Não é nenhum segredo que o exemplo é uma das principais formas de aprendizado para as crianças. Elas observam como seus pais e cuidadores falam, comem, reagem a situações e interagem uns com os outros. E, quando o assunto é dinheiro, não é diferente. É por isso que, por mais que as famílias tentem incentivar a educação financeira infantil, é fundamental adotar bons hábitos financeiros no dia a dia, pois eles servirão de modelo para os pequenos.
Para se ter uma ideia do poder do exemplo, bebês e crianças pequenas aprendem apenas observando os adultos ao seu redor, mesmo quando esses adultos não estão tentando ensinar algo específico. Essa constatação veio de uma pesquisa divulgada pelas Publicações do Instituto Pediátrico.
Um estudo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, também mostrou que as crianças formam boa parte dos seus conceitos e hábitos financeiros até os 7 anos de idade, e que elas aprendem pela observação, instrução e prática.
A boa notícia é que dá para exercitar alguns hábitos no dia a dia que, além de contribuir para o orçamento familiar, ajudarão a mostrar para as crianças a importância de cuidar bem do dinheiro.
A seguir, confira alguns hábitos financeiros que podem ser ensinados para os pequenos.
Quais hábitos financeiros os pais podem passar para os filhos?
1. Poupar dinheiro regularmente
Gastar menos do que se ganha e guardar dinheiro são bons hábitos financeiros. E, ao repassar isso para as crianças, é possível ensinar sobre atingir metas de curto e longo prazos.
De acordo com a pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”, feita pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, 39% dos pais entrevistados têm o hábito de dar mesada.
Então, nada melhor do que incentivar os filhos a poupar parte desse dinheiro para, por exemplo, comprar um brinquedo que eles queiram muito ou fazer um passeio no fim de semana.
Fazer uma reserva financeira para a família e conversar com as crianças sobre isso também é uma forma de estimular esse comportamento.
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2. Criar um orçamento
Definir prioridades, planejar os gastos, evitar desperdícios. Essas são algumas das vantagens de fazer um orçamento familiar. Esse tipo de controle pode ser feito por diversos meios, como uma planilha, aplicativo ou até em papel, e para avaliar tudo o que entra e o que sai em um dia, uma semana, um mês e até um ano.
Manter esse hábito pode ensinar as crianças que, para conseguir guardar dinheiro e atingir os objetivos, é preciso planejamento. Afinal, saber para onde o seu dinheiro está indo é o início da jornada para organizar as finanças.
Saiba a diferença entre planejamento financeiro e orçamento familiar.
3. Diferenciar desejos de necessidades
Como é a sua relação com as compras por impulso? Você costuma avaliar se algo é realmente necessário antes de comprar? Fazer esse tipo de ponderação e compartilhar isso com as crianças é um hábito que pode ajudar no autocontrole dos pequenos.
Além disso, as crianças podem aprender a diferenciar desejos de necessidades e entender que consumo e consumismo são coisas diferentes. Isso porque fazer aquelas compras necessárias no supermercado, ou mesmo gastar com itens de lazer ou entretenimento, é uma coisa. Comprar produtos que você não precisa e que nunca serão usados é outra.
Com isso, as crianças também aprendem a evitar dívidas desnecessárias.
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4. Refletir e pesquisar antes de comprar
Esse hábito está conectado com o anterior. Ensinar os pequenos a comparar preços, qualidade e opções antes de fazer uma compra, incentivando a fazer escolhas mais conscientes e econômicas, também pode ajudá-los a lidar melhor com as compras por impulso no futuro.
Outra maneira de fazer essa avaliação é calculando o custo de oportunidade. Nas ciências econômicas, isso significa que, quando você faz uma escolha, invariavelmente está abrindo mão de alguma outra coisa.
Ao fazer uma compra, raramente pensamos no que estamos abrindo mão. Se uma pessoa compra um celular, por exemplo, está gastando um dinheiro que poderia ser investido numa viagem.
Por isso, antes de comprar qualquer coisa, se pergunte: “do que estou abrindo mão para fazer essa compra?”. Se for algo importante, talvez seja melhor repensar esse gasto. E lembre-se: o que é importante para você pode não ser para o outro. Se comprar o celular tem prioridade em relação a uma viagem, está tudo bem. Quem decide essas preferências é você.
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5. Falar sobre dinheiro e incentivar a educação financeira
Educação financeira infantil é algo contínuo. E para que ela seja absorvida pelas crianças, é preciso falar sobre o tema sem tabus. Diversas pesquisas inclusive já mostraram que o contato com a educação financeira ainda na infância ajuda a formar adultos mais preparados para lidar com dinheiro.
Um desses estudos foi realizado pelo Banco Central entre 2010 e 2019, e concluiu que jovens que tiveram aulas de educação financeira em um projeto piloto com 17 meses de duração tinham uma tendência a usar 9,03% menos o cheque especial e 6,75% menos o crédito rotativo do que os que não participaram do projeto.
Daí a necessidade de abrir diálogos sobre educação financeira. Não fuja de perguntas difíceis, mas também não sobrecarregue com informação demais: ao ser questionado sobre algo, responda de maneira simples, sem complicar demais. Explique o valor do dinheiro, o quanto é preciso trabalhar por ele e que nem sempre ele é suficiente para pagar por algo.
Aqui você descobre por que falar sobre dinheiro é tão difícil.
A importância do reforço positivo na educação financeira infantil
Embora as crianças aprendam observando o comportamento dos adultos, isso não quer dizer que elas irão colocar em prática o que viram. No entanto, se elas receberem reforços, a chance de imitarem algumas atitudes é maior.
Uma criança pode ouvir os amigos falando palavrões. Mas ela tende a imitar esse comportamento se receberem uma recompensa, que pode ser a aceitação de um grupo de colegas ou até um incentivo de um adulto, por exemplo.
Por isso, o ideal é que os reforços sejam positivos, direcionados para bons hábitos. Isso vale para todas as áreas da vida, inclusive a financeira. Um artigo publicado pela Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, defende que conversar sobre o assunto é uma das melhores maneiras de fazer esse reforço.
Com paciência e consistência, é possível ajudar as crianças a desenvolver uma relação saudável com o dinheiro desde cedo.
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