Sabe aquela série que mal dá para acompanhar de tantas reviravoltas e revelações? Tem sido assim com o bitcoin nos últimos tempos: em um dia ele atinge a máxima histórica, no outro tem uma queda expressiva no preço, na semana seguinte todo mundo quer comprar, na outra ninguém mais quer…
Para dar um exemplo: em abril de 2021, o preço de um único bitcoin chegou ao seu recorde – quase US$ 65 mil. Menos de dois meses depois, ele caiu para metade do valor.
Se essa montanha-russa está te fazendo coçar a cabeça, calma que vai ficar mais fácil de entender o que está acontecendo com o bitcoin. Mas, para isso, é preciso um pouquinho de contexto.
Um breve contexto sobre o bitcoin
O conceito do bitcoin surgiu em 2008 no artigo acadêmico Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico peer-to-peer, escrito por Satoshi Nakamoto (pseudônimo do suposto criador da criptomoeda).
O mundo passava por uma séria crise econômica na época – a pior desde a Grande Depressão de 1929. Como resultado do estouro de uma bolha no mercado financeiro, um dos maiores bancos dos Estados Unidos foi à falência e impactou as bolsas do mundo todo: em poucos dias, elas perderam US$ 4 trilhões de dólares.
Em um pronunciamento em setembro de 2008, o próprio presidente dos Estados Unidos naquele ano, George W. Bush, admitiu que o mercado não estava funcionando corretamente, que havia uma perda generalizada de confiança e que grandes setores do sistema financeiro dos Estados Unidos estavam em risco.
Para driblar essa desconfiança no sistema tradicional, o tal “Satoshi Nakamoto” sugeriu em seu artigo criar um dinheiro digital puramente peer-to-peer (“de pessoa para pessoa”, em tradução livre) – ou seja, que poderia ser enviado de uma pessoa para outra sem passar por uma instituição financeira.
E foi assim que surgiu o bitcoin: a primeira moeda inteiramente digital e independente do mundo, formada por um código complexo protegido por criptografia e totalmente descentralizada – o que significa que não existe um órgão ou governo responsável por controlar, intermediar e autorizar emissões de moedas, transferências e outras operações; quem faz isso são os próprios usuários.
E o que isso significa na prática?
Como não existe uma entidade responsável por regular o bitcoin, seu preço é formado, principalmente, pela oferta e demanda – quanto mais pessoas interessadas em comprar, mais caro fica, e vice-versa.
Além disso, o bitcoin foi criado como uma moeda limitada. Diferentemente do real, dólar e euro, que podem ser emitidos conforme a necessidade de cada país e as regras dos bancos centrais, o bitcoin pode ser gerado no máximo 21 milhões de vezes. Até o meio de junho de 2021, quase 19 milhões de bitcoins já haviam sido emitidos.
Entenda como são minerados – ou emitidos – os bitcoins
A valorização do bitcoin ao longo dos anos
No início, a ideia era usar o bitcoin como uma alternativa à moeda tradicional – em compras, por exemplo. A primeira transação comercial foi feita no dia 22 de maio de 2010, quando um homem comprou duas pizzas por 10 mil bitcoins na Flórida, nos Estados Unidos. Na época, um bitcoin valia menos que US$ 0,01.
Mas, conforme mais gente se interessava por esta novidade, a cotação aumentava e as pessoas perceberam que poderiam ganhar dinheiro com essa variação. Com isso, o bitcoin foi perdendo a função de moeda transacional e ganhando o papel de ativo financeiro – as pessoas compram com a expectativa de ganhar dinheiro com a valorização, assim como fazem com outros investimentos.
(Ainda dá para comprar certos bens com bitcoin? Dá, mas esta acabou virando uma função secundária da moeda.)
Um rápido cenário dos sobes e desces do bitcoin nos últimos anos:
- 2017: em março, um único bitcoin valia US$ 1.290; em dezembro, passou a valer quase US$ 20 mil (uma valorização de mais de 1400%).
- 2018: essa enorme variação gerou desconfiança no mercado e o preço começou a cair. Em dezembro, ele valia US$ 3.300.
- 2019: a criptomoeda ganhou fôlego novamente e , em junho, valia quase US$ 12 mil.
- 2020: a pandemia chacoalhou o mundo do bitcoin. Entre fevereiro e março, o preço caiu mais de 90%. Mas voltou a subir e, em dezembro, passou dos US$ 20 mil pela primeira vez na história.
Se toda essa oscilação já parecia intensa, 2021 veio para sacudir o mercado ainda mais.
Alguém explica o que está acontecendo com o bitcoin em 2021?
Para quem investia em bitcoin no final de 2020, a virada do ano trouxe mais um motivo para comemorar: já no primeiro dia de 2021, o bitcoin bateu um novo recorde com a cotação em mais de US$ 30 mil. Dias depois, chegou aos US$ 40 mil – dobrando de valor em pouco mais de um mês.
Para ter uma ideia da valorização ao longo dos anos, aquelas duas pizzas que foram compradas por 10 mil bitcoins em 2010 custariam mais de US$ 400 milhões no início de 2021. Sim, US$ 400 milhões!
Ainda em janeiro, a cotação voltou a cair e atingiu novamente o patamar dos US$ 30 mil. Mas, logo em seguida, uma série de reviravoltas aconteceram:
- No início de fevereiro, uma grande empresa americana de carros elétricos anunciou que tinha comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins – e que começaria a aceitar a moeda como pagamento na venda de veículos. Em pouco tempo, o bitcoin ultrapassou a casa dos US$ 50 mil.
- Em março, uma empresa americana de pagamentos digitais anunciou que permitiria que seus usuários usassem bitcoin para pagar compras em lojas parceiras ao redor do mundo. A moeda chegou no patamar dos US$ 60 mil.
- Em abril, a estreia de uma corretora de criptomoedas na Nasdaq – uma das principais bolsas de valores dos Estados Unidos – elevou a cotação a quase US$ 65 mil.
- Em maio, a mesma empresa de carros elétricos mudou de ideia e desistiu de aceitar bitcoin como forma de pagamento: segundo seu fundador, o motivo seria o alto consumo de energia gerado pela criptomoeda. O valor do bitcoin caiu 10%.
- Dias depois, um comentário do mesmo empresário no Twitter deu a entender que a empresa venderia seus bitcoins, levando a uma queda ainda maior – a moeda passou a valer US$ 36,7 mil.
- Ainda em maio, autoridades chinesas restringiram transações de criptomoedas e o Banco Central dos Estados Unidos afirmou que iria aumentar a pressão sobre pessoas e empresas que usassem a criptomoeda para evitar impostos.
Nessa onda de baixas, o bitcoin chegou em 8 de junho valendo pouco menos de US$ 32 mil – cerca de metade do que valia em abril.
Pensou que essa história ia terminar sem outra reviravolta?
No dia 9 de junho de 2021, o congresso de El Salvador aprovou uma lei que torna o bitcoin uma forma oficial de pagamento – obrigando empresas e instituições financeiras a aceitarem a criptomoeda.
Ah, e lembra da empresa de carros elétricos? Seu fundador anunciou que a empresa poderia voltar a aceitar bitcoin como forma de pagamento – e o valor da moeda bateu novamente os US$ 40 mil.
É isso mesmo: entre fevereiro e junho, três anúncios da mesma empresa fizeram o valor da criptomoeda subir, cair e subir de novo.
E o que explica essa volatilidade tão grande?
Não existe uma entidade responsável por regular o bitcoin. Por isso, seu preço é formado, principalmente, pelo apetite das pessoas – e instituições – de comprar ou não a criptomoeda.
A questão é que esse apetite é diretamente influenciado por outros fatores, como notícias, comentários de pessoas ou organizações influentes e decisões governamentais.
Isso por si só não seria novidade – afinal, o mesmo pode ser dito por ações de empresas, certo? Mas o bitcoin tem um fator extra: ele é um tema extremamente “quente” no debate cultural hoje. Movimenta comunidades e fóruns de discussão online, tem diversos perfis dedicados a sua análise e é visto por admiradores como um ativo revolucionário.
As discussões em torno do bitcoin são extremamente acaloradas. E, em um mercado que se regula pela oferta e demanda, temas acalorados geram movimentações bruscas.
Um único comentário feito em uma rede social por alguém influente, por exemplo, tem o poder de aumentar ou diminuir o valor da moeda. Por isso, a cotação do bitcoin é tão volátil e não dá para cravar o que vai acontecer com ela. Os ganhos de quem investe podem ser altíssimos, mas as perdas também.
As cenas dos próximos capítulos dessa história, portanto, estão completamente abertas ao que vai acontecer em seguida. Algum sugestão?
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