Quem não quer fazer o suado dinheiro, tão difícil de ganhar, render mais? Para isso, é preciso fazer escolhas, definindo o investimento que mais se encaixa nos seus objetivos e perfil de investidor. Uma das dúvidas mais comuns para quem vai fazer uma aplicação é decidir entre CDB ou poupança.
A primeira coisa para chegar a resposta é entender que poupar é diferente de investir. Poupar significa economizar. E investir significa fazer as suas economias renderem.
Guardar dinheiro na poupança foi uma alternativa quando o acesso a serviços financeiros (como os investimentos) era mais complicado. Hoje, o que existe é uma enorme variedade de produtos que podem ser mais rentáveis que a poupança e tão seguros quanto ela. Uma dessas opções são os CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Abaixo, você encontra todas as informações necessárias para escolher entre CDB ou poupança.
O que é poupança?
Velha conhecida (sim, ela existe desde 1861), a poupança é um tipo de conta bancária que costuma ser a porta de entrada dos brasileiros para as aplicações financeiras.
A poupança é um investimento seguro, com total liquidez e risco quase zero, que permite que os saques sejam realizados a qualquer momento. É usada para guardar e poupar dinheiro.
Todos os bancos brasileiros são obrigados, por lei, a não cobrar nenhuma taxa para que a conta poupança seja aberta ou mantida, e sua rentabilidade é a mesma em todas as instituições financeiras que a oferecem. Mesmo que seu rendimento deixe muito a desejar, mais de 70% das pessoas ainda utilizam a poupança no Brasil.
Um dos motivos que explica a popularidade da poupança é a segurança que ela oferece. Apesar de segura, está longe de ser a melhor opção no que diz respeito a retorno. Continue a leitura para entender o porquê.
Quanto rende a poupança?
O rendimento da poupança está atrelado a duas taxas do mercado brasileiro: a Taxa Selic e a Taxa Referencial (TR).
Em maio de 2012, novas regras de rentabilidade da poupança foram estabelecidas:
1 – Depósitos feitos até 03 de maio de 2012 são chamados de “poupança antiga”.
2 – Depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012 são chamados de “poupança nova” e obedecem aos seguintes critérios para pessoa física:
- Quando a Selic for superior a 8,5% ao ano, a poupança renderá 0,5% ao mês + TR.
- Quando a Selic for igual ou inferior a 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da Selic + TR.
A chamada “poupança antiga” rende 0,5% ao mês + TR em qualquer cenário.
Entenda melhor como funciona o rendimento da poupança no vídeo a seguir:
Data de aniversário
Na poupança, o rendimento é recebido a cada 30 dias para pessoa física (ela leva o mês inteiro para render), quando os depósitos fazem “mêsversário”. Se alguma quantia for retirada antes da data de aniversário, você recebe o rendimento do menor saldo do período.
Por exemplo: se você fez um depósito na poupança em 25/10, o pagamento de juros acontecerá em 25/11, 25/12 etc. Ou seja, se você sacar a sua aplicação no dia 24/10, não vai receber juros nenhum. Se depositar quantias em datas diferentes, essas aplicações renderão separadamente, e os juros serão pagos em datas distintas.
Caso o depósito aconteça em dias que não se repetem todos os meses, como os dias 29, 30 e 31, a data considerada será o primeiro dia do mês seguinte.
O que é CDB?
O CDB é um tipo de investimento de renda fixa, modalidade considerada o “porto seguro” de investidores de primeira viagem.
Ao investir em CDB, quem empresta dinheiro para o banco em troca de juros é você. Quando o banco precisa captar dinheiro para financiar suas próprias atividades, ele lança títulos (os CDBs) com valores, vencimentos e taxas estipuladas antecipadamente.
Na prática, ele te devolve esse empréstimo lá na frente, na data de vencimento do título, e o seu dinheiro é acrescido de juros, ou seja, lucro.
Alguns CDBs podem ser resgatados a qualquer momento, como os CDBs com liquidez diária, e outros possuem um prazo determinado. Neste caso, você só pode resgatar seu dinheiro após esse período.
Fica a dica: o ideal é não resgatar o CDB antes de 30 dias para não pagar IOF e levar o investimento até a data de vencimento.
Diferente da poupança, que é isenta de Imposto de Renda (IR), a tributação do CDB segue a tabela regressiva de IR, que varia de 22,5% a 15%. Isso significa que quanto mais tempo você ficar com o investimento, menor será a taxa.
É muito importante entender que o Imposto de Renda incide apenas sobre os lucros. Por exemplo, se você investiu R$ 1 mil e resgatou R$ 1.500, o IR incidirá sobre os R$ 500.
Quanto rende o CDB?
Por ser um investimento de renda fixa, o CDB já dá uma previsibilidade de retorno antes mesmo da aplicação.
Ao investir em CDB, existem condições importantes para ficar de olho: o prazo e a taxa de juros que esse título vai pagar. Os juros, por sua vez, são calculados de acordo com o tipo da rentabilidade escolhida. São 3 tipos:
- Prefixada: remuneração previamente fixada. Faça chuva ou faça sol, você vai ganhar a rentabilidade combinada levando o título até o vencimento. É indicada para cenários em que a expectativa é de queda da taxa de juros.
- Pós-fixada: você só saberá quanto vai ganhar lá no fim do investimento, na hora do resgate. É atrelada a um indexador de referência, como por exemplo o CDI – que rende algo próximo à taxa Selic. Existem no mercado CDBs que rendem 90% do CDI, 100% do CDI, 105% do CDI e por aí vai. Não se sabe quanto vai ganhar, mas se sabe o que vai ganhar. É indicada para cenários em que a expectativa é de subida da taxa de juros.
- Híbrida (mista): é uma mistura que combina características da prefixada e da pós-fixada. Exemplo: CDB que rende 3% ao ano (prefixada) + IPCA (pós-fixada). Garante uma rentabilidade de 3% ao ano mais o IPCA do período, protegendo seu dinheiro da inflação.
Conclusão: um CDB com rentabilidade de 100% do CDI, por exemplo, pode ser considerado um investimento mais interessante do que a poupança que paga apenas 70% da Selic. Confira os detalhes abaixo.
CDB ou poupança, qual rende mais?
Antes de mais nada, você precisa saber que existem vários CDBs com diferentes percentuais do CDI (rentabilidade pós-fixada), com taxas fixas ao ano (rentabilidade prefixada) e atrelados à inflação (rentabilidade híbrida).
Cada banco determina a rentabilidade do título. Por isso, não dá para cravar a rentabilidade de um CDB. Já a conta poupança rende igual em todos os bancos.
Exemplo de simulação: investindo R$ 500 (quinhentos reais) em um CDB com prazo de 2 anos e que rende 100% do CDI, por exemplo, no fim do período o retorno de valor líquido estimado será de R$ 589. Ou seja, os R$ 500 investidos no começo mais o rendimento de R$ 89, já com IR descontado.
Importante lembrar que todo CDB tem cobrança de Imposto de Renda direto na fonte no momento do resgate ou vencimento da aplicação. A poupança é isenta de IR.
Veja como declarar CDB no Imposto de Renda
Na poupança, considerando o mesmo prazo e o mesmo valor inicial investido de R$ 500, no fim do período o retorno estimado será de R$ 563. Ou seja, os R$ 500 investidos no começo mais o rendimento de R$ 63.
Atenção: os valores apresentados no exemplo de simulação acima são aproximados e suscetíveis a variações de mercado. Consideramos as taxas vigentes no dia da criação deste texto. Isso significa que as contas podem não ter mais os mesmos resultados daqui a um tempo, devido às mudanças das taxas Selic e CDI. No mundo dos investimentos, rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.
Segundo o analista de investimentos do Nubank, Eduardo Perez, a forma atual de rentabilidade da poupança, mesmo com isenção do imposto de renda sobre o lucro, foi feita para que a sua correção, isto é, o cálculo do rendimento no período, seja menor do as próprias taxas Selic e CDI.
“Sendo assim, o investidor consegue melhores retornos em um CDB que remunere pelo menos 100% do CDI, já que o nível de risco de crédito, conhecido também como risco de calote, é o mesmo entre os dois produtos de uma mesma instituição”, explica.
Vale lembrar que o principal risco do CDB ou poupança está relacionado ao banco emissor. Ou seja, quanto mais sólido for o banco que emitiu o CDB, menor o risco do produto.
É importante destacar que tanto a poupança quanto o CDB são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Saiba mais sobre o FGC logo abaixo.
Segurança do FGC: uma vantagem em comum
Não importa se você vai investir em CDB ou poupança. Em ambos os casos terá garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Ele é uma espécie de “seguro” do investidor e entra em ação em caso de falência do banco emissor do CDB, por exemplo.
O valor total coberto pelo FGC é de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, com um limite de R$ 1 milhão por CPF renovado a cada período de quatro anos.
Veja quais são os investimentos garantidos pelo FGC
Resumo: CDB ou poupança
Na tabela abaixo, você pode observar de forma resumida as principais características dos dois produtos:
CDB | Poupança |
---|---|
Rende todos os dias | Rende após um mês |
Garantia do FGC | Garantia do FGC |
Não é padronizado, existem vários tipos | É igual em qualquer banco |
Tem cobrança de IR sobre os rendimentos | Não tem cobrança de IR |
Retorno maior que o da poupança | Retorno de até 70% da Selic |
Liquidez diária ou no vencimento | Liquidez imediata |
Poupança x Inflação
A inflação indica o aumento generalizado ou contínuo dos preços de uma série de categorias de bens e serviços importantes no dia a dia das pessoas. Um dos meios utilizados pelo governo para combater a inflação é aumentar os juros. Porém, o impacto do aumento da Selic na remuneração da poupança é bem baixo.
Desde 2019, a poupança vem perdendo para a inflação. Em outras palavras, a poupança vem rendendo menos que o valor da inflação. Portanto, se você descontar a inflação do rendimento da poupança, terá um retorno real negativo.
O principal indicador oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo). Ele indica quanto seu dinheiro se desvalorizou de um mês para outro. Ou seja, a inflação tem um efeito corrosivo: o que você comprava antes com determinada quantia, não consegue comprar mais hoje.
Para fugir disso, você precisa optar, no mínimo, por alguma aplicação que supere as perdas provocadas pela inflação.
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