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PerifaCon 2022: como foi...

PerifaCon 2022: como foi a convenção geek das favelas, evento patrocinado pelo Nubank

Conhecida como a "Comic Con da quebrada", o evento recebeu mais de 10 mil visitantes na Zona Norte de São Paulo. O Nubank esteve por lá como apoiador e levou convidados especiais.



Depois de um hiato de dois anos em função da pandemia, a PerifaCon finalmente voltou. O evento, que já entrou no calendário da América Latina como a maior convenção de cultura nerd das favelas, realizou sua segunda edição no dia 31 de julho de 2022, na Fábrica de Cultura da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. 

O Nubank esteve na PerifaCon como patrocinador, levou convidados e participou de um painel sobre arte e tecnologia. Acreditamos na potência cultural que existe nas periferias, e que o acesso à cultura deve ser democratizado.

O retorno da PerifaCon foi uma vitória para Andreza Delgado, criadora do evento. “Significa muito jogar um holofote no que está sendo produzido na periferia dentro do universo geek, pop, game, e poder respirar aliviada. Então essa retomada também tem um gosto de ‘conseguimos, sobrevivemos’“. 

O pavilhão de 8 mil metros quadrados recebeu um público animado e diverso,  de todas as idades e regiões de São Paulo – a maioria vestindo roupas coloridas e temáticas, inspiradas nos quadrinhos, games e mangás favoritos de cada pessoa. As atrações do evento incluíram painéis, rodas de conversa, feiras literárias e shows, entre outras atividades

Gean Guilherme, artista convidado do Nubank, ao lado de visitantes da PerifaCon. Foto: Pedro Moleiro

Além do patrocínio, o Nubank também esteve presente em uma live pré-evento e em uma roda de conversa especial sobre o papel da arte e da tecnologia na construção de um novo futuro para pessoas periféricas. A seguir, você confere tudo o que rolou na PerifaCon. 

PerifaCon: um sonho coletivo

“A criação da PerifaCon é um sonho coletivo. Ela é uma potência que reúne muita gente”. A frase dita por Andreza Delgado, uma das fundadoras do evento, resume bem a importância da convenção para moradores de favelas, que dificilmente se veem representadas em espaços desenhados para o público geek. 

A ideia de fazer um evento dessa magnitude surgiu de uma demanda não atendida.

“A gente queria muito uma feira de quadrinhos na quebrada, porque nem todo mundo tem dinheiro para atravessar a cidade e ir nas grandes convenções.”

Andreza Delgado, criadora da PerifaCon

Foi aí que ela e outros seis amigos decidiram fazer algo a respeito. “Pensamos em reunir conteúdo geek, painéis, grandes marcas de streaming e editoras. Nisso, a gente acabou esbarrando no sonho de muita gente”. A ideia deu tão certo que, na primeira edição, realizada em 2018, o evento ultrapassou o público estimado e reuniu cerca de 7 mil pessoas. 

Andreza Delgado, criadora da PerifaCon. Foto: Pedro Moleiro

Neste ano, foram mais de 10 mil visitantes. A equipe interna também cresceu e empregou muita gente: mais de 300 profissionais trabalharam na organização do evento, que também envolveu artistas e editoras independentes que puderam expor e comercializar suas obras no local. “Isso é muito gratificante pois é fruto de um processo. A gente foi se profissionalizando enquanto a PerifaCon estava acontecendo”, ressalta Andreza. 

Contato com artistas e painéis de games: as novidades da segunda edição

Um grande diferencial desta edição foi a criação do Beco dos Artistas, uma área onde 60 artistas, ilustradores e designers de diferentes regiões do país puderam dialogar diretamente com o público enquanto vendiam seus trabalhos.

Um desses artistas é Mano Lima, de 20 anos, que saiu do bairro de Cidade Salvador, na periferia de Jacareí, para expor seus pôsteres e adesivos diante de um público ávido. 

“Agora mesmo ouvi as crianças dizendo ‘tio, sua arte é muito louca!’, ‘tio, essa menina se parece comigo’. Sair de onde eu moro, vir pra capital e ver as pessoas se reconhecendo no meu trabalho é uma experiência gratificante.”

Mano Lima, artista expositor na PerifaCon.

Quem também se sentiu em casa durante o evento foi a streamer Sher Machado, de 28 anos. Streamers são profissionais que fazem gravações e/ou transmissões ao vivo na internet. No caso da Sher, transmissões de partidas de jogos como League Of Legends. Ela atua na INTZ, uma das maiores organizações de e-sports do país, e venceu o prêmio de Melhor Streamer Feminina da CCXP 2022. 

A jovem apresentou o painel “O processo de construção da carreira de gamer”, que fazia parte da programação do “Game Perifa”, um espaço dedicado a discussões e troca de experiências sobre o universo dos jogos. Sher conversou com outras personalidades e narrou o caminho de sucesso que trilhou até agora. Uma mulher trans e negra, usou a oportunidade também para abrir questões que afetam sua comunidade dentro do meio gamer. 

“Nos games, quase não vemos pessoas trans, travestis e pessoas negras tendo destaque nas plataformas de streaming. As plataformas podem dar mais visibilidade para pessoas LGBTQIAP+. Quanto mais pessoas da comunidade tiverem visibilidade, mais coisas vamos alcançar”, diz ela.

O Nubank na PerifaCon

O Nubank esteve no painel “Arte, Território Digital, Futuro e Impacto”. Mediado por Andreza Delgado, criadora do PerifaCon, ele reuniu Yvone Delpoio, designer de produto do Nubank; Gean Guilherme, artista digital convidado pelo Nubank e criador do projeto Social Crypto Art, de venda de NFTs para angariar fundos a projetos sociais no Rio de Janeiro; a quadrinista paulistana Marília Marz; e o ilustrador carioca Calvet.

Da esquerda para direita: Marília Marz, Yvone Delpoio, Andreza Delgado, Gean Guilherme e Calvet. Foto: Pedro Moleiro

Durante uma hora, os cinco conversaram sobre o papel da tecnologia na construção de um novo futuro. Um futuro capaz de transformar a realidade de pessoas negras e periféricas em algo além da dor causada pelo racismo e pobreza. 

“Eu penso muito no futuro – tanto que começaram a me chamar de 2050. Isso é um pensamento de que as coisas podem mudar. Hoje, eu faço um trabalho com a juventude no Morro Santo Amaro pra encher a molecada de referência”, diz Gean Guilherme.

“Minha ideia é usar a tecnologia para pular um gap gigantesco que ela mesma criou.”

Gean Guilherme, artista e criador do Social Crypto Art

Já Yvone destacou a criatividade e potência de pessoas negras que vivem nas comunidades do Brasil, reforçando que a falta de acesso e oportunidades faz com que o país perca muitos talentos. “Estamos o tempo todo criando e recriando, mesmo sem ferramentas para isso. As ‘gambiarras’ que fazemos para criar o que não existe são uma espécie de tecnologia.”

“Imagina o que a gente poderia fazer se tivesse mais acesso? Existem muitas ideias nascendo nas comunidades, e o acesso ajuda tudo isso a ir para frente”, finaliza Yvone.

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