Se quando você pensa sobre o que são ações, imagina poucos investidores nadando em rios de dinheiro, uma sala cheia de monitores com setas e números e homens engravatados gritando no telefone, saiba que a realidade é um pouco diferente da ficção.
Em 2019, a B3 (Bolsa de Valores do Brasil) bateu pela primeira vez 1 milhão de pessoas físicas investindo na Bolsa. Desde então, esse número cresceu em alta velocidade: em junho de 2021, foram quase 3,8 milhões de investidores, um crescimento de mais de 50% em 12 meses.
Ainda é um número pequeno se comparado com outros países, mas já traz uma mudança importante na forma como as pessoas pensam nos seus investimentos.
Se, antes, termos como “ação ordinária” e “mercado secundário” estavam restritos a um pequeno grupo de investidores, aos poucos eles começam a entrar no vocabulário (ou nas buscas) de um número cada vez maior de brasileiros.
Mesmo para quem acha que não tem o perfil, entender o que são ações é essencial para tomar melhores decisões e os maiores cuidados quando o assunto é seu dinheiro.
Leia mais: Guia prático para começar a investir na Bolsa
O que são ações?
Se uma empresa fosse um bolo, as ações seriam pequeninas fatias que podem ser compradas por qualquer pessoa interessada em ter seu pedaço do doce. Ou seja, comprar uma ação significa virar dono daquele pedacinho da empresa.
Para isso acontecer, a empresa precisa ser uma Sociedade Anônima de Capital Aberto e estar devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão estatal responsável por regular e fiscalizar o mercado de valores mobiliários brasileiros.
Leia mais: O que saber antes de investir em ações
O que é a Bolsa de Valores?
As ações de uma empresa são comercializadas na Bolsa de Valores, um mercado onde são negociados títulos emitidos por companhias de capital aberto e outros ativos. De forma geral, essa é uma maneira de captar dinheiro para investir no negócio e elevar o valor de mercado da empresa.
Quem compra uma ou mais ações de uma empresa se torna sócio do negócio. Com isso, o acionista ganha direitos e deveres sobre a companhia, incluindo receber parte de seus lucros (chamados de dividendos).
Como os negócios são bastante dinâmicos, entretanto, a empresa pode perder valor de mercado. Caso isso aconteça, o preço das ações cai e o acionista pode perde dinheiro se vender seus papéis nessa época.
Por causa dessa volatilidade (não dá para afirmar se os preços de uma ação vão subir ou cair ao longo do tempo, por exemplo), as ações são um tipo de renda variável.
É por isso, também, que elas são consideradas um investimento de risco: é preciso estar pronto para ganhar ou perder dinheiro com ações.
Como funciona o mercado de ações?
Basicamente, o mercado de ações é dividido em dois: Mercado Primário e Mercado Secundário.
Mercado Primário
No Mercado Primário, são comercializadas as ações emitidas na oferta pública inicial da companhia (conhecido como IPO, é o momento em que a empresa entra na Bolsa de Valores) ou em emissões posteriores (chamadas de follow ons).
Nesses momentos, o dinheiro arrecadado com a venda das ações é repassado à empresa – que pode utilizá-lo para desenvolver o negócio, investir em novos produtos, expandir internacionalmente, entre outras ações.
Mercado Secundário
Depois que as ações foram comercializadas num IPO ou em follow ons, só é possível comprar ou vender esses papéis no Mercado Secundário, responsável por fazer a negociação entre investidores.
Funciona assim: o acionista interessado em vender suas ações entra em contato com a corretora de valores – que, então, fica responsável por vendê-las às pessoas interessadas.
De forma geral, quanto mais pessoas interessadas em comprar os papéis de uma empresa, mais caras elas ficarão – e vice-versa.
Quais são os tipos de ações que existem?
Além de entender o que são ações, é importante saber também quais são os tipos de ações que existem negociadas na Bolsa. Existem várias classificações: as mais conhecidas são ações ordinárias (ON), ações preferenciais (PN) e units.
Ações Ordinárias (ON)
As ações ordinárias dão direito a voto nas assembleias gerais e participação nas decisões das empresas. Isso não significa, entretanto, que pequenos investidores que possuem uma ON têm o mesmo peso nas decisões do que grandes acionistas.
Na Bolsa de Valores, essas ações são indicadas com o número 3 depois das letras que representam o nome da empresa no código de negociação.
Ações Preferenciais (PN)
Já as ações preferenciais não dão poder de voto nas assembleias, mas oferecem preferência em caso de distribuição de lucros e compensações.
Se uma empresa distribui dividendos, por exemplo, os acionistas preferenciais recebem os lucros primeiro. Em caso de falência, eles também serão compensados primeiro.
Na Bolsa, as PN geralmente recebem o número 4 após as letras. Algumas também podem ter subdivisões, como de Classe A (finalizadas com o número 5) e de Classe B (terminadas com o número 6).
Units
Além das ações ordinárias e preferenciais, também existem as chamadas units – representadas pelo número 11 no código de negociação.
As units são um ativo composto: quando uma pessoa compra uma unit, ela está comprando ações de diferentes tipos num único pacote. Ela pode ser composta por duas ações preferenciais e uma ação ordinária, por exemplo.
Outras classificações
Além dos diferentes tipos de ações, também existem diferentes classificações que o mercado usa de acordo com o nível de liquidez e capitalização dos papéis.
Blue chips
É o crème de la crème das ações: as blue chips são ações das maiores companhias da Bolsa, ou seja, as empresas com maior capitalização. Por conta disso, elas têm um grande volume de negociações e muitos vendedores e compradores negociando seus títulos.
De forma geral, são ações com alta liquidez (ou seja, vendidas com mais facilidade), que pagam maiores dividendos e de empresas mais consolidadas.
Mid caps
Já as mid caps são ações de empresas de médio porte que estão num nível intermediário de negociação. Por isso, podem ter maior ou menor liquidez – dependendo do desempenho da empresa, do momento do mercado em que atuam etc.
Como são empresas com potencial de crescimento, seus papéis podem ter uma valorização maior que os das blue chips. Ao mesmo tempo, podem se desvalorizar mais.
Antes de investir em mid caps, é importante pesquisar bem sobre a empresa e fazer uma análise do mercado para entender se é uma boa opção.
Small caps
As small caps, por sua vez, são ações de empresas com capitalização menor – e, consequentemente, liquidez mais baixa.
Por conta disso, o valor dos papéis também é mais baixo, o que pode gerar uma rentabilidade maior caso as ações valorizem.
Da mesma forma que as demais, antes de investir em small caps é preciso fazer uma análise cuidadosa para avaliar os riscos. A B3 tem uma lista de suas empresas consideradas small caps que pode ser consultada.
Como é a tributação de ações?
Quem investe em ações precisa ficar atento aos tributos. Seja para as operações normais (em que a venda dos papéis não acontece no mesmo dia da compra), seja para as day trade (quando a venda é feita no mesmo dia da compra), a apuração e o recolhimento do Imposto de Renda é de responsabilidade do investidor.
Quando há lucro, o imposto precisa ser pago até o último dia útil do mês seguinte à operação. Caso haja prejuízo, eles podem ser compensados com lucros no mesmo mês ou nos meses seguintes – desde que referentes ao mesmo tipo de operação.
Para operações normais, a alíquota de Imposto de Renda é de 15% sobre o lucro líquido. Já para day trade, é de 20%. Essas alíquotas do Imposto de Renda se aplicam a qualquer tipo de investidor, exceto:
- Operações normais: investidores PF não precisam pagar imposto quando o valor total da venda das ações no mercado a vista não for superior a R$20.000 no mês. Além disso, investidores que negociarem certas ações listadas no segmento Bovespa Mais estarão isentos do IR até 2023;
- Day trade: investidores PF que negociarem ações listadas no segmento Bovespa Mais (benefício disponível até 2023).
Existe um perfil de investidor para ações?
Segundo um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 3% dos brasileiros que guardam dinheiro investem em ações.
Como esse é um investimento de renda variável, é preciso estar disposto a correr o risco de perder dinheiro. Mas, apesar do que muita gente acredita, não é preciso ser milionário para investir em ações – com poucos reais, é possível comprar papéis no Mercado Secundário.
Entender os riscos é sempre muito importante, e começar aos poucos é uma boa forma de ir aprendendo com as oscilações.
Como investir em ações?
Para investir em ações, é necessário:
- Definir seus objetivos;
- Abrir uma conta de investimentos em uma corretora;
- Escolher as ações com base no seu perfil de investidor e objetivos;
- Enviar seu pedido de compra por meio da corretora;
- Acompanhar o desempenho de suas ações para saber a hora de vender.
Antes de investir em ações, entretanto, é importante estudar bastante sobre investimentos e entender qual seu perfil. Abaixo, veja alguns conteúdos que podem ajudar:
- O que é investimento e como começar a investir;
- Investimentos em renda variável: o que são?
- O que é a Bolsa de Valores e como ela funciona
E evite cometer estes três erros ao investir na Bolsa
Segundo a própria B3, quem está começando a investir na Bolsa deve evitar alguns comportamentos:
- Comprar ações de uma empresa antes de pesquisar sobre ela;
- Avaliar uma ação considerando apenas seu preço inicial;
- Deixar-se levar pela opinião de quem não é especialista.
Confira cada um com mais detalhes
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