Como manter a cultura de uma empresa quando, de uma hora para outra, funcionários acostumados a se encontrar todos os dias não podem mais interagir ao vivo?
Essa foi uma das questões levantadas quando decidimos que, devido à pandemia do novo coronavírus, todos os Nubankers e parceiros externos deveriam começar a trabalhar de casa.
O Nubank foi uma das primeiras empresas a adotar o home office, antes das recomendações das autoridades de saúde.
Naquele momento, a gente entendeu que decidir trabalhar remotamente era, antes de tudo, colocar a saúde das pessoas em primeiro lugar.
Nós também sabíamos, desde o início, que manter nossa cultura era uma prioridade. Só assim conseguiríamos manter, também, a qualidade do serviço que oferecemos aos nossos clientes.
A boa notícia? Estamos conseguindo. E fomos aprendendo lições pelo caminho que podem ser aplicadas em outras empresas também.
A importância da cultura de trabalho
Uma empresa é feita, antes de tudo, por pessoas: no Nubank, por trás de cada produto e cada atendimento estão mais de 2600 profissionais. Um dos nossos valores fundamentais é que nós construímos times fortes e diversos – e a colaboração entre pessoas é fundamental para isso.
O principal desafio para o trabalho remoto, portanto, era manter essa colaboração viva.
Ao lado disso, vinha a preocupação com o bem-estar dos funcionários em casa: garantir que iriam receber o suporte necessário das lideranças, que teriam a infraestrutura para trabalhar bem e que, no meio de toda a situação que estamos vivendo como sociedade, conseguiriam se adaptar a uma rotina saudável e produtiva.
Abaixo, divido algumas das medidas que implementamos – uma extensão do que sempre praticamos e que podem inspirar outras empresas passando por esse momento.
1. Transparência da liderança e comunicação aberta
A situação do mundo é difícil e todos estamos vivenciando isso diariamente. Nesse contexto de tantas incertezas, era essencial garantir aos Nubankers que nós não somos uma delas.
Toda semana, nosso CEO, David Vélez, grava um vídeo contando um pouco do que aconteceu nos últimos dias e quais decisões estão sendo tomadas. Temos um canal aberto com todos os Nubankers, onde informações são compartilhadas e qualquer um pode enviar comentários, sugestões e perguntas.
Essa via de comunicação aberta sempre existiu, mas, em um momento em que não podemos nos encontrar fisicamente, vem garantindo que todos tenham clareza e se sintam seguros sobre o que está acontecendo na empresa.
Também entra aqui a importância de um ambiente de confiança – ainda mais à distância. O home office só funciona quando as lideranças dão independência para os times trabalharem bem, sem microgerenciamento.
2. Manter os rituais
Continuar nossos encontros também foi um passo fundamental para manter as equipes integradas.
Rituais são um mecanismo extremamente poderoso para ajudar as pessoas – especialmente quando a rotina delas mudou de forma tão rápida como aconteceu nas últimas semanas. Neste texto, o especialista Mike Norton, professor da Harvard Business School, fala um pouco sobre como os rituais nos ajudam a retomar o senso de controle em situações de perda ou ansiedade.
O nosso maior ritual é o Coffee Break, um evento quinzenal assistido por todos funcionários – antes espalhados nos escritórios de São Paulo, Buenos Aires, Cidade do México e Berlim e, agora, em suas próprias casas.
O intuito dele é dar visibilidade das diversas áreas que compõem o Nubank, assim como apresentar decisões, conquistas e novidades. Desde que entramos no modo de trabalho remoto, já realizamos dois Coffee Breaks totalmente virtuais – foram cerca de 2 mil pessoas engajadas, fazendo perguntas e ouvindo de forma mais estruturada o que anda acontecendo no Nubank.
3. Criar novas rotinas – de conversa e organização
Os times também foram estimulados a estabelecer novas rotinas independentes. Em alguns casos, isso significa encontros diários por vídeo para compartilhar o que estão fazendo, trocar ideias e conselhos. Em outros, é algo tão simples quanto fazer uma pausa do café virtual e conversar sobre outras coisas além do trabalho.
No Nubank, usamos ferramentas de comunicação que permitem criar canais de conversa – assim, fica fácil concentrar todas as mensagens. Independentemente da ferramenta, o importante é dar visibilidade das informações e garantir fácil acesso.
Isso pode ser atingido de diversas formas, dependendo do tamanho da empresa e da rotina das pessoas. Pastas de documentos compartilhados e e-mails gerais de alinhamento no final/início do dia por exemplo, também podem funcionar.
4. Esclarecer a situação atual
Em um momento em que notícias sobre a pandemia chegam de todos os lados, nós queríamos que os Nubankers tivessem um lugar seguro para se informar.
Uma das medidas que tomamos foi criar um hotsite para os funcionários, com informações sobre o novo coronavírus, orientações de saúde do médico do Nubank e dicas para um home office mais produtivo.
Criar uma página interna é uma boa solução para empresas com um grande número de funcionários, mas a ideia pode ser adaptada para quem tem times menores. Uma mensagem ou e-mail periódico com dicas ou atualizações já pode ajudar a equipe a se manter informada.
5. Ter flexibilidade
Escolas fechadas, familiares em casa, mudança de rotina… No cenário atual, flexibilizar horários é uma das nossas prioridades para garantir que as pessoas consigam trabalhar de forma saudável.
No Nubank, nunca houve políticas de vestuário ou que impedissem a presença de crianças ou pets no escritório – pelo contrário. Vestir-se de acordo com a sua personalidade e trazer os filhos (ou filhotes) sempre fez parte da nossa cultura. Mas, em tempos de home office, as empresas no geral precisam ser ainda mais flexíveis com esses fatores.
Se a sua empresa tem um dress code muito formal ou rígido, vale repensar se mantê-lo, mesmo à distância, é viável. É importante compreender que crianças podem aparecer em uma videoconferência – e tudo bem. Que o cachorro pode latir. Ou que alguém pode ter que deixar uma ligação para cuidar do filho, ou de um familiar, ou atender ao interfone…
Ser flexível, hoje, é exercer compreensão e empatia com uma situação inesperada que todos estamos vivendo.
Veja mais: Como empresas como o Nubank estão se organizando e priorizando pessoas
6. Dar suporte – estrutural e emocional
Manter o bem-estar dos funcionários foi e segue sendo um dos passos mais importantes.
Isso inclui desde garantir que eles tenham a estrutura necessária para trabalhar de casa (como computadores, cadeiras e monitores), até o suporte emocional para passar por esse momento.
Os funcionários do Nubank têm acesso ao NuCare, um serviço anônimo de ajuda psicológica, planejamento financeiro e assistência jurídica por telefone. E os tech leads (ou líderes diretos) devem exercer ainda mais o papel de ouvir as dificuldades de seus times e ajudá-los a superar desafios.
Existem diversos serviços online ou por telefone que oferecem apoio psicológico. Se a sua empresa não possui um interno, é possível checar com a seguradora ou indicar aos funcionários serviços como os listados pelo Conselho Federal de Psicologia.
7. Tentar, ouvir, melhorar
Estamos passando por uma pandemia de proporções inéditas e não existem respostas prontas: cada empresa deve entender o que funciona para sua cultura e é fundamental que as lideranças estejam conscientes que seu papel se faz ainda mais necessário nesse momento.
Por aqui, nós estamos constantemente entendendo o que está indo bem e o que pode melhorar. A maneira mais eficiente de fazer isso, independentemente do tipo de negócio, é ouvir as pessoas que fazem parte dos nossos times.
Mudar de rotina de maneira tão repentina é um desafio – e enfrentar desafios sempre esteve no DNA do Nubank.
Para saber mais sobre como estamos passando por esse período:
Como recebemos 78 novos Nubankers à distância
Cristina Junqueira: “A gente tem o privilégio de poder ajudar outros a passar por esse período”