Quanto tempo leva até que seus filhos se sintam entediados com o brinquedo que acabaram de ganhar? Se o ciclo de saciedade entre uma compra e outra tem se tornado cada vez mais curto, talvez seja a hora de ligar o sinal amarelo para o consumismo infantil.
É verdade que comprar faz parte da vida – e graças ao sistema de recompensas do cérebro, também é algo que dá prazer. Mas, quando isso extrapola os limites, podem aparecer problemas financeiros e emocionais. É por isso que muita gente, incluindo crianças, têm dificuldade em lidar com a compulsão.
Abaixo, saiba o que é o consumismo infantil e o que fazer caso precise lidar com ele.
O que é consumismo infantil?
O consumismo, de maneira geral, é caracterizado pelo consumo em excesso e sem necessidade. Quando esse fenômeno acontece durante a infância, ele é chamado de consumismo infantil. O exagero é a grande característica do problema, que também está acompanhado de outros sintomas como irritabilidade, desconexão com os pares e dificuldade em lidar com a frustração.
“Quando há necessidade da compra para que haja satisfação pessoal, isso é um sinal de problema. O mesmo vale para quando os pais começam a ter dificuldade em estar em algum ambiente porque a criança não reage bem com a negativa. Se a todo momento você deixa de ir em algum espaço porque sabe que vai ter problema lá, há algo de errado”, afirma Fernando Lamano, pediatra e vice-presidente do Núcleo de Estudos de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Quais são as causas do consumismo infantil?
As causas do consumismo infantil não são isoladas: tanto a dinâmica familiar quanto as relações que a criança constrói fora de casa podem gerar gatilhos para a compulsão.
“Os comportamentos excessivos, seja por compra, por comida ou qualquer outra coisa, podem revelar alguma carência emocional. A criança pode buscar o consumismo como preenchimento de algo que lhe falta. Então, é importante olhar para o entorno da criança e entender quais são essas ausências”, explica Denise de Sousa Feliciano, psicanalista e presidente do Núcleo de Estudos de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
A publicidade também é apontada como causa, junto com o acesso precoce às redes sociais. Quanto mais tempo os pequenos passam em frente a uma tela, por exemplo, maiores são as chances de serem expostos a anúncios.
Além disso, o consumo excessivo de telas pode ser um indicativo de que o cotidiano deles está carente de presença humana e que as relações estão sendo preenchidas por objetos.
Como os pais podem lidar com o consumismo infantil?
Não existe uma resposta única e nem uma saída fácil para o problema. Se lidar com a própria angústia e frustração já é difícil para adultos, entre os pequenos isso é ainda mais complexo. É por isso que muitos pais têm dificuldade em dizer não para os filhos.
“Muitas vezes, os pais querem criar uma relação onde fique sempre tudo bem e que os filhos estejam o tempo todo satisfeitos e felizes, só que isso não existe. As crianças também precisam aprender a viver o ‘não’, pois isso fará parte da constituição da personalidade delas e estará relacionado com a capacidade de aguentar os limites que a própria vida impõe”, afirma a psicanalista Denise de Sousa Feliciano.
Ela explica que o “não” também pode ter o poder de acalmar as crianças, já que elas enxergam os pais como uma referência. Se, por um lado, a experiência é dolorosa, por outro, ela demonstra cuidado, pois os pequenos percebem, mesmo que de modo inconsciente, que os pais podem saber o que é melhor para eles.
“As crianças vivem intensamente o que elas sentem, mas é interessante perceber que, quando os pais conseguem sustentar um limite com firmeza, elas se acalmam. Isso causa alívio e dá uma certa contingência para a criança. Ela deixa de sentir que está transbordando”, conclui.
Existem ainda outras possibilidades de lidar com o consumismo infantil. Conheça algumas delas abaixo.
Seja presente
É importante encontrar brechas na rotina para dedicar sua atenção aos pequenos. Você pode fazer isso estando presente em vez de dando presentes. Quanto maiores são os vínculos afetivos entre pais e filhos, maiores serão as ferramentas emocionais que a criança terá para lidar com frustrações.
Dê o exemplo
A família é o primeiro referencial de uma criança. Se todos os membros da família são muito consumistas, provavelmente a criança também será. Por isso, o primeiro passo é rever os hábitos de consumo coletivamente e encontrar oportunidades de cortar os excessos de todos.
Substitua atividades
Que tal trocar a ida ao shopping por uma ida ao parque? Se os momentos de lazer da criança são realizados em ambientes com muito estímulo ao consumo, ela terá gatilhos de compra o tempo todo. Buscar estratégias para que os momentos em família não girem em torno das compras é uma boa saída para o problema.
O mesmo vale caso você queira recompensar a criança por algo positivo que ela tenha feito. Em vez de comprar um presente, você pode propor uma experiência, como fazer um passeio diferente ou, até mesmo, construir um brinquedo do zero junto com ela.
Reduza o tempo de tela
Reduza o tempo que as crianças passam em frente a telas, como televisões, computadores, videogames, tablets e celulares. Além disso, é importante que você seja um moderador entre os canais e perfis que seus filhos consomem nas redes sociais. Fazer esse filtro é importante para que eles estejam cercados de influências positivas dentro da internet.
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