Imagine uns dias de descanso em algum lugar do mundo. Você está cercado por alguma paisagem que ama, como uma montanha, uma praia, uma cidade movimentada. De repente a criança chora, a outra fica doente, o passeio não agrada. Uma viagem em família é cheia de imprevistos diferentes daqueles enfrentados por quem viaja sozinho ou com amigos. E está tudo bem, porque essas questões cabem, de alguma forma, no seu planejamento.
Viajar é um dos objetivos mais comuns entre os brasileiros: 53% deles pretendem fazer uma viagem nos próximos meses, segundo uma pesquisa da Hibou, uma empresa de monitoramento de mercado e consumo. Entre os entrevistados, 40% afirmaram que preferem viajar com o companheiro ou a companheira, 31% preferem viajar com a família e 8% com os filhos. E 40% disseram que fazem um planejamento de três a seis meses antes de embarcar.
Para uma viagem em família, esse planejamento precisa encaixar as necessidades e vontades de cada um, sem que isso faça o orçamento explodir. Abaixo, entenda algumas estratégias e conheça histórias de quem tem experiência nessa organização.
Viagem em família: o que considerar no planejamento?
Existem fatores que devem ser colocados no papel e que são comuns a qualquer viagem, como local, clima do destino, meio de transporte, acomodação, alimentação, passeios e compra da moeda estrangeira. Mas para uma viagem em família, cada item precisa considerar as características do grupo.
Por exemplo: será que uma viagem de aventura, no meio da mata, ou uma viagem de compras faz sentido para uma criança pequena? Será que um destino focado em passeios gastronômicos é o grande sonho de um adolescente?
Entenda aqui como planejar financeiramente uma viagem
Por isso, esse planejamento passa por algumas fases. Confira os fatores que você precisa considerar que vão além do dinheiro.
Entenda o perfil e os gostos de cada pessoa da sua família
Conhecer as características de cada pessoa que vai fazer a viagem ajuda na hora desse planejamento. A technical writer Aasita Muralikrishna, de 42 anos, é casada e tem duas filhas, a Maya, de 8 anos, e a Surana, de 12. O grupo ainda não fez uma grande viagem em família, mas costuma testar roteiros para cidades e praias próximas a São Paulo, onde moram. E considerar os gostos das meninas representa boa parte desse planejamento.
“A gente pensa nas meninas em 90% do planejamento. Se não encontrarmos uma forma de entretê-las, é como se a viagem fosse um fracasso. A Surana, por exemplo, gosta de um lugar mais confortável e a Maya gosta de praia. Por isso, olhamos muito a estrutura do hotel, se tem área de jogos, brincadeiras, piscina aquecida e também olhamos os arredores. Tudo precisa ser perto da praia, para numa emergência a gente conseguir voltar para o hotel rápido”, conta.
Além de facilitar as escolhas dos destinos, e até evitar brigas, entender as características de cada pessoa pode deixar a viagem também mais divertida.
Detalhe o orçamento da viagem e quem vai participar do rateio
“Quando a gente fala de planejamento familiar, é preciso conversar e saber quanto o outro ganha e gasta. Se a família tem essa visão completa do orçamento, fica mais fácil criar um planejamento para uma viagem em família”, explica Marlon Glaciano, especialista em finanças e planejador financeiro.
Para ele, é preciso considerar quem vai bancar o passeio: só os pais ou tem algum filho que trabalha e pode contribuir? Esses pontos precisam ser definidos no começo do planejamento, antes mesmo da escolha dos destinos.
Outra decisão é sobre o dinheiro disponível para as crianças. “A viagem pode ser um momento divertido para ensinar sobre gerenciamento do próprio dinheiro”, afirma Viviane Ferreira, planejadora financeira. Ela dá algumas sugestões de como fazer isso:
- Disponibilize um valor para as crianças gastarem na viagem: assim, os filhos têm um dinheiro só deles, para gastarem como quiserem, mas os pais precisam explicar que esses recursos precisam durar até o fim do passeio;
- Sugerir que eles guardem um percentual da mesada ou semanada: essa opção funciona melhor para as crianças mais velhas. Antes do planejamento da viagem, os pais pedem para que os filhos reservem uma parte dos valores que eles recebem ao longo do ano para gastar no destino. Se não fizerem isso, não terão recursos extras.
Aasita usa as duas estratégias com as filhas. “A gente tenta inserir a conversa sobre o dinheiro aos poucos. Damos mesada para as duas e cada uma tem uma Caixinha do Nubank – a cada R$ 40 que elas me dão da mesada para eu depositar, coloco outros R$ 10 e estou sempre mostrando o saldo e o rendimento. Durante a viagem, falamos para elas usarem o dinheiro que já recebem e às vezes damos algum extra para usarem como quiserem. Tentamos, com isso, explicar o valor das coisas”, conta.
Busque detalhes sobre a estrutura do destino, principalmente se tiver crianças pequenas
Thays Borin, de 33 anos, é casada e mãe do Ian. A criança tem apenas um ano, mas já viajou para diferentes estados do país e tem no currículo de pequeno viajante um destino internacional: a Colômbia. Ela e o marido já tinham o costume de viajar, mas com o Ian, Thays percebeu a diferença que é viajar em família.
“Antes éramos muito mais flexíveis. Eu não gostava muito de criar roteiro, era perrengue atrás de perrengue. Agora preciso ter um planejamento para reduzir os riscos. Com criança a atenção é maior, a preocupação é maior, precisa gerenciar tempo. Na Colômbia, ele ficou até doente e a gente teve que se adaptar. As adaptações, aliás, são constantes, desde a parte de alimentação, do avião, dos passeios”, conta.
É por isso que ela busca entender se a estrutura do destino e os passeios possíveis atendem às necessidades do pequeno Ian. Essas adaptações também precisam ser refletidas no roteiro. “Com uma criança pequena, não dá para passear o tempo todo. Precisa ter hora para voltar, considerando a rotina dele de sono, de alimentação. Não deixamos de fazer as coisas, mas elas precisam ser pensadas para ele”, conta Thays.
Nesse planejamento, dependendo da idade das crianças, detalhes fazem a diferença. Por exemplo: o horário do voo vai afetar a rotina de sono? O hotel tem elevador para subir com carrinho de bebê? A varanda do quarto é segura para crianças pequenas? Tem um cardápio flexível para elas? Há farmácias e hospitais próximos?
“Gostamos de voos noturnos, porque ele dorme. Buscamos o máximo de informações sobre os passeios e costumamos fechar com antecedência, mas precisa ter flexibilidade, porque só vai dar mesmo para saber se esse passeio é bom e seguro para o seu filho no local mesmo. Não dá para planejar tudo, mas conversar com as pessoas locais, principalmente se forem pais, ajuda muito”, afirma Thays.
Inclua as crianças nas decisões sobre a viagem, se possível
Essa etapa é fundamental, mas só é possível para as crianças que já são um pouco mais velhas, com algum entendimento sobre o valor das coisas. Segundo Viviane Ferreira, incluir os pequenos no planejamento é importante para alinhar as expectativas de toda a família e equilibrar as vontades. Depois de entender os gostos e as prioridades de cada um, definir um orçamento e um destino, de acordo com essas necessidades, é hora de detalhar o roteiro. E é nessa fase que as crianças podem ser incluídas.
“É claro que a criança não vai decidir a viagem, mas os pais podem conduzir a partir de opções. Fazer uma pré-seleção de atividades e até mesmo de destinos pode ser uma estratégia. Também vale perguntar o que elas gostariam de fazer no local que você já escolheu, deixar que elas decidam as atividades de um dos dias da viagem. Ao fazer isso, a criança exercita o processo de decisão e começa a entender, na prática, que quando ela escolhe uma coisa, ela não vai ter a outra, e que está tudo bem”, explica a planejadora.
Um dos cuidados na hora de envolver os pequenos no planejamento é calibrar as expectativas.
“Se você não tem muita margem financeira, faz sentido mostrar duas opções para a criança escolher uma, mas se você tem tempo e capacidade financeira, dá para envolver mais. O cuidado é não deixar a criança sonhar muito e depois tirar isso dela. Viagem tem muita carga emocional.”
Marlon Glaciano, planejador financeiro
Para ele, vale dar pequenas tarefas que ajudem no planejamento, como pesquisa de passeios, desde que a criança já consiga entender melhor o que está fazendo. É por isso que é importante que até elas entendam a capacidade financeira dos pais.
Crie regras para evitar conflitos
Tentar atender às expectativas e vontades de todo mundo em uma viagem em família é praticamente impossível, mas criar regras pode ajudar, principalmente se existirem crianças envolvidas.
“Combinados e negociações fazem parte. Fazer uma coisa importante para cada um e definir um dia específico para cada criança podem ser boas estratégias.”
Viviane Ferreira, planejadora financeira
Na hora de equilibrar os gostos das duas filhas, Aasita deixa uma regra clara: se a vontade de uma foi atendida agora, a próxima vez é da outra criança. “A gente mostra opções de passeios e elas escolhem. E quando atendemos uma, a outra escolhe da próxima vez. Sempre tem a briga entre as irmãs, e o que a gente costuma fazer é relembrar o que aconteceu da última vez e reforçar que as duas são atendidas, mas em momentos diferentes”, diz.
Tenha paciência e flexibilidade
Para atender as expectativas de todo mundo, o planejamento da viagem em família precisa começar cedo. “Assim, você tem mais tempo para o diálogo. É preciso ouvir todo mundo, ceder e ser flexível”, afirma Marlon.
Essa flexibilidade também vale durante a viagem. “Planejamento é importante, mas você precisa ter muito mais paciência, porque em família as coisas têm outro tempo”, acredita Thays Borin. “Na viagem para a Colômbia, fomos a uma praia, mas não deu muito certo. Voltamos e ficamos o dia todo na piscina do hotel e foi demais. No fim, o importante é termos momentos incríveis juntos”, diz ela.
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