Apresentação

Quem são as mulheres por trás de micro e pequenos negócios, onde elas estão e que tipo de atividade exercem?

ILUSTRADORA: @lohlohlohloh

Lorena Araujo, Fortaleza/CE

Como é o seu processo criativo?

”Tenho formação em arquitetura, mas hoje trabalho com design gráfico, artes visuais e ilustração. Meu processo criativo é muito fluido e mutável, não tenho uma fórmula certa para criar. Mas acho que existe uma grande conexão e troca pessoal com o trabalho que estou desenvolvendo, seja algo comercial ou pessoal e de experimentação de ideias.”

Você sente ou sentiu desafios sendo mulher empreendedora criativa?

”Os desafios por ser mulher estão presentes todos os dias e em todos os lugares, e no mercado criativo não é diferente. Eu cheguei a achar que por estarmos inseridas em um campo com mais liberdade, a questão de gênero não fosse uma barreira. Mas, pelo simples fato de eu ser mulher, algumas competências profissionais são questionadas. A confiança e credibilidade são algumas delas.”

Como você faz a sua organização financeira?

”Por muito tempo gerenciei a parte financeira do meu estúdio às cegas, sem muita noção de como administrar e direcionar. Não existe educação financeira sendo ensinada nas escolas, e criou-se uma cultura em que aprender a cuidar do dinheiro ainda é algo distante e difícil. Hoje consigo separar as contas pessoais das do estúdio, ter um fluxo de caixa, salário, reserva, tudo organizado. Assim fica bem mais tranquilo de trabalhar.”

Você encontrou barreiras para seguir como empreendedora na pandemia?

”Sim, a pandemia está sendo um período complicado, principalmente para precificar nosso trabalho, levando em consideração a situação de todos. Por outro lado, vejo um movimento grande – seja por necessidade ou disposição – de pessoas começando a abrir seus próprios negócios. Vejo muitas mulheres indo por esse caminho, de buscar sua autonomia, mas acreditando em uma ideia e um sonho e os colocando pra frente.”

O Data Nubank

O Data Nubank é a plataforma de análises e divulgação de pesquisas sobre finanças do Nubank. O Nubank é uma das maiores plataformas financeiras digitais do mundo. Nossa missão é trazer informação confiável de forma objetiva e transparente para facilitar o entendimento dos assuntos relacionados ao bolso do brasileiro.

Nessa quinta edição, analisamos o contexto de empresas lideradas por mulheres, antes e durante a pandemia do coronavírus. O estudo, que marca o primeiro ano do Data Nubank, faz essa leitura com base no comportamento de clientes Nubank e traz também dados do Sebrae e explorações do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em uma parceria inédita entre as três instituições.

Buscamos, em conjunto com estas duas entidades que são referência no assunto, entender as principais características dos microempreendimentos femininos, suas diferenças em relação aos negócios geridos por homens, e como a crise provocada pela pandemia impactou as mulheres.

Por fim, buscamos possíveis caminhos e soluções para amenizar o problema da equidade de gênero no ambiente do empreendedorismo, e seguir em direção a um futuro mais justo e promissor para as mulheres que decidem enfrentar os desafios de ter seu próprio negócio.

Boa leitura!

O Data Nubank é um projeto multidisciplinar liderado pelo time de Conteúdo do Nubank, em parceria com outros times, como Relações Institucionais, com o intuito de traduzir conteúdos relacionados a finanças de forma simples e transparente.

apresentação

Os desafios do empreendedorismo feminino no Brasil

Empreendedores, tecnicamente, são donos ou donas de algum negócio, de pequeno, médio ou grande porte. São empregadores ou, desde a criação da Microempresa Individual (MEI), que passou a valer em 2009, trabalhadores que atuam por conta própria de maneira independente e têm um CNPJ.

O que classifica, formalmente, as pessoas como empreendedoras é o trabalho a partir de um CNPJ. É quando elas deixam de exercer suas atividades como pessoas físicas para se tornarem pessoas jurídicas (empresas). Apesar disso, as fronteiras entre esses dois mundos estão cada vez mais turvas, como mostrou a edição anterior do Data Nubank.

Quando falamos de micro e pequenas empresas, que são o foco deste estudo, não se trata de grandes corporações com muitos funcionários e quantias monumentais de dinheiro. É sobre um universo de negócios com faturamento de até R$ 81 mil por ano, no caso das MEIs, e de até R$ 360 mil anuais, para as Microempresas. Neste estudo, nos debruçamos sobre o perfil de microempreendedorismo feminino.

Os dados mostram uma evolução na participação de mulheres à frente de micro e pequenos negócios ano após ano no Brasil. Mas esse cenário de avanço não contava com um revés que aconteceu no começo de 2020: o início da pandemia do coronavírus. Com a crise que se desdobrou a partir das restrições de circulação, muitos estabelecimentos fecharam as portas, e foram elas as que mais sofreram as consequências diante do cenário de incerteza, como vamos analisar mais à frente.

E, ao avaliar os negócios liderados por mulheres, é preciso considerar a perspectiva sócio-econômica. Mesmo antes da crise sanitária, elas já dedicavam 10,4 horas a mais que homens por semana para atividades domésticas e de cuidado com a família, segundo o IBGE. Com o fechamento de creches e escolas, também foram elas as primeiras a sofrer com o acúmulo de jornadas de trabalho, o que impossibilitou muitas dessas mulheres de darem continuidade às suas carreiras.

As mulheres também colaboraram de forma expressiva para a criação de novos negócios na pandemia, em especial entre os MEIs. Se em um primeiro momento o dado parece animador, há evidências de que esse crescimento tem origem na desigualdade de gênero quando o assunto é ocupação formal. O empreendedorismo por necessidade, ou seja, aquele que busca unicamente meios de sustento, se intensificou com a pandemia, principalmente entre as mulheres mais jovens.

O estudo do Data Nubank em parceria inédita com BID e SEBRAE traz à tona esses e outros pontos que impactaram as mulheres empreendedoras, investiga o comportamento financeiro e busca entender de que forma elas reagiram à crise provocada pela pandemia da Covid-19.

Quais políticas públicas precisam ser desenvolvidas para corrigir essas desigualdades? Como reduzir os danos aos empreendimentos femininos causados pela pandemia?

Essas questões ultrapassam a exploração desse estudo. Mas entender o perfil das mulheres microempreendedoras e como elas têm respondido a uma crise sem precedentes nos dá ferramentas para começar a pensar em caminhos.