O que é independência financeira para você? Poder viajar para qualquer canto do mundo? Comprar o que quiser? Não precisar ter um emprego fixo pelo resto da sua vida?
Muita gente já alimentou, em algum momento, o sonho de não precisar se preocupar mais com dinheiro. Na prática, não é bem assim que a independência financeira funciona, mas ainda assim ela certamente é um objetivo de muitos de nós.
O problema: existem muitos empecilhos para chegar lá. Hoje, quase 70% das famílias brasileiras estão endividadas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
Uma dificuldade muito real é a simples falta de renda suficiente para cobrir despesas básicas: a renda média no Brasil foi de R$ 1.380 em 2020, sendo que o salário mínimo ideal seria acima dos R$ 5 mil, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Mas existe o outro lado da moeda relacionado à organização financeira. Mesmo pessoas com renda suficiente não conseguem alcançar a independência financeira por falta de planejamento.
Antes de mais nada, é preciso entender como o seu dinheiro está sendo gasto e mudar os hábitos que prejudicam o seu controle financeiro.
O que é independência financeira?
Alguns especialistas afirmam que a independência financeira é alcançada quando os seus ganhos são maiores que os seus gastos mensais. Para outros, o termo é usado para definir quem tem um orçamento equilibrado e reservas suficientes para viver delas, aí sim, sem depender de um trabalho.
Essa é a essência da independência financeira: alcançar uma boa reserva que, aplicada nos investimentos certos, dará retornos necessários para você manter o estilo de vida que gostaria.
Entenda a diferença entre independência financeira e liberdade financeira
Tipos de independência financeira
Existem quatro tipos principais de independência financeira, e é importante saber qual deles você quer conquistar para poder traçar as melhores estratégias.
Independência de curto prazo
Significa ter dinheiro suficiente para viver sem o seu salário por um tempo. Esse prazo pode variar de alguns meses a um ano.
Nesta fase, é essencial ter uma reserva de emergência, importante para que você não contraia dívidas caso algum imprevisto aconteça – como a perda de emprego, uma batida de carro, alguma doença…
Independência das dívidas
Nada trava mais as suas finanças pessoais do que as dívidas. Por isso, para chegar neste estágio, você precisa estar com seu orçamento em dia para não gastar com juros altos e parcelas.
Veja dicas para quitar as dívidas
Independência de emprego
Neste nível, você já tem mais liberdade dentro da sua vida financeira. Na independência de emprego, se a sua principal fonte de renda faltar você ainda terá uma segunda fonte de receita.
Isso vai garantir mais tranquilidade para o seu orçamento e por um período maior. Essa renda extra pode vir de alguns investimentos, por exemplo, mas é preciso já ter evoluído nessa jornada.
Independência financeira total
Aqui você não precisa mais trabalhar por dinheiro. Você consegue viver dos rendimentos dos seus investimentos e pode arcar com as contas do mês com tranquilidade. Além disso, consegue reinvestir parte dos lucros para aumentar seu patrimônio e perpetuar essa segurança financeira.
Como calcular independência financeira?
Alguns especialistas recomendam que, após mapear seus gastos, você determine um salário ideal, multiplique por 12 meses e divida pelos juros reais de seu investimento. O total dessa conta é o valor que você deve alcançar para ter independência financeira.
Como ter independência financeira?
Para alcançar a independência financeira, é preciso conhecer bem o seu orçamento. Sabe aqueles pequenos gastos que no fim do mês consomem boa parte do salário? É hora de mapeá-los para saber onde é preciso (ou possível) cortar.
Do mesmo modo, é importante saber o atual estágio da sua vida financeira. Ou seja, conhecendo bem o momento em que você está, será possível traçar um planejamento efetivo.
Lembrando: muita gente não tem o privilégio de poder fazer cortes efetivos no seu orçamento. Mas mesmo quando isso não é possível, seguir esses passos ajuda a organizar as finanças e garantir que as dívidas não cresçam demais.
1. Organização e planejamento financeiro
A organização das contas e dos gastos é o primeiro passo rumo à independência financeira.
A dica é fazer um orçamento detalhado com todos os seus gastos mensais. Devem ser anotadas despesas como aluguel, condomínio, mensalidades, plano de saúde, prestação do carro, contas de energia, de água, do celular e da TV a cabo. Do mesmo modo, inclua as pequenas compras do dia a dia, como por exemplo lanches e cafés.
Após fazer a planilha, você terá uma visão mais ampla de quanto está gastando. Depois disso, o próximo passo será colocar a mão na massa para somar todas as despesas e ver quanto está gastando em cada categoria.
2. Mantenha o orçamento sob controle
Sabendo quanto e onde você gasta, é importante manter esse orçamento sob controle, procurando gastar menos do que ganha. Imprevistos sempre podem acontecer, mas administrar os gastos do dia a dia é importante para esse equilíbrio.
Assim, é importante compreender a sua realidade e estabelecer um teto de gastos para todas as áreas.
E, se for o seu caso, admitir a existência das suas dívidas é essencial. Junte todas as contas, coloque-as em cima da mesa e anote todos os valores que você precisa pagar em uma folha de papel.
3. Mude seus hábitos
A mudança de hábitos é essencial para conquistar independência financeira. Todo mundo tem um outro hábito financeiro do qual não se orgulha tanto assim. A ideia é mapeá-los e ter uma postura ativa sobre eles.
Busque cortar gastos desnecessários. Antes de comprar algo ou contratar um serviço, pense na utilidade dele – e faça o mesmo sobre possíveis assinaturas e serviços que você já tem.
Aproveite para elaborar uma lista com os seus objetivos. Coloque em um papel ou planilha financeira seus sonhos, desejos e o que gostaria de conquistar com o que ganha.
Conseguir ter essa visão sobre seus objetivos tem um impacto muito positivo, porque evita esquecimentos ou mudanças feitas de maneira inconsciente. Além disso, você também consegue revisá-las periodicamente.
Evite estabelecer metas financeiras que estão fora da realidade ou que comprometam demais sua renda. Isso é importantíssimo para que, ao longo dessa jornada, você não perca a motivação.
4. Divida suas metas
Fatie as metas por prazo: curto, médio e longo. As metas de curto prazo são aquelas que podem ser realizadas em até um ano. Dê preferência para o pagamento de dívidas, ou necessidades mais urgentes e necessárias.
Para o médio prazo, entre um e três anos, pense em metas que você vai precisar de um investimento considerável para realizar. Talvez uma viagem internacional, uma festa de casamento.
Por fim, para o longo prazo coloque metas que você vai precisar de um planejamento financeiro maior para executar, como comprar um imóvel, por exemplo.
5. Crie uma reserva de emergência
Ter uma reserva de emergência é fundamental para o seu processo de independência financeira. Essa é a quantia que deve ser mantida para cobrir despesas imprevistas que demandam gastos maiores que os habituais.
6. Quando puder, invista seu dinheiro
Cumprir metas financeiras requer separar uma parte de suas receitas. No entanto, é possível fazer com que essa quantia se multiplique mais rapidamente por meio de investimentos.
Assim que você tiver uma reserva de emergência sólida e com fácil acesso, comece a explorar novas opções de investimento.
7. Conheça seu perfil de investidor
Investir pode ser parte fundamental do seu processo de independência financeira. Porém, antes de começar a aplicar o seu dinheiro, é preciso levar alguns fatores em consideração.
Existem diversos perfis de investidores e cada pessoa tem um objetivo na hora de investir. Uns estão construindo uma reserva de emergência, outros estão em busca de mais rentabilidade no longo prazo, por exemplo.
Portanto, é muito importante um investimento que te atenda, ou seja, que funcione para os seus objetivos. Logo, antes de mais nada, identifique o seu perfil de investidor. Com ele você conhecerá o seu nível de tolerância para assumir riscos.
8. Diversifique seus investimentos
Outra estratégia fundamental é a diversificação. Ela consiste em distribuir o seu dinheiro em diferentes tipos de ativos. A principal vantagem dessa estratégia é reduzir os riscos das suas aplicações e garantir uma boa rentabilidade no médio e no longo prazo.
Você pode diversificar dentro de apenas uma categoria de investimentos, renda fixa e renda variável, assim como pode alocar o seu patrimônio nos dois grupos.
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