Imagine a cena: você vai ao shopping resolver uma tarefa rápida, mas, antes de sair, vê uma loja com um 50% bem grandão na vitrine. A tentação é alta demais e você acaba entrando. Compra um produto no impulso porque o preço estava bom. Isso é consumismo?
Talvez. Mas não é tão simples assim.
Afinal, o que é consumismo?
Chama-se de consumismo o ato de consumir em excesso ou sem necessidade – uma definição um pouco vaga, já que “em excesso” e “sem necessidade” podem variar de pessoa para pessoa.
Por isso, o consumismo não pode ser entendido a partir de um monte de regras aplicadas a qualquer situação.
O que leva as pessoas ao consumismo?
O consumismo leva uma pessoa a comprar de forma excessiva aquilo que não precisa. Isso pode significar desde produtos de alto valor, como carros e bens de luxo, até itens do cotidiano, como alimentos.
A explicação mais simples? Comprar deixa as pessoas felizes.
Há pesquisas que associam o ato de comprar à melhora de humor. De acordo com o SPC Brasil, essa é uma grande motivação do consumidor brasileiro: em 2016, 36% dos entrevistados admitiram fazer compras como forma de aliviar o stress e 47,7% afirmaram que a atividade os fazia se sentir bem.
Em uma pesquisa do Havas Group de 2017, mais de 12 mil pessoas de 32 países responderam à pergunta “por que você gosta de comprar coisas”? As principais respostas foram:
- “Me deixa feliz” (~56%);
- “Eu mereço” (~34%);
- “Melhora a minha confiança” (~26,5%).
Agora, a explicação mais complexa? A maneira como nos relacionamos com consumo – e com o próprio ato de comprar – envolve uma gama de influências políticas, sociais e psicológicas.
O consumo como status
Em seu livro Consumidores e Cidadãos, o pesquisador argentino Néstor García Canclini busca entender o que significa consumir. Uma das linhas de estudo citadas defende que o consumo exerce um lugar de “diferenciação e distinção entre as classes e os grupos”.
Ou seja, há uma construção social de status que estimula a compra de um produto pelo significado atribuído a ele, não pela necessidade. Nas palavras de García Canclini:
“Consumir é participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos de usá-lo.”
É claro que, na maior parte das vezes, aquilo que nos impulsiona a comprar não é tão claro. Compramos porque queremos – mesmo que nem sempre a gente saiba por que quer algo.
Qual o problema do consumismo?
Já falamos no blog sobre a culpa de gastar e como ela prejudica a nossa relação com o dinheiro. Mas a outra ponta desse espectro, o consumismo, é tão (ou mais) problemática.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 64,7% da população brasileira está hoje endividada. Em paralelo, um relatório da SPC Brasil e da CNDL apontou que, em março de 2019, 61% dos entrevistados cederam às compras por impulso.
Olhando para esses dados, não é difícil estabelecer uma relação entre as duas coisas.
Há muitos fatores que explicam o alto índice de inadimplência no Brasil (falamos sobre eles aqui) e uma de suas consequências é o efeito psicológico que ele gera nos afetados: ansiedade, stress, depressão e culpa aparecem como sintomas reportados por pessoas endividadas.
E, como já sabemos, comprar tem um efeito de melhorar o humor, ou seja, gera-se um círculo vicioso.
Quando o consumismo se torna uma doença
Elevado à sua gravidade máxima, o consumismo pode ser visto como uma compulsão: a oneomania, ou o ato de comprar indiscriminadamente. Nela, o consumo é um vício da mesma forma que o álcool está para o alcoólatra.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o transtorno pode atingir até 8% da população mundial, distribuído em todas as classes sociais.
A diferença para o consumismo não-patológico é o grau de sofrimento psicológico. Pessoas com oneomania tendem a ter picos de euforia no momento da compra, mas perdem o prazer logo em seguida e sentem vergonha, podendo até cair em um episódio de depressão.
O tratamento para este transtorno é similar ao de outros tipos de dependência, combinando terapia e medicamentos.
E para o meio ambiente?
Para além das consequências individuais, o consumismo também representa um problema para o planeta, já que estimula o uso de recursos para uma produção cada vez maior.
Em 2012, um dado da Global Footprint Network ficou famoso: se todos os habitantes do mundo vivessem como o americano médio, seriam necessários 4,1 planetas Terra para prover os recursos necessários.
O que isso significa: nossa cultura de consumo está esgotando os recursos naturais com mais rapidez do que eles têm capacidade de se regenerar.
A instituição disponibiliza uma calculadora online para cada pessoa fazer a mesma conta: quantos planetas seriam necessários se todos vivessem de acordo com o seu padrão de vida?
O que devemos fazer para evitar o consumismo?
A boa notícia: cada vez mais se fala sobre consumo consciente. Um outro levantamento do SPC Brasil/CNDL descobriu que, para 75% dos entrevistados, saber que uma empresa é socialmente responsável pesa na decisão da compra. Ainda assim, 97% declara ter dificuldades de adotar práticas mais sustentáveis.
No âmbito pessoal, uma boa administração das finanças pessoais pode ajudar a manter sob cheque a vontade impulsiva de comprar. É um processo duro de desconstruir padrões sociais muito mais antigos do que nós, mas não é impossível.
Veja como começar:
Como economizar dinheiro: o guia para começar a guardar
Controle financeiro pessoal: 10 coisas para evitar
5 passos para começar a organizar as finanças pessoais
Este conteúdo faz parte da missão do Nubank de devolver às pessoas o controle sobre a sua vida financeira. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e a nossa história aqui.
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