Objetivos
Esta edição visa conhecer o impacto financeiro nos negócios femininos decorrentes dos efeitos da pandemia.
ILUSTRADORA: @inglee
Como é o seu processo criativo?
”Eu atuo como ilustradora e quadrinista freelancer, e sou co-fundadora do selo editorial O Quiabo. Gosto de lidar com a ilustração como uma forma de narrar histórias, trazendo dinâmicas e retratando cenas diversas. Também tenho a questão ancestral na minha arte, ressignificando referências étnico-culturais enquanto coreano-brasileira.”
Você sente ou sentiu desafios sendo mulher empreendedora criativa?
”Um dos maiores desafios acontece não apenas como mulher, mas também com a intersecção racial, de deficiência e sexualidade. Sinto que muitas vezes sou vista como “a artista asiática” ou “a artista PcD” (pessoa com deficiência, já que sou surda oralizada). O mercado artístico é dominado não somente por homens, como também pela branquitude, pessoas sem deficiência e cis-heterossexuais.”
Como você faz a sua organização financeira?
”Enquanto freelancer, é algo que para mim ainda é meio imprevisível, e vou dando meus pulos. Apesar de estar conquistando mais estabilidade e volume de trabalhos a longo prazo, é preciso se preparar para qualquer tipo de imprevisto. Por isso, tento sempre guardar uma parte do que recebo de todo trabalho que faço e poupar para o caso de surgir alguma urgência.”
Você encontrou barreiras para seguir como empreendedora na pandemia?
”Uma questão grande anda sendo encarar meus limites. Tem vezes que, embora eu consiga criar coisas na minha cabeça, não dou conta de executá-las. E vice-versa também, o esgotamento psíquico é real. Aprendi muito sobre como respeitar ritmos, mesmo que eu precise recusar trabalhos. Compreendi qual o momento de fazer uma pausa, respirar e descansar, priorizando a minha saúde física e mental.”
É importante destacar que os dados públicos analisados apontam o empreendedorismo como alternativa de subsistência diante da tripla jornada de mulheres, que são mais afetadas pelo desemprego do que os homens.
Esta parte do estudo explica brevemente a metodologia, o recorte de tempo analisado e os principais achados sobre o tema. Aqui a gente vai resumir os principais pontos da pesquisa, que vai ser analisada em profundidade mais adiante.
Período de análise
Janeiro de 2002 a Julho de 2021 1
1. Como o estudo engloba diversas fontes de informação, nem todos os gráficos remontam ao mesmo período de análise. No caso do SEBRAE, os estudos abrangem os anos de 2002 a 2020. Os dados do Nubank se referem a análises realizadas entre 2019 e 2021.
Base de análise
Nubank: comportamento de consumo de clientes, tendo como público-alvo mulheres e homens segundo a autodeclaração de gênero na abertura da conta pessoal e da conta PJ, donas e donos de micro e pequenos negócios.
SEBRAE: dados gerados, interpretados e apresentados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): análises e recomendações sobre Políticas Públicas com base em dados públicos.
Importante: o estudo foi realizado seguindo as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), levando em consideração a privacidade e a proteção de dados desde sua concepção. Foram utilizados dados anonimizados para a realização do estudo. Nenhum cliente do Nubank teve seus dados analisados a nível individual – e foram consideradas apenas informações agregadas dos grupos que são objeto do estudo.
As análises realizadas foram feitas seguindo as bases legais previstas na LGPD, e também exigidas no convênio de cooperação técnica entre as partes. O tratamento de dados observou os princípios da finalidade, adequação, necessidade, transparência, qualidade e segurança das informações. Os relatos de empreendedoras clientes do Nubank que ilustram o estudo foram obtidos de forma voluntária por meio da NuCommunity, a comunidade de clientes do Nubank, e com a autorização de cada uma das clientes participantes.
Descobertas
De acordo com o SEBRAE:
1.
O impacto da pandemia sobre o fechamento de empresas das mulheres foi proporcionalmente maior, principalmente para negócios mais antigos.
Dados da PNAD, utilizados nos estudos do SEBRAE, mostram que, no pior período da crise, no segundo trimestre de 2020, o número de mulheres empreendedoras (Empregadoras + Conta Própria) em atividade, formais e informais, caiu 15%. Já entre os homens empreendedores, na mesma base de comparação, houve uma queda de 10%. Ou seja: em termos percentuais, elas apresentaram uma queda 50% maior do que a deles.
Por outro lado, a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), também realizada pelo Sebrae em parceria com o IBQP, evidencia que, no primeiro ano da pandemia, houve uma paralisação proporcionalmente maior dos negócios mais antigos e tocados por mulheres.
Nos primeiros meses da pandemia, verificou-se – independentemente da autodeclaração de gênero – também uma forte saída de empreendedores mais experientes, ao lado da forte entrada daqueles com menos tempo de experiência na atividade empreendedora. Ainda assim, o saldo líquido no total de empreendedores, tanto homens quanto mulheres, é de queda.
2.
Em 2020, os negócios administrados por mulheres intensificaram suas vendas no ambiente online – redes sociais, aplicativos e internet.
Mais de 70% dos empreendimentos chefiados por mulheres passaram a comercializar produtos e serviços online, em comparação com 64% dos dirigidos por homens. Além disso, 17% delas concentram a maior parte das vendas no digital, contra 14% deles.
Descobertas
De acordo com o Nubank:
3.
A desigualdade aumentou: a diferença entre a receita média de MEIs de mulheres e homens cresceu consideravelmente entre 2020 e 2021.
Em 2020, MEIs liderados por homens apresentaram uma receita média 10,8% superior à dos negócios chefiados por mulheres. Só nos sete primeiros meses de 2021, essa diferença já aumentou para 23%, mostrando que a desigualdade entre gêneros cresceu.
4.
Homens pediram mais empréstimos na crise para manter seus negócios abertos.
Durante a crise, 53% dos donos de micro empresas contraíram empréstimos para manter seus negócios, enquanto 47% das donas usaram desse recurso. Apesar de recorrerem menos aos empréstimos, elas obtiveram mais êxito quando o fizeram: 54% das MEIs geridas por mulheres tiveram seus pedidos de crédito aprovados, versus 50% dos homens, de acordo com dados do Nubank.
5.
Mulheres conseguiram guardar menos dinheiro do que homens e, em 2021, esse comportamento se intensificou.
Na função Guardar Dinheiro do Nubank, a diferença entre os depósitos de mulheres e homens só tem crescido. Em 2019, elas conseguiram guardar 17,2% a menos do que os homens em volume financeiro. Em 2021, essa diferença entre o montante guardado por eles e por elas aumentou para 47,6%.
6.
Elas fizeram menos retiradas de reservas financeiras em momentos de emergência quando comparados a eles.
O dado anterior observou que as mulheres economizaram menos dinheiro do que os homens. Isso explica, também, o maior percentual de retirada entre eles. Em 2019, por exemplo, empreendedores homens haviam sacado de suas reservas um volume financeiro 32,6% superior em comparação ao valor retirado por elas, segundo dados do Nubank. Essa diferença saltou para 47,6% em junho de 2021.
7.
Em 2021, 21,5% das mulheres escolheram aplicar seus recursos em investimentos mais conservadores, como tesouro direto e renda fixa.
Entre os homens, 15,1% têm perfil mais conservador, segundo dados da NuInvest. No quesito experiência com investimentos, cerca de 21% das mulheres têm conhecimento no assunto, em comparação com 37,9% deles.
A metodologia para descobrir o perfil de investimento é definida pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais por meio da aplicação do suitability – um formulário obrigatório que é preenchido pelo investidor antes de começar a investir.