevistados Brasil afora, pesquisadores e parceiros do Nubank desenharam um panorama do que as pessoas buscam para melhorar suas vidas financeiras.
1. “Preciso de soluções para sair das dívidas”
As pessoas precisam de repertório e suporte para ajudá-las a sair de uma situação de endividamento e dar a volta por cima. Alguns caminhos possíveis:
- Entender como gerenciar suas dívidas presentes para que elas não cresçam nem gerem outras. Existem métodos (como o avalanche e o bola de neve) que ajudam a priorizar o pagamento de dívidas – começando pelas de maiores juros, por exemplo.
- Visualizar suas pendências financeiras é muito importante. Ninguém quer olhar para um número vermelho, mas enxergá-lo com clareza é essencial para entender o que você precisa pagar e quando – inclusive para saber como negociar. Aqui damos dicas para ajudar a quitar dívidas.
- É preciso celebrar o seu progresso. A dívida pode ainda existir, mas cada parcela paga, cada negociação bem sucedida, cada avanço importa. Tenha essas etapas registradas e comprovadas, tanto para a organização quanto para enxergar sua evolução.
2. “Preciso organizar minhas finanças de um jeito mais fácil”
Fazer conta e manter controle dos gastos é um processo difícil e, muitas vezes, doloroso – você não só precisa ter a iniciativa de fazer pela primeira vez, como manter constantemente atualizado, lembrar de detalhes do dia a dia. Mas organizar as finanças é essencial para ter uma relação melhor com o dinheiro. Alguns caminhos possíveis:
- Fazer um orçamento simples: você não precisa de planilhas cheias de fórmulas ou dezenas de linhas detalhando cada gasto. Não é que essas técnicas sejam ruins – elas podem ajudar muito a visualizar despesas. Mas se o controle financeiro é algo novo pra você, começar mais simples dá mais chances de não desistir no meio do caminho. Ensinamos o passo a passo para montar um orçamento.
- Manter controle sobre os compromissos financeiros. Datas de vencimento de todas as contas podem ser incluídas no calendário ou em um alarme no celular, por exemplo.
- Incluir a parte boa dentro da burocrática. Organizar as finanças não é só algo chato que você precisa fazer para manter as contas em dia. É também uma forma de viabilizar seus sonhos. Vale a pena, por exemplo, estabelecer uma meta – seja ela comprar uma geladeira, pagar um curso, guardar para a velhice etc – e ir anotando quanto você consegue poupar mês a mês para realizá-la.
3. “Preciso aprender a usar meu dinheiro melhor”
Todo mundo já esteve lá: você recebe seu salário (ou outra fonte de renda), começa a usar para pagar contas e outros gastos e, quando vê, acabou o dinheiro antes da segunda semana do mês. Alguns caminhos possíveis:
- Estabelecer tetos de gastos. Não conseguir visualizar qual é o máximo que você pode gastar com algo dificulta muito o controle financeiro. Existem métodos para fazer isso – um deles é a regra 50-15-35, que diz quanto da sua renda você deve dedicar a cada tipo de despesa.
- Centralizar os gastos na menor quantidade de meios de pagamento. Seja cartão de crédito, débito, transferência, dinheiro vivo, débito automático… Independentemente de qual método funcionar melhor para você, tente usá-lo na maioria das suas despesas para facilitar o controle.
Fazendo as pazes com o dinheiro
Chegar a uma relação mais saudável com as nossas finanças não é fácil. Passa por atitudes práticas, mas também por traumas, angústias e histórias de vida. É impossível que seja uma relação totalmente racional e nada emocional. Mas é possível encontrar um equilíbrio entre os dois.
Falar sobre dinheiro não pode ser tabu. Conversar sobre finanças não deve ser sobre comparação, mas sim sobre dividir desafios e aprendizados – e saber que não estamos sozinhos nas dificuldades.
As instituições financeiras precisam ter um papel nisso. O sistema bancário é tradicionalmente frio, burocrático e confuso para as pessoas – e não precisa ser assim. Instituições mais humanas e com produtos que trabalham para atender às necessidades das pessoas (e não para dificultá-las ainda mais) precisam ser a norma daqui para frente.
O caminho é longo. Mas se você está aqui, a boa notícia é: se informar faz parte da solução.
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