Nos últimos anos, o número de mulheres empreendedoras tem crescido no Brasil. Segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2023, entre os 47,7 milhões de brasileiros com intenção de empreender até 2026, as mulheres representam 54,6%. Já o relatório técnico do Sebrae sobre Empreendedorismo Feminino aponta 30 milhões de empreendedores no país, sendo mais de 10 milhões de mulheres à frente do próprio negócio.
No entanto, mesmo com esse crescimento expressivo, elas ainda enfrentam diversos desafios, por exemplo a sobrecarga do trabalho doméstico, a dificuldade de acesso a crédito e a falta de representatividade em cargos de liderança.
Para administrar o próprio negócio sem deixar as necessidades pessoais de lado, é preciso estabelecer limites, fazer escolhas mais conscientes – sempre que possível – e priorizar o autocuidado.
Saúde mental: como cuidar da sua sendo empreendedora
Como a mulher empreendedora pode equilibrar a vida pessoal e os negócios?
Abaixo, confira algumas estratégias que podem ajudar a ter mais equilíbrio na vida e na empresa e conheça a história de duas mulheres empreendedoras.
1. Fortaleça seus vínculos sociais
Manter a conexão com familiares, amigos e parceiros é essencial para a saúde física e mental de quem empreende. Dedicar tempo aos relacionamentos interpessoais não deve comprometer as entregas, compromissos ou a administração do negócio. Pelo contrário.
Um estudo feito pela Universidade de Warwick, na Inglaterra, concluiu que pessoas com o bem-estar em dia se dedicam mais e têm uma produtividade 12% maior do que os seus colegas que estão exaustos – e isso também inclui quem empreende.
Karolini Moreira, 35 anos, psicoterapeuta, é uma mulher empreendedora. Há cerca de sete anos, ela decidiu deixar a empresa em que trabalhava para investir no próprio consultório, na cidade de Macaé, Rio de Janeiro. No início, além de ter a agenda cheia de pacientes, Karolini fazia tudo sozinha: atendimentos, a parte administrativa, conteúdos para as redes sociais da empresa e outras demandas do dia a dia do negócio. Mas chegou um momento em que a situação se tornou insustentável – principalmente com a chegada da primeira filha, hoje com cinco anos.
Para dar conta de tudo, a rede de apoio de Karolini é essencial, seja para um bate papo descontraído, na hora de dividir preocupações do negócio ou em compartilhar o cuidado com as filhas. “A gente precisa ter tempo para se cuidar, para ter tempo de qualidade com a família, relacionamentos interpessoais”, conta.
“No começo isso acabou não sendo prioridade. O primeiro ano, por exemplo, foi de muito trabalho e eu fui entendendo o que funcionava. Desde que a Alice nasceu, eu passei a realizar os atendimentos apenas na parte da tarde. Os outros períodos eu dedico às minhas necessidades: estudo, faço exercício físico, encontro com alguma amiga, fico com meu esposo e com as crianças. Afinal, eu preciso estar bem para desempenhar bem o meu papel como psicoterapeuta, mãe e esposa”.
Karolini Moreira
2. Pratique o autocuidado
Dedicar-se às pessoas que fazem parte da sua vida é importante, mas também é preciso encontrar um tempo para cuidar de si. Apesar dos desafios de ser uma mulher empreendedora, sempre que possível, vale encaixar na agenda horários para fazer algo por você, como ler um livro, se alimentar bem, passear nem que seja no próprio bairro, assistir a um filme que te interessa, frequentar algum curso, caminhar, etc. Esses momentos são essenciais para recarregar as energias e ajudam a dar continuidade ao negócio de forma mais tranquila, produtiva e a tomar decisões mais assertivas.
Carolini Gotardo, 30 anos, natural de Santa Bárbara d’Oeste (SP), sempre trabalhou de forma autônoma. “Eu falo que nasci uma mulher empreendedora. Desde a época da adolescência eu vendia trufas e barrinhas na escola para complementar a renda em casa”, conta. “Montei meu salão e, por muitos anos, minha principal fonte de renda foi ser manicure.”
Nesses anos todos, Carolini não abre mão de encaixar atividades das quais gosta em sua rotina, independentemente do horário. “Eu faço por mim. É o meu momento. Atualmente, meu principal hobby é nadar. Além disso, eu aprendi a costurar, faço aula de inglês, faço cursos de finanças pessoais, pratico corrida e sou crossfiteira”, relata. “Com isso, eu busco trazer melhoria para mim e para a minha família”.
3. Lembre-se que não é possível controlar tudo
Muitos empreendedores tendem a achar que precisam dar conta de tudo. Porém, lembre-se: isso não é possível. Ter um planejamento financeiro e fazer um plano de negócio é importante, mas entender que imprevistos acontecem e que, para que a vida e o negócio sejam saudáveis, contar com ajuda é fundamental.
“Delegar é imprescindível. Chegou um momento que eu vi que não dava mais para fazer tudo sozinha. Então, contratei uma pessoa para me ajudar a lidar com as burocracias do consultório”, comenta a psicoterapeuta Karolini Moreira.
“Hoje eu tenho duas filhas. Diversas vezes eu preciso de ajuda com as meninas, e se meus amigos e familiares não estão disponíveis para me auxiliar, eu preciso que outra pessoa o faça e pode ser que eu tenha que pagar por isso”, conta ela. “Ter uma rede de apoio é muito necessário e deixa as coisas mais leves para mim. O que é possível terceirizar, eu terceirizo”.
Aproveite para assistir a mais um episódio do Conexões PJ, a plataforma do Nubank que mergulha nas histórias e desafios do empreendedorismo. Nesta conversa, Carol Paiffer, empresária e investidora, recebe a empresária e farmacêutica esteta, Arina Gabriela. Juntas, elas exploram as complexidades da jornada empreendedora feminina.
4. Estabeleça limites
Ao elencar prioridades, é preciso estabelecer limites entre trabalho e vida pessoal. Sendo assim, quando for possível, defina horários para começar e terminar o seu expediente, separe alguns dias para tirar férias e escolha momentos de dedicação à família, amigos e atividades prazerosas.
Não é fácil, mas ser cuidadosa e compreensiva consigo mesma pode influenciar positivamente na forma como você conduz o seu empreendimento.
Faltou concluir uma demanda? Avalie se ela realmente precisa ser concluída naquele dia ou se pode ser adiada para o dia seguinte. Está cansada demais para sair com os amigos? Tente remarcar para outro dia. A verdade é que sempre haverá algo que precisa ser feito quando se é empreendedor. No entanto, isso não quer dizer que você precise fazer tudo ao mesmo tempo.
5. Tenha um planejamento financeiro
A inadimplência atinge um em cada quatro pequenos negócios no país e as dívidas em atraso representam cerca de 30% das despesas dessas empresas. Os dados são da 6ª edição da pesquisa “Pulso dos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae. Por isso, a educação financeira e o planejamento devem ser considerados o tempo todo na vida de quem empreende.
“Meu marido me apresentou o mundo dos livros de finanças e eu passei a gostar desse ramo e de conteúdos sobre crescimento pessoal e investimentos. Foi a partir daí que empreender me trouxe certezas e amadurecimento e crescimento em diversas áreas da minha vida”.
Carolini Gotardo
Já para a psicoterapeuta Karolini Moreira, a história foi um pouco diferente. A transição de CLT para se tornar uma mulher empreendedora foi tranquila. “Eu já estava há dez anos na empresa e me encontrava insatisfeita. Por conta do tempo de trabalho, eu saí de lá com recursos financeiros que me ajudaram a me restabelecer no mercado e me permitiram empreender”, lembra ela.
A Conta PJ do Nubank pode ser uma ótima aliada na hora de organizar as finanças e ajudar a separar as despesas pessoais dos gastos do negócio. Ela é uma conta PJ prática, transparente e sem tarifas de manutenção para empreendedores, autônomos e donos de pequenos negócios.
Desafios e oportunidades de mulheres empreendedoras
De acordo com dados do Google, atualmente, 72% dos empregos formais são gerados por micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que também são responsáveis por 33% do PIB nacional. A jornada é desafiadora, mas também há muitas oportunidades no caminho.
“Para empreender é importante ter um plano de negócio, organização financeira, uma identidade visual, desenvolver métodos para ser efetiva, atraente e divulgar meu trabalho. Então fui atrás de conhecimento”, conta a psicoterapeuta Karolini. “Na época, tive ajuda de um amigo que é designer, outro que é fotógrafo, me conectava com outros colegas da área clínica e, com a pandemia, dediquei bastante do meu tempo produzindo conteúdo para as minhas redes sociais. No início, a gente investe bastante e o retorno não é tão compatível com o investimento”, ressalta.
Karolini destaca que desenvolver flexibilidade é essencial para quem empreende. “Às vezes a peteca cai em alguma área da vida. Isso porque alguma outra área precisa de mim no momento”, diz ela. “Se minhas filhas ficarem doentes, por exemplo, provavelmente eu vou precisar ajustar a agenda, desmarcar pacientes, me cuidar menos e isso faz parte da vida”, conclui.
Desde outubro de 2024, Carolini Gotardo decidiu encerrar as atividades do pequeno salão de beleza para se dedicar exclusivamente à empresa do ramo alimentício que abriu com sua mãe, há quatro anos.
“Minha mãe sempre trabalhou em buffet. Em 21 de março de 2020 foi a última festa que ela fez, por causa da pandemia. A partir do dia 22 tudo já foi cancelado. Foi quando nasceu a Dona Tem Tudo cozinha afetiva”, conta a ex manicure.
Por um tempo, Carolini conciliou os dois empreendimentos. Porém, diferentemente do salão, no ramo alimentício ela viu uma oportunidade de escalabilidade e foi estudar para fazer o negócio dar certo. “Nunca foi uma renda extra, mas a principal fonte de lucro da minha família. Aqui, nós acreditamos que o crescimento é certo”, comenta ela.
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Este texto faz parte da missão do Nubank de lutar contra a complexidade do sistema financeiro para empoderar as pessoas – físicas e jurídicas. Com a Conta PJ, queremos ajudar donos de pequenos negócios, empreendedores e autônomos a focarem no que realmente importa. Saiba mais.