Em 2020, o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) ganhou novas modalidades de saque, além do habitual – quando um trabalhador é demitido sem justa causa, por exemplo. Entre elas, o FGTS emergencial, que dá direito a até R$1.045 para qualquer um que tenha uma conta no Fundo de Garantia, e o saque-aniversário, que permite que o trabalhador retire um valor anual de sua conta, no mês de nascimento.
Como qualquer trabalhador com conta no FGTS pode fazer o saque, há pessoas com diferentes situações financeiras com direito a este dinheiro. E a melhor forma de usá-lo – guardar, investir ou quitar dívidas – depende do contexto de cada um.
Quitar dívidas com o FGTS
Em março de 2022, o percentual de famílias endividadas atingiu um recorde histórico de 77,5%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Este é o número mais alto desde janeiro de 2010, um indicativo claro do impacto da crise no bolso dos brasileiros.
Se você está nessa estatística, o FGTS deve, sim, ser usado para quitar suas dívidas – ou, ao menos, parte delas. Dívidas têm juros, o que significa que ficam mais caras a cada dia. Usar esse dinheiro para eliminá-las faz com que você se livre de um efeito bola de neve.
De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 15,9% dos débitos está entre R$500,00 e R$2.500,00. Ou seja: para mais de 46 milhões de pessoas, o valor liberado para saque do FGTS pode cobrir todas as dívidas ou boa parte delas.
O que realmente significa estar com o nome sujo e quais as consequências?
Por onde começar?
Comece listando o valor atual de cada dívida, quanto é cobrado de juros e de quando elas são. O ideal é priorizar aquelas com as maiores taxas – como as do cartão de crédito e do cheque especial, por exemplo – e as que venceram há muito tempo e cujo valor total é maior.
Também é importante negociar. Se você não vai conseguir quitar tudo, entre em contato com a empresa ou instituição financeira para a qual você deve e tente uma renegociação dos valores em atraso com a quantia que você tem em mãos. Tendo os valores e juros mapeados, fica mais fácil propor um acordo que esteja dentro das suas condições.
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Vale lembrar que o pagamento ou a renegociação da dívida já faz com que a empresa tire seu nome dos órgãos de proteção ao crédito.
Ninguém gosta de estar com contas atrasadas. Além daquela sensação ruim de ter um assunto pendente, isso se traduz em várias restrições para quem está com o “nome sujo“– como conseguir um empréstimo ou um cartão de crédito.
Por isso, quanto antes as dívidas forem quitadas melhor para sua saúde financeira.
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Guardar o valor do FGTS
Para quem não tem dívidas, ou consegue não gastar todo o FGTS com elas, vale a pena guardar a quantia para começar (ou aumentar) em uma reserva emergencial – aquele dinheiro separado para um imprevisto, como desemprego, emergência de saúde etc.
Lembre-se que deixar um valor parado – em conta corrente, por exemplo – nunca é uma boa ideia, já que nela o dinheiro não rende. Vale mais a pena colocá-lo em contas que oferecem ganhos maiores.
Mas é importante ficar atento: o dinheiro de uma reserva de emergência precisa estar facilmente disponível. Portanto, dê preferência para contas com liquidez diária ou imediata – aquelas em que você pode usar o dinheiro quando quiser, sem perder os rendimentos (como acontece com a poupança).
Investir o valor do FGTS
Se você não tem dívidas e já possui uma reserva de emergência, investir o valor sacado é uma opção.
O importante, neste caso, é pensar se há vantagem em tirar o valor do FGTS e colocá-lo em um investimento: o dinheiro vai render mais na aplicação? Vai ficar mais acessível do que no FGTS?
Atualmente, os valores parados Fundo de Garantia rendem 4,90% ao ano, mas não há liquidez – ou seja, esse dinheiro pode estar rendendo, mas o trabalhador só tem acesso a ele em situações muito específicas.
Vale dizer que cada tipo de aplicação tem seus próprios riscos, rendimentos e prazos. Basicamente, os produtos financeiros nos quais você pode investir se dividem em dois tipos — e os riscos variam entre eles:
Renda Fixa
Na Renda Fixa, a rentabilidade da aplicação é determinada desde o início, dando mais clareza de quanto o dinheiro irá render. Tesouro Direto, CDBs e LCAs são alguns dos mais conhecidos. Os investimentos em renda fixa podem ser de dois tipos:
- Prefixados – ou seja, em que é possível saber qual será o retorno no fim da aplicação, por exemplo, 6% ao ano.
- Pós fixados – quando o rendimento é atrelado a algum índice da economia e varia de acordo com suas oscilações. Por exemplo, um rendimento de 100% do CDI. Nesse caso, a pessoa sabe que seu dinheiro vai render conforme um indicador específico, mas muda sempre que o CDI for alterado.
Renda Variável
Os investimentos de renda variável têm taxas de retorno que se alteram conforme o tempo. Ou seja: a rentabilidade muda o tempo todo, o que significa que os riscos são maiores. Aqui, o retorno tende a ser maior, mas a possibilidade de perder também é aumenta.
Resumindo: não tem resposta certa para o melhor uso do FGTS. As dicas acima podem servir como guia, mas cada um deve analisar sua situação financeira atual para tomar a decisão mais acertada.
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